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Economia deve seguir sendo dor de cabeça para campanha de Bolsonaro

O Brasil sob Bolsonaro é tudo menos normal

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Dinheiro, Economia, Bolsa de Valores, Real, aumento, Baixa, money, gráficos - Foto: Michael Melo/Metrópoles
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Editorial de O Globo (30/6/2022)

Faltando pouco mais de 12 semanas para as eleições, é cada vez menor a chance de o presidente Jair Bolsonaro receber um empurrão da economia. O acumulado da inflação em 12 meses segue em dois dígitos (12% em junho), e não será surpresa se chegar a outubro assim. É pouco provável que o desespero de Bolsonaro para baixar o preço dos combustíveis, ainda que de forma artificial e semeando ruína, resulte em alívio para a população.

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Nem mesmo a permissão para o saque extraordinário de até R$ 1 mil do FGTS e a antecipação de 13º salário a aposentados e pensionistas do INSS, duas das poucas medidas sensatas adotadas pelo governo neste ano, deverão ter o efeito esperado. Um levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) revelou que 67% dos consumidores dizem que usarão esses recursos para quitar dívidas ou poupar.

Nenhuma das opções é motivo para otimismo. Entre os mais pobres, famílias com ganho mensal abaixo de R$ 2.100, é maior o percentual dos que pretendem pôr as contas em dia. Entre os mais ricos, com renda acima de R$ 9.600, a maioria diz que guardará o dinheiro, sinal de preocupação com o futuro.

Bolsonaro pode tentar culpar a guerra na Ucrânia e a alta do barril do petróleo, mas a inflação já vinha alta antes de os tanques russos invadirem o país. Dois fatores ligados ao presidente contribuíram para isso. Primeiro, a mania de gastar energia em brigas quase diárias com inimigos imaginários, em vez de usá-la para governar. Isso sempre foi fator de instabilidade, comprovável na depreciação do câmbio, que encarece os produtos importados. Segundo, o casamento com o Centrão aumentou os gastos do governo, também pressionando os preços.

O Banco Central começou a subir os juros na tentativa de segurar a inflação em março do ano passado. De lá para cá, houve 11 anúncios consecutivos para cima até chegar aos 13,25% atuais. É possível que em agosto a taxa aumente um pouco mais. Com Bolsonaro fazendo anúncios de “pix caminhoneiro” e aumento do Auxílio Brasil, sabe-se lá onde vai parar o ciclo de alta do Banco Central.

Parte dos saques do FGTS e da antecipação do 13º salário é destinada ao consumo e tem efeito positivo na atividade econômica. O problema é o tamanho do impacto. Em tempos normais, com um presidente minimamente sensato e competente, seria possível imaginar que os brasileiros mais pobres, uma vez quitadas as dívidas, voltassem ao mercado em busca de novos empréstimos para fazer compras, e os mais ricos, com o dinheiro extra, não adiassem mais planos de adquirir produtos e serviços. Só que o Brasil sob Bolsonaro é tudo menos normal. Com a taxa de juros nas alturas e subindo, obter crédito ficou mais difícil. Com um presidente dando sinais públicos de querer atacar o resultado da eleição em caso de derrota, até os mais abastados estão receosos.

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