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Colômbia pode eleger populismo de direita

A direita tradicional já acenou apoio a Rodolfo Hernández

atualizado

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Candidato à Presidência da Colômbia Gustavo Petro
1 de 1 Candidato à Presidência da Colômbia Gustavo Petro - Foto: Getty Images

Os eleitores colombianos decidiram pela mudança e afastaram a direita tradicional do segundo turno das eleições presidenciais. De um lado, o progressista Gustavo Petro, 62, ex-prefeito de Bogotá, que obteve 40% dos votos. Do outro, o empresário Rodolfo Hernández, 77, candidato da extrema-direita e ex-prefeito de Bucaramanga, que alcançou 28%.

O grande derrotado foi Federico “Fico” Gutiérrez, que tentou usar uma imagem independente, mas teve apoio do urubismo e acabou sendo a cara do continuísmo. As últimas pesquisas antes do pleito mostravam um forte crescimento de 7% de Hernández, mas apontavam ‘Fico”  no segundo turno -– 27% a 21%, segundo pesquisa Invamer. Em uma semana o populista virou, e Federico ficou com 23,9% dos votos

Ao reconhecer a derrota “Fico” prontamente declarou seu apoio a Hernández. E a direita, que estava rachada durante toda a campanha, agora se une ao empresário da construção civil. Se Gustavo Petro alcançou seu teto de 40%, vai ser muito difícil vencer, e a Colômbia pode repetir o Brasil e eleger um presidente sem projeto e com discurso antissistema, com uma campanha de intensa presença nas redes sociais, em que vende-se com uma pessoa espontânea, que diz o que pensa.

A única experiência política de Hernández foi a prefeitura de Bucaramanga, cidade de 500 mil habitantes ao nordeste país. Apesar do discurso contra corrupção, ele tem algumas denúncias nos ombros e em julho terá que responder judicialmente por desvios em um contrato de obras de saneamento. Tem várias sanções disciplinares decretadas pela Procuradoria-Geral do país. Dizendo sofrer perseguição política, renunciou ao cargo em 2019.

“Queremos mudanças ou um suicídio?”, perguntou Petro em seu discurso após as urnas confirmarem sua presença no segundo turno, em sua terceira candidatura à Presidência. Em 2010 teve 9% dos votos. Em 2018, alcançou 25%. Hoje, tem ao seu lado muitos movimentos sociais de trabalhadores, feministas e negros – sua vice é Francia Márquez, a primeira mulher negra e de origem pobre candidata em uma chapa competitiva. No projeto político de Petro, programas sociais, reforma agrária e mudanças na exploração de petróleo.

Pesa contra Petro o imaginário violento da esquerda associado às FARC e seu passado no M-19, movimento de guerrilha urbana composto por estudantes de classe média nos anos 70. Entretanto, são muitos anos moderando seu perfil e a radicalização ou qualquer associação com Maduro ou Cuba passam longe de seu discurso. Tanto que anunciou que, se eleito, colocará a Economia nas mãos de José Antonio Ocampo, ex-secretário executivo da Cepal.

O segundo turno acontece no dia 19 de junho. E o país vai escolher entre um progressista com discurso de mudanças estruturais e um empresário de extrema direita que promete acabar com corrupção. Boa sorte Colômbia.

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