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“Bolsonaros”: sem máscara no Rio, máscara em Quito­ (Vitor Hugo)

Efeito da política, da campanha, da nova diplomacia ou da super lua de maio?

atualizado

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Igo Estrela/ Metrópoles
presidente jair bolsonaro durante lançamento do Programa Gigantes do Asfalto no palácio do Planalto
1 de 1 presidente jair bolsonaro durante lançamento do Programa Gigantes do Asfalto no palácio do Planalto - Foto: Igo Estrela/ Metrópoles

O que pretende, afinal, o presidente Jair Bolsonaro com a duplicidade de caras, comportamentos e ações contraditórias adotadas neste final do mês de maio? Domingo, 23, no Rio de Janeiro, o ocupante do Palácio do Planalto comportou-se como um tipo transgressor, ao estilo da “juventude transviada” do final dos Anos 50 e começo dos Anos 60 em Copacabana ou na Barra da Tijuca. Um James Dean caricato, fora de tempo e de lugar. Sem máscara, em ajuntamento em dias de nova onda da Covid-19, a pandemia que já ceifou mais de 450 mil vidas no País.

O capitão presidente – acompanhado do general da ativa do Exército e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sob suas asas e comando – promoveu moto-passeata e comício na Cidade Maravilhosa. Discursou e fez o oficial militar falar. Fez ameaças inconstitucionais, sob mal disfarçado esquema de segurança policial – secreto e ostensivo – que até expulsou equipe de imprensa no exercício profissional na cobertura factual.Tudo pago com dinheiro do Erário, Fato classificado de “obsceno” pelo diário britânico The Guardian.

No dia seguinte, porém, de máscara bem aprumada no rosto, impecavelmente vestido de acordo com os ritos inerentes a um chefe de Estado, ou elegante rapaz de “boa família”, das peças teatrais de Nelson Rodrigues, Bolsonaro desembarca no aeroporto de Quito, para participar, ao lado do rei Felipe, da Espanha, e de outros colegas de mando, da solenidade de posse do novo presidente do Equador, Guilhermo Lasso. Tudo de acordo com o ritual e normas de praxe em situações deste tipo, sobretudo em tempo de catástrofe sanitária mundial.

Neste caso, o estranho, e que chama a atenção e requer análise mais aprofundada – do ponto de vista político, jornalístico e psico-social – é o que se poderia chamar de dupla personalidade: uma das desordens na moto-passeata do Rio, e outra, de “compenetrado” das solenidades em Quito. Há quem diga que a mudança decorreu dos novos ares diplomáticos que se respira no Itamaraty desde a demissão do ex-chanceler Ernesto Araújo. Pode ser, mas não custa duvidar, ser cético como requer o caso. Principalmente jornalistas, interessados em Sua Excelência o Fato e a gente da política, do poder e do marketing, que pretende enfrentar, em 2022, o candidato palaciano à reeleição já em campanha. Na “esquerda”, no “centro” ou na terceira via.

Os de domingo, no Brasil e da segunda-feira, no Equador, foram exemplos de transformação relâmpago e surpreendente até mesmo para os mais camaleônicos dos seres: daqueles que ilustravam casos jurídicos, nos livros e nas aulas de Penal, do mestre ex-presidente da seccional baiana da OAB e membro brilhante do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Thomas Bacellar, de quando estudei na Faculdade de Direito da UFBa.

No tempo que passou em solo estrangeiro, o presidente Bolsonaro usou máscara: no desembarque e nos eventos oficiais dos quais participou, na posse do presidente Lasso, conservador de direita vencedor das eleições no país da América Central. Ao se preparar para a cerimônia oficial de despedida de Quito, num impasse discutido com assessores, o mandatário falou que precisava usar máscara, senão estava “dando mau exemplo”. Efeito da política, da campanha, da nova diplomacia ou da super lua de maio? Responda quem souber.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail:vitors.h@uol.com.br

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