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Brasília 60 anos: pioneiras escrevem cartas para si mesmas

Mulheres que vivem na capital federal desde a década de 1960 abrem baú de memórias e fazem confidências as suas “versões” mais jovens

atualizado

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Arquivo pessoal cedido ao Metrópoles/ Mercedes Urquiza
Mercedes Urquiza, pioneira, no 28°andar do Congresso. com o Palacio do Planalto em obras aos pés
1 de 1 Mercedes Urquiza, pioneira, no 28°andar do Congresso. com o Palacio do Planalto em obras aos pés - Foto: Arquivo pessoal cedido ao Metrópoles/ Mercedes Urquiza

Nada dá mais sentido à existência humana do que a memória. No dia em que Brasília completa 60 anos, o Metrópoles convida pioneiras da cidade a abrirem seus baús de recordações. Com carinho e afeto, elas relembram os primeiros dias na capital federal sob uma ótica diferente. Escrevem cartas a si mesmas, como quem volta no tempo para agradecer pela coragem de ter arriscado.

Deixar a terra natal e partir rumo ao desconhecido, mudando o curso da própria vida. Hoje, chamamos de empoderamento, ousadia, atitude. Antes, talvez, soasse como loucura. Para elas, porém, o ímpeto falou mais alto. A vontade de desbravar venceu. Ainda bem.

A quem eram em 1960, relembram o que as marcaram desde a chegada ao Planalto Central. Seis décadas que, para muitas delas, passaram em um instante. Em um resumo de toda a vida, a mensagem: Brasília é mais que ferro e concreto. O quadradinho do Distrito Federal pulsa. Fotógrafas, psicólogas, escritoras, empresárias. Com a palavra, bravas brasilienses.

Elvira Barney

A mineira Elvira Barney, de 81 anos, veio à nova capital do país, berço de sonhadores, aos 22 anos, com apenas 10 dias de casada. A mudança foi motivada pelo trabalho do marido, o arquiteto colombiano César Barney, que ajudou a erguer o sonho profético de Dom Bosco.

Aqui, além de constituir família, Elvira atuou como promotora de eventos e escreveu o livro Mulheres Pioneiras de Brasília, lançado em 2001 pela editora Thesaurus. A publicação foi um marco na sociedade brasiliense e ainda hoje é lembrado com extremo carinho por seu simbolismo histórico.

Carta de Elvira Barney
Elvira Barney veio à nova capital do país aos 22 anos, com apenas 10 dias de casada
Maria Inês Fontenele Mourão

Maria Inês Fontenele Mourão tinha 24 anos quando chegou em Brasília, no ano de sua inauguração. Veio recém-casada do Rio de Janeiro e, apesar, do cenário inacabado com que se deparou, lembra com alegria do dia de sua chegada: “Estava feliz e cheia de esperanças para começar minha vida aqui”.

Foi uma das primeiras professoras da rede pública de ensino, onde lecionou durante 15 anos; a primeira mulher a se tornar direta da Associação Comercial do DF e fundou a Associação de Mulheres de Negócios e Profissões Liberais no Brasil.

Aos 82 anos, é mãe de quatro filhos. Entre elas, Tânia Fontenele, 44 anos, historiadora que estuda as mulheres pioneiras da capital.

Carta Maria Inês Fontenele Mourão
“Estava feliz e cheia de esperanças para começar minha vida aqui”, relembra Maria Inês Fontenele Mourão
Marta Cury

Sentimentos nobres, gratidão e entusiasmo. É assim que Marta Cury se refere à Brasília, cidade que a acolheu desde antes da inauguração. Depois de chegar ao Planalto Central vinda de Anápolis, a psicóloga adaptou-se à nova cidade e, aqui, geriu negócios em parceria com o marido, o pioneiro Lindberg Cury.

Esteve presente em várias instituições, como Associação Comercial do Distrito Federal e a Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais no Distrito Federal. Mãe de três filhos e avó de nove netos, “Martinha” é sempre lembrada nas homenagens às pioneiras da cidade devido ao jeito doce, mas firme, com que toca a vida e os negócios.

Carta Marta Cury

Moisés Amaral/Metrópoles
Marta Cury fez história na capital federal
Mercedes Urquiza

Vinda de Buenos Aires, na Argentina, Mercedes Urquiza chegou à capital junto ao marido, Hugo Maschwitz. O ano era 1957. Em 1962, o casal fundou a primeira agência de viagens da cidade no recém inaugurado Hotel Nacional, abraçando definitivamente o ramo do turismo. Em 2018, essa aventura foi contada por Mercedes no livro A Trilha do Jaguar: na Alvorada de Brasília.

Carta Mercedes Urquiza
Mercedes Urquiza chegou à capital junto ao marido, Hugo Maschwitz, em 1957

 

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