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Pacientes com HIV ganham o primeiro guia de vacinação exclusivo

População que convive com o vírus da Aids têm mais riscos de contraír infecções em suas formas graves. O guia, feito pelas Sociedades Brasileiras de Imunizações e de Infectologia, será lançado esta semana

atualizado

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vacina médico injeção
1 de 1 vacina médico injeção - Foto: iStock

“As suas vacinas estão em dia?”. Diante da pergunta do médico, quase todo mundo responde “sim”. A frase que vem a seguir é que deixa de cabelos em pé o especialista: “Minha mãe sempre me levava no postinho de saúde”.

Se você tem idade suficiente para dirigir e se identifica com essa resposta, é bem provável que seu cartão de vacina não esteja atualizado. Segundo os especialistas, há buracos na adesão à imunização em todas as faixas etárias – adultos principalmente. A situação é grave para todo mundo. Para os pacientes com HIV/Aids que, por serem imunodeprimidos estão mais suscetíveis a complicações por infecções, é ainda pior.

Pensando nisso, eles ganharam um guia especial. Esta semana, durante a 18° Jornada Nacional de Imunizações, em Belo Horizonte, as Sociedades Brasileiras de Imunizações e de Infectologia lançam juntas o primeiro guia de vacinação para pacientes soropositivos. Até então, eles seguiam o calendário comum, de acordo com a sua idade.

A ideia é que, além de orientar os pacientes, o guia sirva de estímulo também aos médicos. “A literatura médica mostra que o fator mais importante para que o paciente tome a decisão de se vacinar ou não é a prescrição médica, por isso é muito importante que o médico que o acompanha esteja ciente das vacinas necessárias”, explica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.

A expectativa é que, com a vacina em dia, o número de internações por complicações decorrentes de doenças preveníveis com vacina, como a gripe, diminua. Para a hepatite B, por exemplo, que tem vacina gratuita disponível no SUS para todas as faixas etárias, só um terço dos soropositivos recebeu pelo menos uma dose.

Sabemos que é um grupo de risco e uma infecção pode botar tudo a perder.

Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações

De graça
As vacinas para os pacientes HIV/Aids são as mesmas de qualquer adulto, com a ressalva de que uma infecção a princípio simples pode ser fatal para esses pacientes. Tanto que o Ministério da Saúde disponibiliza de graça para esses pacientes vacinas que hoje só estão disponíveis na rede privada. É o caso da proteção contra o HPV que existe no SUS para meninas de 9 a 13 anos, mas está disponível para mulheres com HIV até os 26 anos.

O próximo passo é pressionar para que a vacinação seja ampliada também para os homens — eles, assim, como elas, também devem se proteger contra o papilomavírus humano. “Para o HPV, só de 30% a 40% das mulheres com HIV estão vacinadas. E ela é de graça para essas pacientes. Então está claro que a indicação da vacina não está acontecendo”, diz Ballalai.

 

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Fique de olho:

  • Influenza (gripe): Pacientes soropositivos têm maior risco de quadros graves, prolongados e de morte em decorrência da infecção.
  • Doença pneumocócica: A bactéria Streptococcus pneumoniae, maior causadora de pneumonia na comunidade, mata cerca de 1,6 milhão de pessoas todos os anos. A incidência de doença pneumocócica invasiva é 100 vezes maior em pessoas com HIV/Aids.
  • Hepatite B: Pessoas HIV/Aids têm risco dobrado de morrer por hepatite B e até 370 vezes mais chances de contrair a forma aguda da doença, segundo dados norte-americanos.
  • HPV: A incidência de HPV e de lesões pré-cancerígenas nas mulheres soropositivas é maior que nas que não convivem com o vírus. Entre os homens, estudos africanos apontam que a incidência de infecção por HPV no pênis é quase duas vezes maior nos homens com HIV.
  • Herpes zóster: Pacientes HIV/Aids têm entre 12 a 17 vezes mais riscos de desenvolver a doença, com maior chance de episódios graves.
  • Doença meningocócica: Segundo uma pesquisa realizada em Nova York, homens com HIV/Aids que fazem sexo com outros homens têm até 10 vezes mais chances de contrair doença meningocócica invasiva.

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