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Quarta dose: até quando os reforços contra Covid serão necessários?

Doses de reforço são imprescindíveis para conter a circulação da Ômicron e garantir que a doença se torne endêmica

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Com a disseminação da variante Ômicron, que tem potencial de transmissão e reinfecção maior, o reforço da vacina contra Covid-19 tornou-se ainda mais importante. Especialistas indicam o fim da pandemia implica necessariamente a adesão da população às novas doses do imunizante.

Epidemiologista e professor do Departamento do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), Antônio Condino Neto explica que as doses de reforço farão parte do nosso futuro. “Sem elas, é muito perigoso contrair a infeção e ter complicações.”

De acordo com o especialista, a grande questão ainda é saber quantas aplicações do fármaco serão necessárias para tornar a infecção endêmica. Na dúvida, o professor frisa que quanto mais doses administradas, mais protegida a população estará.

Um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, constatou que as doses de reforço foram eficazes contra a Covid-19 moderada e grave por cerca de dois meses após a terceira dose. As informações foram publicadas na sexta-feira (11/2).

A pesquisa aponta que, durante o período predominante de Ômicron, a eficácia apresentada contra os atendimentos de urgência e as hospitalizações foi de 87% e 91%, respectivamente, durante dois meses após a terceira dose, e diminuiu para 66% e 78% no quarto mês.

O que se sabe sobre a aplicação da 4ª dose da vacina no Brasil

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Em dezembro de 2021, Israel tornou-se o primeiro país a anunciar a aplicação da quarta dose da vacina contra a Covid-19 no mundo. Segundo o governo, o reforço ajudaria a nação a superar uma potencial onda de infecções pela variante Ômicron
No início de 2022, o país começou a oferecer a quarta dose da vacina Pfizer/BioNtech para pessoas com mais de 60 anos e profissionais da saúde
Segundo estudo realizado em Israel, a quarta injeção em pessoas com mais de 60 anos as tornou três vezes mais resistentes ao coronavírus
O Chile e a Turquia também iniciaram a aplicação da segunda dose de reforço na população acima dos 60 anos
Os ministros da Saúde da União Europeia foram orientados, em janeiro deste ano, a se prepararem para distribuir a quarta dose do imunizante assim que os dados mostrarem que ela é necessária
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Inicialmente, apenas a população de imunocomprometidos poderia receber a segunda dose de reforço contra a Covid-19 no Brasil

Reprodução/Agência Brasil
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Em dezembro de 2021, Israel tornou-se o primeiro país a anunciar a aplicação da quarta dose da vacina contra a Covid-19 no mundo. Segundo o governo, o reforço ajudaria a nação a superar uma potencial onda de infecções pela variante Ômicron

Agência Brasil
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No início de 2022, o país começou a oferecer a quarta dose da vacina Pfizer/BioNtech para pessoas com mais de 60 anos e profissionais da saúde

Agência Brasil
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Segundo estudo realizado em Israel, a quarta injeção em pessoas com mais de 60 anos as tornou três vezes mais resistentes ao coronavírus

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O Chile e a Turquia também iniciaram a aplicação da segunda dose de reforço na população acima dos 60 anos

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Os ministros da Saúde da União Europeia foram orientados, em janeiro deste ano, a se prepararem para distribuir a quarta dose do imunizante assim que os dados mostrarem que ela é necessária

Agência Brasil
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No Brasil, nota técnica do Ministério da Saúde, emitida em dezembro de 2021, recomendou que, a partir de quatro meses, a dose fosse aplicada em todos os indivíduos imunocomprometidos, acima de 18 anos de idade, que receberam três doses no esquema primário

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Em 20 de junho, a recomendação abrangia toda a população com 40 anos ou mais

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Em Volta Redonda (RJ) e Botucatu (SP), as prefeituras ampliaram a quarta dose para idosos acima dos 70 anos, pois todos os óbitos registrados nas cidades ocorreram nessa faixa etária

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Desde então não houve redução da faixa etária

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Estados como Amazonas, Bahia, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo diminuíram a faixa etária por conta própria e hoje vacinam todos os adultos com 18 anos ou mais

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Em maio, o Ministério da Saúde passou a recomendar a aplicação do segundo reforço nos idosos com 60 anos ou mais

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Professora do departamento de Microbiologia da USP, Cristiane Guzzo pontua que, provavelmente, as doses de reforço contra Covid-19 serão aplicadas a cada quatro ou seis meses, até que a doença seja considerada endêmica.

Ao tomarmos a vacina, produzimos anticorpos e células de defesa que têm a capacidade de neutralizar a ação do vírus e diminuir a gravidade da doença. O problema, explica Guzzo, é que essa proteção diminui ao longo do tempo. “Ainda não sabemos precisar quantas doses serão necessárias. O mais provável é que reforços periódicos sejam feitos”, afirma.

Existe limite para reforços?

De acordo com Guzzo, ainda não se sabe se haverá uma limitação para as doses de reforço. “Tomo duas de reforço? Três de reforço? Isso ainda não está claro, mas tudo indica que uma dose de reforço contra a Covid-19 será necessária a cada seis meses, até que a gente tenha uma noção melhor de como estará a situação mundial em relação ao vírus”, detalha.

Para a especialista, imaginar um “novo normal” depende da continuação da imunização. Além da proteção individual, as doses de reforço aliviam o sistema de saúde e diminuem o risco de surgimento de novas variantes.

“O novo normal vai ser o vírus andando por aí, causando alguns surtos, em que você vai ter restrições para não espalhar tanto, mas a vacina é essencial para não causar a superlotação das UTIs”, enfatiza a professora.

Informações da Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido indicam que a imunidade obtida com os reforços vacinais pode diminuir ainda mais rápido com a Ômicron do que com a Delta. Com isso, também é provável que a proteção obtida pelas fórmulas originais diminua com cepas mais transmissíveis do Sars-CoV-2.

Impacto da Ômicron

Sempre que uma nova variante com alta taxa de transmissão aparecer, haverá preocupação sobre a necessidade de outras doses. Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), comenta que isso aconteceu com a Ômicron e com a Delta.

“Quando a Delta apareceu, o que a ciência e os ensaios em laboratório mostraram? Que precisávamos de um nível de anticorpos mais alto”, lembra a imunologista. “Com a Ômicron, uma variante mais adaptada, temos resultados mostrando que uma proteção adequada contra mortes e casos graves depende de reforço.”

Bravo destaca que é impossível prever os cenários futuros, pois tudo depende da evolução do vírus enquanto ele estiver circulando. Segundo a profissional, não está descartada a possibilidade de que formulações específicas ainda tenham de ser produzidas. “Nós só evitaremos isso se tivermos grandes coberturas vacinais por todo o mundo, uniformemente, pois cada variante é uma caixinha de surpresas”, conclui.

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