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Pesquisa descobre zika em placentas de gestantes com exame negativo

Grupo da Unicamp examinou órgãos embrionários de mulheres que tinham os sintomas da doença mas cujos testes anteriores não acusaram o vírus

atualizado

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Uma pesquisa feita pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) propõe novos rumos ao protocolo estabelecido pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo para detectar o zika vírus em gestantes. O estudo foi feito com coletas sistemáticas de amostras de placenta de mulheres que apresentaram sintomas da doença durante a gravidez, entre 2016 e 2017, mas que não foram diagnosticadas com o vírus. Dos 17 casos investigados, 14 deram positivo, o que poderia indicar que o protocolo atual não seria totalmente confiável. Os resultados, de acordo com os pesquisadores, provaram ainda que a placenta pode ser um reservatório para o vírus na infecção.

A pesquisa teve início em 2016, época em que a contaminação por zika estava no auge.  Na época em que foram atendidas, as 17 mulheres tiveram amostras de placenta e exames de sangue coletadas de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde e analisadas no laboratório de referência do governo. Todas elas apresentavam febre e manchas na pele (lesões exantemáticas febris), sintomas clássicos da zika. Mesmo assim, os exames deram negativo.

Na pesquisa da Unicamp, além da membrana amniótica e do cordão umbilical, os pesquisadores coletaram cinco amostras de várias regiões da placenta de cada gestante para refazer os exames. Para efeito de comparação, o protocolo padrão utiliza apenas uma amostra de placenta. As mulheres foram acompanhadas do início da gestação (entre 2016 e 2017) ao nascimento dos bebês (entre 2017 e 2018). Ao utilizarem o kit padrão para zika preconizado pelo laboratório, os médicos identificaram 10 dos 14 casos positivos. Já com o kit de RT-qPCR para ZIKV, adotado pelo laboratório de pesquisa da Unicamp, os resultados obtidos a partir das 14 placentas foram positivos.

Outro diferencial do estudo foi a forma de armazenamento das amostras. As placentas foram coletadas até duas horas depois do parto e o tecido foi imediatamente armazenado em nitrogênio líquido, a menos de -80ºC. No protocolo padrão, não há obrigatoriedade de manter a amostra em baixa temperatura para enviá-la ao laboratório. Além disso, não há especificação sobre a região da placenta que deve ser retirada nem sobre o tempo ou a qualidade do transporte e armazenamento.

De acordo com os autores, o trabalho mostrou que a placenta é um repositório e um marcador de zika, indicando que a mulher teve contato com o vírus mesmo que a doença não se manifeste na criança. Apesar de os bebês não terem nascido com microcefalia, os cientistas alertam que essa não é a única consequência causada pela doença: problemas auditivos, oftalmológicos e neurológicos estão na lista de sequelas das arboviroses, doenças causadas pelos chamados arbovírus, que incluem o vírus da dengue, zika vírus, febre chikungunya e febre amarela.

Os médicos haviam solicitado que as mães retornassem algum tempo depois do parto para que as crianças fossem novamente examinadas e acompanhadas. Entretanto, poucas mulheres cumpriram o combinado. Os especialistas atribuem a alta taxa de faltas ao falso-positivo do exame para zika e à falta de sintomas da doença nos bebês. Agora, as 14 crianças serão acompanhadas para que os especialistas tenham certeza de que o contato materno com a zika não afetará a saúde delas em longo prazo.

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