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Pais pedem vacina da Pfizer para crianças com comorbidades após aval da Anvisa

Estudos mostram que crianças com déficit intelectual têm risco aumentado de serem contaminadas e desenvolverem casos graves de Covid-19

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Nicolas Economou/NurPhoto via Getty Images
vacina pfizer começa a vacinar os americanos na segunda dia 14
1 de 1 vacina pfizer começa a vacinar os americanos na segunda dia 14 - Foto: Nicolas Economou/NurPhoto via Getty Images

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, na última sexta-feira (11/6), o uso da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em adolescentes a partir dos 12 anos de idade no país. A determinação gerou a esperança entre os pais de crianças com problemas neurológicos e outras comorbidades de conseguir incluir os filhos entre os grupos prioritários.

“Estou agoniado há muitos meses. Até então, não sabia quando meu filho poderia se vacinar. Agora tenho esperança de que seja o quanto antes”, conta Renato Malcher, neurocientista, professor do departamento de ciências fisiológicas da Universidade de Brasília (UnB) e pai de Cauê Malcher, autista severo de 16 anos.

Desde fevereiro de 2020, ele se mantém em isolamento com o filho, cuja mãe, de quem é separado, vive com uma família estendida que não pode fazer isolamento social, o que significaria um risco maior de contaminação para Cauê por Covid-19.

“Assim como muitas crianças com síndromes neurológicas, meu filho não aceita bem o uso de máscara e medidas de proteção individual. Ele leva muito a mão ao rosto, come coisas do chão, o que aumenta os riscos de se infectar”, explica Renato.

Ele ressalta que uma criança na situação de autismo severo não consegue verbalizar caso seja infectada. “Eu nunca sei se meu filho está com alguma dor; só é possível perceber sintomas externos e extremos”. Para o caso de infecção pelo vírus Sars-CoV-2, isso significaria um diagnóstico tardio e um risco aumentado de mortalidade.

Os efeitos do isolamento social também são mais agravados para crianças com deficiências, com é o caso de Pedro Teixeira, de 17 anos. Com deficiência física e auditiva, ele está privado de terapias presenciais, importantes para seu desenvolvimento e bem-estar. “Se eu pudesse, vacinava ele hoje”, diz a avó de Pedro, a infectologista e epidemiologista Glória Teixeira.

“Esse grupo, das crianças com deficiência, fica mais prejudicado, pois não poderão voltar às aulas mesmo que os professores e cuidadores estejam vacinados”, diz Glória, que é professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

“Se vacinamos os adultos com deficiência, e agora temos uma vacina autorizada pela Anvisa, é justo que se vacinem as crianças também. É nosso dever lutar para que eles tenham uma qualidade de vida e possam retornar às terapias que necessitam de contato social”, completa.

Risco aumentado
De acordo com um estudo publicado no Disability and Health Journal, entre pessoas de 0 a 17 anos infectadas com Covid-19, aqueles com deficiências intelectuais tiveram um índice de fatalidade 160 vezes maior do que os demais pacientes da mesma idade. Além disso, as chances de infecção foram 8,6 vezes maiores entre os que possuem deficiência intelectual (26%) do que entre os demais crianças da faixa etária (3%).

Essa mortalidade aumentada, somada à maior chance de contaminação e à dificuldade no diagnóstico precoce são fatores que podem justificar a inclusão do grupo entre os prioritários.

Em março deste ano, a Pfizer anunciou a conclusão de estudos de testes de sua vacina contra Covid-19 em crianças. De acordo com a pesquisa, a vacina se mostrou segura e com 100% de eficácia em crianças até 16 anos – resultados positivos semelhantes foram obtidos para jovens entre 16 e 25 anos.

A vacina Pfizer-BioNTech foi recomendada pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos em 13 de maio para crianças a partir de 12 anos, na mesma semana em que a agência Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês), equivalente à Anvisa nos EUA, autorizou o uso da vacina para o grupo etário.

“Notamos um aumento nos casos de internação de crianças por Covid-19 este ano em relação ao ano passado. Assim como ocorre na população adulta, as crianças com comorbidade têm contextos fisiológicos que podem aumentar o risco de infecção e de sintomas agravados, então uma priorização da vacinação deste grupo faz muito sentido”, avalia Irina Monteiro da Costa Guimarães, infectologista pediátrica no Hospital e Maternidade São Cristovão, em São Paulo.

Ela exemplifica que no caso de outras doenças como o vírus influenza, já é feita uma priorização de crianças com comorbidades no recebimento de vacinas pelos Sistema Único de Saúde. “Uma criança de sete anos que tenha, por exemplo, uma cardiopatia, ainda que não esteja no grupo prioritário da campanha de vacinação, pode ser imunizada porque se entende um risco aumentado para quadro grave em caso de infecção. Podemos usar o mesmo raciocínio para o Sars-Cov-2”, completa.

Ainda sem definição
Procurado pelo Metrópoles, o Ministério da Saúde informou, em nota, que a ampliação da vacinação para adolescentes a partir dos 12 anos, com o imunizante da Pfizer, será debatida na Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis.

Já a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) informou em nota que “A prioridade do GDF é vacinar a população do DF no menor tempo possível. No entanto, para isso, depende do envio de vacinas por parte do Ministério da Saúde”. Atualmente, a SES/DF está imunizando o público acima dos 50 anos e os pacientes com comorbidades acima dos 18 anos.

 

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