A variante Ômicron foi identificada pela primeira vez em novembro de 2021, na África do Sul. A cepa, que demonstra ser mais transmissível, vem causando um aumento de casos de Covid-19 por todo o mundo. Por ser considerada recente, não há evidências consistentes sobre como a nova versão do coronavírus pode se relacionar com a Covid prolongada.
O infectologista do Hospital Santa Lúcia, Werciley Júnior, explica que todas as variantes do coronavírus podem causar Covid longa. Entretanto, a situação está vinculada à situação do paciente. “Quadros mais proeminentes, ou seja, mais intensos, da doença possuem uma tendência a desenvolver sintomas prolongados”, afirma o especialista.
Júnior comenta que os sintomas comuns causados pela Ômicron são muitos semelhantes aos gerados por outras cepas, mas a variante parece causar fadiga muscular que dura mais tempo.

Detectada pela primeira vez na África do Sul, a variante Ômicron foi classificada pela OMS como de preocupaçãoAndriy Onufriyenko/ Getty Images

Isso porque a alteração apresenta cerca de 50 mutações, mais do que as outras variantes identificadas até o momentoGetty Images

Segundo a OMS, a Ômicron é mais resistente às vacinas disponíveis no mundo contra as demais variantes e se espalha mais rápidoPeter Dazeley/ Getty Images

Dores no corpo, na cabeça, fadiga, suores noturnos, sensação de garganta arranhando e elevação na frequência cardíaca em crianças são alguns dos sintomas identificados por pesquisadores em pessoas infectadasUwe Krejci/ Getty Images

Em relação à virulência da Ômicron, os dados são limitados, mas sugerem que ela pode ser menos severa que a Delta, por exemploPixabay

O surgimento da variante também é uma incógnita para cientistas. Por isso, pesquisadores consideram três teorias para o desenvolvimento do vírusGetty Images

A primeira é que a variante tenha começado o desenvolvimento em meados de 2020, em uma população pouco testada, e só agora acumulou mutações suficientes para se tornar mais transmissívelGetty Images

A segunda é que surgimento da Ômicron pode estar ligado ao HIV não tratado. A terceira, e menos provável, é que o coronavírus teria infectado um animal, se desenvolvido nele e voltado a contaminar um humanoAndriy Onufriyenko/ Getty Images

De qualquer forma, o sequenciamento genético mostra que a Ômicron não se desenvolveu a partir de nenhuma das variantes mais comuns, já que a nova cepa não tem mutações semelhantes à Alfa, Beta, Gama ou DeltaAndriy Onufriyenko/ Getty Images

Com medo de uma nova onda, países têm aumentado as restrições para conter o avanço da nova varianteGetty Images

De acordo com documento da OMS, a Ômicron está em circulação em 110 países. Na África do Sul, ela vem se disseminando de maneira mais rápida do que a variante Delta, cuja circulação no país é baixaGetty Images

Mesmo em países onde o número de pessoas vacinadas é alto, como no Reino Unido, a nova mutação vem ganhando espaço rapidamenteMorsa Images/ Getty Images

No Brasil, 32 casos foram registrados, segundo balanço divulgado no fim de dezembro pelo Ministério da SaúdeMorsa Images/ Getty Images

Por conta da capacidade de disseminação da variante, a OMS orienta que pessoas se vacinem com todas as doses necessárias, utilizem corretamente máscaras de proteção e mantenham as mãos higienizadasAndriy Onufriyenko/ Getty Images

A entidade ressalta ainda a importância de evitar aglomerações e recomenda que se prefiram ambientes bem ventiladosJuFagundes/ Getty Images
“O que a gente tem visto é que a Ômicron é uma cepa menos agressiva, mas não podemos afirmar que ela é menos gave por si só ou porque a gente está vacinado. Atualmente, ela é responsável por 90% dos pacientes diagnosticados”, afirma.
A questão, segundo o especialista, é que as vacinas têm a tendência de proteger e diminuir as crises de Covid prolongada. Entretanto, é necessário identificar como a imunização atua em situações onde o coronavírus persiste por mais tempo.
Uma pesquisa da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, sugere que a maioria dos pacientes com casos moderados ou graves de Covid-19 tinha pelo menos um sintoma de longo prazo. O artigo foi publicado em junho de 2021, antes da variante Ômicron, e descobriu que quase três quartos das pessoas continuaram a sofrer sintomas mesmo após o fim da infecção. Eles analisaram quase 10 mil pessoas.
O sinal mais comum da doença era fadiga ou exaustão, relatado por cerca de 40% dos pacientes com a chamada Covid longa. Outros 36% disseram ter falta de ar e 29,4% relataram distúrbios do sono ou insônia. Cerca de 25% disseram apresentar dificuldades de concentração e 11% perderam o paladar.
Novas variantes
Cientistas de institutos dos Estados Unidos alertaram, em agosto de 2021, que é preciso acompanhar com maior atenção a Covid persistente em pessoas com a imunidade comprometida, pois a infecção pode gerar variantes mais transmissíveis e até mais graves do Sars-CoV-2.
“As descobertas de que pacientes imunocomprometidos com infecção persistente de Covid-19 podem gerar variantes mais transmissíveis ou patogênicas de Sars-CoV-2 implicam uma série de medidas médicas e de saúde pública”, afirmou o estudo publicado no New England Journal of Medicine.
“O vírus pode persistir por semanas ou meses em indivíduos imunocomprometidos, levando a cepas que carregam uma constelação de mutações — algumas delas se parecem com as variantes de preocupação que atualmente ameaçam nossos esforços de controle”, destacou Morgane Rolland, geneticista do Programa de Pesquisa Militar do HIV dos EUA e uma das principais autoras do artigo.
Vacinação e Covid longa
Segundo estudo publicado na revista científica, duas doses da vacina contra o coronavírus diminuem o risco de ter Covid persistente pela metade. Além disso, os sintomas mais comuns da Covid-19, como perda de olfato, tosse, febre, dor de cabeça e fadiga também são mais leves e menos comuns em quem já tomou as duas doses do imunizante.