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Maconha com alto teor de THC pode aumentar risco de psicoses

Pesquisa científica, que contou com voluntários brasileiros, buscou avaliar o quanto o uso da droga está associado a crises psicóticas

atualizado

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maconha psicose
1 de 1 maconha psicose - Foto: oneinchpunch, Istock

O hábito de fumar maconha com alto teor da substância química THC (tetraidrocanabinol), como skunk, por exemplo, aumenta o risco de os usuários desenvolverem psicoses, doenças mentais em que o paciente perde o contato com a realidade. A pesquisa, publicada no periódico científico The Lancet, analisou dados de 2.692 participantes – entres eles, 494 brasileiros.

O estudo apontou que tanto o hábito de fumar a erva diariamente quanto o de utilizar maconha com alto teor de THC são mais frequentes entre os psicóticos. De acordo com o trabalho, 29,5% dos que fumavam todos os dias já haviam apresentado episódios psicóticos, número que alcança 37,1% dos que fazem uso da erva em suas versões mais concentradas.

Segundo os pesquisadores, é possível que a cannabis favoreça o surgimento de psicoses, mas também é possível que psicóticos tenham maior inclinação para fumar maconha ou ambas as coisas. O assunto ainda é controverso no meio científico.

A pesquisa calculou de quanto seria a queda na incidência de psicose em cada lugar escolhido caso acabasse no mercado a oferta de skunk e similares. Em Amsterdã, os pesquisadores chegaram ao número de 50% de redução esperada, caindo de 37,9 para 18,8 novos casos anuais por 100 mil pessoas. A cidade tem a venda liberada, podendo encontrar maconha com até 67% de THC.

Londres ficou em segundo lugar, com queda de 30%. Os casos passariam de 45,7 para 31,9 incidentes por 100 mil pessoas por ano. Na cidade inglesa, 94% da cannabis nas ruas é skunk, com teor médio de THC de 14%. No Brasil, na cidade de Ribeirão Preto, onde foram recrutados os pacientes brasileiros, a redução seria de apenas 2%, pois a droga com alto de THC não é facilmente encontrada. No Brasil, o estudo teve como um dos coordenadores do levantamento o médico Paulo Rossi Menezes, da Faculdade de Medicina da USP.

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