Harvard cria teste de sintomas para diagnóstico de Covid longa. Veja
Pesquisadores de Harvard, Stanford e outras universidades americanas apontaram quais os sintomas mais frequentes da Covid longa
atualizado
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Uma pesquisa conduzida por médicos de universidades americanas como Harvard e Stanford estabeleceu uma lista de sintomas que confirmam se a pessoa está com Covid longa. O estudo foi realizado com informações de 13 mil pessoas ao longo de dois anos e mostrou quais são os sinais mais relevantes da doença no organismo.
Os testes dividiram os participantes entre os que tinham anticorpos para a Covid (89% deles) e os que ainda não tinham sido infectados pela doença. Inicialmente foi elaborada uma lista de 37 sintomas da Covid longa, que foi sendo revista conforme avançaram os meses do estudo. Só foram considerados sinais relevantes os que apareceram em ao menos 2,5% dos indivíduos estudados.
Publicada no JAMA Network no dia 25/5, a pesquisa custou quase um bilhão de dólares, pois os participantes precisaram ser avaliados em diversas localidades. O objetivo era alcançar um perfil sociodemográfico diversificado para que os resultados pudessem ser representativos globalmente.
Entre participantes, 58% estavam com as vacinas contra o coronavírus em dia. Entre os 1,1 mil participantes que não haviam tido Covid nunca, 77% tinham se vacinado.
Entenda o que é a Covid longa

Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada Freepik

Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo Pixabay

Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais iStock

Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar Getty Images

A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus Freepik

Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabelo Metrópoles

Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma "segunda onda" dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo Getty Images

Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a dia Getty Images

Apesar de uma total recuperação da doença, estudos recentes da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, alertam que qualquer pessoa recuperada da Covid-19 pode sofrer complicações no ano seguinte à infecção, uma covid longa Getty Images

Foram analisados os dados de 150 mil pessoas que tiveram Covid-19 para chegar às complicações mais comuns Getty Images

O risco de ter um ataque cardíaco, por exemplo, é 63% maior para quem já teve a infecção. A chance de doença arterial coronariana sobe para 72%, e para infarto, 52% Getty Images

Também chama a atenção dos cientistas o aumento da quantidade de pacientes com depressão e ansiedade Getty Images

O estudo também registrou casos de Doença Arterial Coroniana, falência cardíaca, coágulos sanguíneos, batimentos irregulares e embolia pulmonar Getty Images
Quais os sintomas encontrados?
“A diversidade dos sintomas que encontramos está relacionada tanto à persistência de carga viral quanto ao desenvolvimento de sinais de doenças autoimunes ou mesmo dos ferimentos provocados em diversos órgãos do corpo”, aponta o estudo.
Os 12 principais sintomas encontrados pelos pesquisadores estão organizados de acordo com uma pontuação que vai de 1 a 8. De acordo com a pesquisa, uma pontuação maior do que 12 indica que a pessoa tem Covid longa.
- Perda ou alteração no olfato ou paladar (8 pontos);
- Mal-estar pós-esforço (7 pontos);
- Tosse crônica (4 pontos);
- Confusão mental (3 pontos);
- Sede crônica (3 pontos);
- Palpitações cardíacas (2 pontos);
- Dor no peito (2 pontos);
- Fadiga (1 ponto);
- Tontura (1 ponto);
- Sintomas gastrointestinais (1 ponto);
- Alterações no desejo ou na capacidade sexual (1 ponto);
- Movimentos anormais (1 ponto).
Não necessariamente os sintomas que dão maiores pontuações são os mais frequentes entre as pessoas com Covid longa. Na realidade, fadiga, que marca só 1 ponto, foi apontado por 85% das pessoas com a doença, e a queda de cabelo, que nem chegou a pontuar, foi mais frequente que dor no peito ou os movimentos anormais.
A pontuação maior foi dada para os sinais mais determinantes para o diagnóstico, os que com mais exatidão indicaram a doença em testes laboratoriais e comportamentais.
Além deles, os pesquisadores apontaram como sintomas presentes: queda de cabelo, boca seca, fraqueza, dores de cabeça, tremores, dores musculares e abdominais, febre, suores, calafrios e distúrbios do sono.
Quem é mais propenso a ter a forma longa doença?
De acordo com a pesquisa, a Covid longa foi desenvolvida especialmente por pessoas que foram infectadas pelo coronavírus mais de uma vez, especialmente depois do surgimento da variante Ômicron.
Isso quer dizer que quem teve Covid logo no início da pandemia tem mais do triplo de chances de ter desenvolvido a forma longa da doença do que alguém que foi infectado depois de novembro de 2021 pela primeira vez.
“A frequência de Covid longa é observada especialmente em quem teve infecções recorrentes. Este estudo aponta que a vacinação foi eficiente em impedir contaminações e, por consequência, pessoas vacinadas tiveram menos Covid longa”, apontam os pesquisadores.
Por isso o conselho dos pesquisadores é de sempre completar o esquema vacinal para evitar as reinfecções.
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