Caracterizada pela persistência dos sintomas da Covid-19 por mais de 60 dias, a Covid longa já afeta milhões de pessoas após a infecção pelo coronavírus. De acordo com especialistas, os principais sinais do problema a longo prazo são fadiga ou exaustão, falta de ar, distúrbios do sono ou insônia, dificuldades de concentração e perda de paladar. Na busca por respostas para explicar a condição, pesquisadores do Instituto de Biologia de Sistemas, nos Estados Unidos, identificaram quatro fatores importantes que revelam quais pacientes têm mais chances de desenvolver o quadro.
A equipe americana coletou amostras de sangue e do nariz de 309 pacientes com o coronavírus para investigar características comuns naqueles que tiveram problemas duradouros após a infecção pelo vírus. Os resultados mostraram que pessoas com carga viral alta, baixos níveis de anticorpos, portadores do vírus Epstein-Barr (EBV) e diabéticos do tipo 2 são mais propensos ao problema, que os pesquisadores chamam de Sequelas Pós-Agudas da Covid-19 (PASC).
“Identificar esses fatores PASC é um grande passo não apenas para entender a Covid longa e potencialmente tratá-la, mas também para identificar quais pacientes correm maior risco de desenvolver doenças crônicas”, descreve no artigo o líder da pesquisa, Jim Heath.
Segundo dados do aplicativo Covid Symptom Study, características como obesidade, asma, idade avançada e ser mulher são aspectos que facilitam a contração do vírus Sars-CoV-2. Além disso, o Escritório de Estatísticas Nacionais, do Reino Unido, descobriu que a Covid-19 sintomática é mais comum indivíduos com idades entre 35 e 69 anos, residentes em áreas pobres, trabalhando em saúde e assistência social e com deficiência.

Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada Freepik

Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo Pixabay

Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais iStock

Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar Getty Images

A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírusFreepik

Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabeloMetrópoles

Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma "segunda onda" dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo Getty Images

Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a diaGetty Images
Sequelas Pós-Agudas da Covid-19
Os pesquisadores descobriram que a carga viral da doença – quantidade total de vírus no corpo de uma pessoa – está fortemente associada a certos sintomas prolongados da Covid-19. Também foi identificado que o vírus Epstein-Barr (EBV) pode estar associado a futuros sintomas persistentes. O EBV é um vírus comum, que a maioria das pessoas pega quando criança, e pode ser reativado logo após a contaminação com o coronavírus.
“O EBV pode ser reativado em pacientes com Covid-19 devido a um mau funcionamento do sistema imunológico, chamado de ‘desregulação imunológica'”, explica o co-autor do artigo, Yapeng Su.