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Devo fazer exame para saber se a vacina contra Covid-19 funcionou?

Pessoas que já tomaram as duas doses estão ansiosas para terem certeza de que desenvolveram a imunidade promovida pela vacina

atualizado

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Shutterstock / SoonThorn Wongsaita
Fotografia colorida de coleta se sangue
1 de 1 Fotografia colorida de coleta se sangue - Foto: Shutterstock / SoonThorn Wongsaita

Com a campanha de imunização contra a Covid-19 se desenrolando no país – mesmo que a passos lentos, muitas pessoas que já tomaram o esquema completo de duas doses estão ansiosas para saber se podem fazer algum exame que comprove a eficácia da vacina.

Os exames sorológicos, que detectam os anticorpos no organismo a partir do sangue, não são recomendados pelos infectologistas por três motivos:

1) a resposta imunológica pretendida com a vacina não é apenas de anticorpos, ela envolve também as células-T – não detectáveis nesse tipo de exame;

2) os anticorpos neutralizantes que são desenvolvidos a partir da vacinação não são mensuráveis pelos exames disponíveis na rede comercial de laboratórios; e

3) ainda não há parâmetros definidos em relação à quantidade de anticorpos que possam determinar se há imunidade aos vírus.

A infectologista Ana Helena Germoglio explica que os exames sorológicos pós-vacina até podem dar uma “pista” sobre a produção de anticorpos – caso as taxas de IgG e IgM tenham subido. No entanto, a especialista não recomenda que os testes sejam feitos com esse objetivo, pois a informação não é, de maneira nenhuma, segura.

“As pessoas precisam entender que esses exames não foram criados com esse objetivo, portanto, o resultado deles não é uma informação segura sobre o efeito da vacina ou a imunidade produzida. O número de falsos positivos e falsos negativos é alto”, afirma a médica.

O infectologista Werciley Júnior, do grupo Santa Lúcia, acrescenta que “diagnósticos de imunidade” a partir de exames de sangue podem produzir falsa sensação de segurança ou pânico desnecessário. “Ainda que o exame detecte uma alta de anticorpos, a pessoa não deve se considerar imunizada, pois não temos parâmetros definidos para garantir essa imunidade”, afirma.

Já na hipótese contrária, se o exame não detectar taxas superiores de anticorpos, não significa que a vacina não funcionou. “A resposta imunológica envolve vários mecanismos e varia de pessoa para pessoa, então não há como diagnosticar imunidade por um exame de sangue”, afirma o médico.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) se posicionou, recentemente, com uma nota técnica sobre o assunto. “A complexidade da imunidade pós-vacinal ou mesmo após doença natural, no entanto, não corrobora a realização dos testes, pois os resultados não traduzem a situação individual de proteção”, afirmam os especialistas da entidade em texto publicado no dia 25 de março.

Eficácia das vacinas
Os especialistas recomendam que, mesmo após a vacinação, as pessoas mantenham as medidas de proteção básicas: uso de máscaras, higiene das mãos e distanciamento social.

No atual momento da pandemia no país – com ampla circulação de variantes e poucas pessoas vacinadas –, ainda existe o risco de os imunizados serem transmissores assintomáticos do vírus. Além disso, as vacinas aplicadas no país ainda não conferem proteção de 100% contra a Covid-19, elas são efetivas contra o desenvolvimento dos casos mais graves da doença.

Veja na galeria como as vacinas contra Covid-19 atuam:

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