Covid-19: estudo mostra que hormônios femininos protegem as mulheres

Publicada no periódico Trends in Endocrinology and Metabolism, a pesquisa partiu de uma revisão de outros levantamentos sobre o assunto

26/11/2020 05:00, atualizado 26/11/2020 10:07

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Rafaela Felicciano/Metrópoles

1 de 1 Mulher usando máscara de proteção (Covid-19) - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Com meses observando os efeitos da Covid-19 no corpo humano, a cada dia fica mais claro que as mulheres são menos impactadas pela infecção. De acordo com um estudo da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, a explicação pode estar nos hormônios sexuais.

Publicada no periódico científico Trends in Endocrinology and Metabolism, a pesquisa partiu de uma revisão de outros levantamentos sobre o assunto.

Segundo Graziano Pinna, responsável pelo estudo, estrogênio e progesterona, além da alopregnanolona (um esteroide sintetizado da progesterona), têm funções anti-inflamatórias, remodelam a competência das células imunes, estimulam a produção de anticorpos e promovem a reparação das células epiteliais respiratórias.

Também inibem o receptor ACE2, usado pelo coronavírus para invadir as células. Os hormônios podem, ainda, bloquear a reação exagerada do sistema imunológico e evitar a tempestade de citocinas que ocorre em alguns pacientes graves.

A ideia do pesquisador surgiu a partir de uma observação de gestantes com Covid-19 que tiveram piora dos sintomas, muito acentuada, imediatamente após o parto. Ele explica que há uma queda rápida de estradiol, progesterona e alopregnanolona assim que a mulher dá à luz.

“Hormônios que sustentam a gestação, como a progesterona, são 100 vezes mais concentrados no terceiro trimestre da gravidez. Estradiol, alopregnanolona e progesterona têm funções anti-inflamatórias importantes e estão envolvidos na redefinição do sistema imunológico. Isso sugere que gestantes se tornaram sintomáticas, e que algumas até precisaram ir para a UTI depois do parto por causa da queda rápida desses hormônios. A correlação é realmente chocante”, ensina Pinna, ao site EurekAlert.

De acordo com o pesquisador, o estudo também explica por que pessoas mais velhas correm mais riscos de terem o quadro grave de Covid-19 – ao longo dos anos, as taxas hormonais vão caindo. Estudos com uso de hormônios em homens e mulheres no tratamento da Covid-19 estão em andamento.

Cuidado com a nutrição

O artigo também chama a atenção para pessoas que têm dietas ricas em fitoestrogênio, hormônio derivado das plantas. Alimentos como soja, lentilha e aveia são algumas opções ricas dessa substância, que é convertida em estradiol pelo microbioma intestinal.

“Nutrição é muito importante e não se fala o suficiente sobre ela. É interessante porque é algo que podemos fazer todos os dias para melhorar o sistema imunológico e tornar nossos corpos mais fortes para lutar contra a Covid-19”, aponta.