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“Cenário é otimista. Réveillon e Carnaval serão seguros”, diz infectologista Julio Croda

Ao Metrópoles pesquisador da Fiocruz diz que panorama é positivo caso ritmo de vacinação seja mantido e idosos recebam reforço

atualizado

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Reprodução/Zoom
Julio Croda
1 de 1 Julio Croda - Foto: Reprodução/Zoom

A confirmação do primeiro caso de Covid-19 em Wuhan, na China, já está perto de completar dois anos, e o mundo ainda se pergunta quando a pandemia chegará ao fim.

Na avaliação do médico Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), este dia está próximo. O avanço da campanha de vacinação no Brasil já reflete positivamente na diminuição do número de hospitalizações e mortes por Covid-19. A prioridade agora é imunizar os grupos mais vulneráveis – incluindo idosos e pessoas com comorbidades – com as doses de reforço.

“Se conseguirmos revacinar até o fim do ano todo o grupo com maior risco para evoluir para hospitalização e óbitos, teremos dias mais tranquilos, e, eventualmente, a gente pode liberar algumas atividades associadas à aglomeração, como o Réveillon e o Carnaval”, pontua o pesquisador.

Em entrevista ao Metrópoles, Julio Croda esclarece os fatores que vão determinar o fim da pandemia, fala sobre como a vacinação lenta em países pobres pode impactar na imunidade coletiva global e diz o que podemos esperar para os próximos meses.

Futuro da pandemia

Na avaliação do pesquisador da Fiocruz, a combinação do avanço significativo da vacinação, com 90% da população completamente imunizada, com indicadores epidemiológicos que demonstrem  redução importante da transmissão do vírus nos guiarão para o fim da pandemia.

“No ano que vem, se a gente mantiver uma trajetória de redução de número de casos, hospitalizações e óbitos; se não tiver o surgimento de novas variantes; e conseguirmos uma excelente cobertura vacinal, a gente pode pensar em flexibilizar o uso de máscara, sempre começando pelas atividades de menor risco, associadas à menor transmissão”, explica Croda.

O infectologista acredita que, no futuro, quando alcançarmos a imunidade coletiva com as vacinas, o novo coronavírus se tornará menos letal, com comportamento semelhante ao de outros vírus respiratórios. “Neste momento, o cenário é bastante positivo. A gente projeta que até o fim do ano mais de 90% da população brasileira estará vacinada com duas doses; que a maioria dos idosos com mais de 60 anos estará vacinado com a sua dose de reforço”, destaca.

O especialista, que trabalhava no Ministério da Saúde durante a gestão de Luiz Henrique Mandetta, observa, entretanto, que essa trajetória pode ser suspensa caso surja uma variante que consiga furar a proteção conferida pelas vacinas. “Nunca se sabe quando pode surgir uma nova variante com impacto na proteção que as vacinas garantem para a população”, alerta.

Variante Delta

A possibilidade de a variante Delta se espalhar pelo Brasil, causando prejuízos semelhantes aos registrados em outros países, parece cada vez mais distante à medida em que a campanha nacional de imunização avança.

Professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Croda lembra que o país viveu um período muito impactante entre abril e maio, com mais de 4 mil óbitos diários no pico da pandemia, a maioria relacionada à variante Gamma. “Esse histórico combinado com uma cobertura extremamente elevada para a primeira dose (das vacinas), e caminhando também para uma cobertura extremamente elevada para a segunda dose até o fim do ano, garante uma proteção muito importante em relação à variante Delta, principalmente no que diz respeito ao aumento de hospitalização e óbitos”, explica.

Vacinação no mundo

Enquanto os países mais ricos avançam na aplicação de doses de reforço nas populações mais vulneráveis ao novo coronavírus, países de média e baixa renda, especialmente os da África e do sudeste asiático, lutam para conseguir começar a imunizar suas populações.

Além do abismo que se cria entre os países ricos e pobres em relação à cobertura vacinal e as questões éticas, Croda acredita que esta diferença pode ter consequências diretas no alcance da imunidade coletiva, dando margem para o surgimento de novas variantes, resistentes às vacinas em uso.

“A vacinação permite que você tenha o surgimento de menos variantes ao longo dos próximos meses e anos. Deveríamos estar protegendo as populações mais vulneráveis nesses países específicos. Alguns ainda nem conseguiram imunizar seus profissionais de saúde. É muito triste essa situação de desigualdade que a gente observa no mundo”, salienta o infectologista.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem fazendo apelos constantes para que países ricos doem o quantitativo excedente de vacinas para os mais pobres, em uma estratégia para que todos tenham acesso a doses de imunizantes.

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