Genes explicam por que algumas pessoas não pegam Covid, diz USP
Pesquisadores brasileiros analisaram o material genético de 86 casais em que apenas um dos parceiros desenvolveu a doença
atualizado
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Um estudo feito por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) com casais brasileiros explica por que algumas pessoas são naturalmente resistentes à infecção provocada pelo novo coronavírus, mesmo que tenham tido contato muito próximo com um doente.
Os resultados do trabalho, iniciado em meados de 2020, foram publicados na terça-feira (28/9), na revista científica Frontiers in Immunology. Eles sugerem que a proteção dos “superimunes” está relacionada a dois genes do sistema de defesa do corpo.
Veja quais são os sintomas mais frequentes de Covid-19:

Os testes laboratoriais confirmaram que o medicamento é capaz de conter a capacidade viral de mutações, como a Ômicron e a Delta, classificadas como variantes de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) Getty Images

Idosos e pessoas com comorbidades, como doenças cardíacas, pulmonares ou obesidade, e os imunossuprimidos apresentam maior risco de desenvolver complicações mais sérias da Covid-19 Getty Images

No início da pandemia, os principais sintomas associados à doença eram febre, cansaço, tosse seca, dores no corpo, congestão nasal, coriza e diarreia Andrea Piacquadio/Pexels

Dois anos depois da confirmação do primeiro caso, com o surgimento de novas variantes do coronavírus, a lista de sintomas sofreu alterações Getty Images

Pacientes passaram a relatar também calafrios, falta de ar ou dificuldade para respirar. Fadiga, dores musculares ou corporais, dor de cabeça, perda de olfato e/ou paladar, dor de garganta, náusea, vômito e diarreia também fazem parte dos sintomas Microgen Images/Science Photo Library/GettyImages

A variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia, espalhou-se rapidamente pelo mundo e gerou um novo perfil da doença Getty Images

Atualmente, ela se assemelha a um resfriado, com dores de cabeça, dor de garganta, coriza e febre, segundo um estudo de rastreamento de sintomas feito por cientistas do King's College London Boy_Anupong/Getty Images

A mudança no perfil dos sintomas é um desafio no controle da pandemia, uma vez que as pessoas podem associá-los a uma gripe comum e não respeitar a quarentena, aumentando a circulação viral Pixabay

Um estudo feito no Reino Unido, com 38 mil pessoas, mostrou que os sintomas da Covid-19 são diferentes entre homens e mulheres Getty Images

Enquanto eles costumam sentir mais falta de ar, fadiga, calafrios e febre, elas estão mais propensas a perder o olfato, sentir dor no peito e ter tosse persistente Getty Images

Os sintomas também mudam entre jovens e idosos. As pessoas com mais de 60 anos relatam diarreia com maior frequência, enquanto a perda de olfato é menos comum Getty Images

A maioria das pessoas infectadas que tomaram as duas doses da vacina sofre com sintomas considerados leves, como dor de cabeça, coriza, espirros e dor de garganta Malte Mueller/GettyImages
Como foi feita a pesquisa
Os pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da USP analisaram o material genético de 86 casais discordantes, onde só um dos parceiros foi infectado pelo novo coronavírus com quadro sintomático, enquanto o outro indivíduo permaneceu assintomático e com resultado negativo para a Covid-19.
Eles descobriram que as pessoas “superimunes” – que não pegaram a doença, apesar de seus parceiros terem sido infectados – possuem genes que contribuem para uma ativação mais rápida das células NK (as natural killers, do inglês). Conhecidas como “soldados de defesa” do corpo, as NK são as primeiras a ir para o combate quando há invasões externas.
Esses genes estão localizados no cromossomo 6 e são denominados MICA e MICB. Os testes mostraram que as pessoas que não se infectam têm mais exemplares do MICB. Por outro lado, nas pessoas que pegaram a infecção, as moléculas MICA estavam aumentadas e as MICB diminuídas.
“Nossa hipótese é que as variantes genômicas mais frequentemente encontradas no cônjuge suscetível levam à produção de moléculas que inibem a ativação dos NKs. No entanto, essa teoria ainda não foi validada por meio de estudos funcionais”, disse a geneticista Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos em Genoma Humano da USP ao jornal da USP.