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Bruxismo e briquismo podem se tornar mais comuns na pandemia da Covid-19

Ranger ou fazer pressão nos dentes são ações associadas ao estresse e à ansiedade provocados pelo medo do coronavírus

atualizado

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MangoStar_Studio, Istock
Imagem colorida de uma mulher com as mãos nas bochechas
1 de 1 Imagem colorida de uma mulher com as mãos nas bochechas - Foto: MangoStar_Studio, Istock

A Covid-19 surgiu de forma tão inesperada quanto impactante. Além dos prejuízos à saúde das pessoas infectadas pelo novo coronavírus, a incerteza de quando a pandemia vai acabar e o medo de ser contaminado têm causado ansiedade e estresse nas pessoas. Dois reflexos desses estados são o bruxismo e o briquismo, condições que provocam o desgaste dos dentes, a inflamação dos músculos locais, dores de cabeça e zumbidos no ouvido, por exemplo.

No primeiro caso, a pessoa range os dentes e é mais comum durante a noite, quando se está dormindo, como um reflexo do que foi acumulado durante o dia. No briquismo, a pressão é feita entre os dentes em direção única.

“Podemos perceber que a causa do bruxismo vem de um misto de fatores interligados, pois uma pessoa estressada ou muito ansiosa também não dorme direito, o que vai retroalimentando gradativamente o problema. Todos estão apreensivos, com medo, até mesmo pânico. Isso deixou muitas pessoas ansiosas e estressadas, e aquelas que já apresentavam certo tipo de ansiedade, agravaram”, conta a psicóloga clínica e hospitalar da clínica Biotipo Gabriella Ciardullo.

Ainda de acordo com a psicóloga, o bruxismo é uma das primeiras manifestações clínicas do estresse, pois funciona como uma válvula de escape, onde a pessoa descarrega a tensão. “Para que se manifeste, não é necessário que o indivíduo tenha históricos de estresse ou ansiedade. Algo pontual pode acontecer e desencadear, como a morte de um ente querido ou a falência de uma empresa”, explica.

O dentista especialista em implante e prótese Ítalo Barbosa lembra que a condição é multifatorial. Pode ter relação com predisposição genética; distúrbio do sono; refluxo; e hábitos adquiridos, como o consumo excessivo de café e outras bebidas estimulantes, e o tabagismo.

O ranger dos dentes e a pressão fazem com que os músculos envolvidos na mastigação, o masseter e o temporal, fiquem mais fortes, provocando dor no local ou irradiada para o pescoço. Outras complicações são a retração da gengiva e algumas lesões na língua, quando o paciente a pressiona contra os dentes.

A condição não tem cura, segundo Barbosa, mas a dor pode ser amenizada com alternativas que relaxem os músculos, como compressa morna dos dois lados do rosto e o consumo de uma maçã, para fadigar o músculo nas mordidas e relaxá-lo em seguida, ambos antes de dormir.

Outras opções são o uso da placa de proteção dentária durante a noite pelos adultos e, em casos mais graves, tratamentos com eletroestimulação; remédios relaxantes musculares; ou o botox, todos para deixar a musculatura menos tensa.

Para evitar que os casos se agravem, Gabriella sugere que tudo aquilo que leve a potencializar a ansiedade e o estresse sejam minimizados, como a cafeína após às 18h, o tabagismo e a ingestão de bebidas alcoólicas.

Boas práticas que ajudam a controlar os sintomas são: atividade física moderada, alimentação saudável, ter prazeres diários, fazer terapia, meditar e realizar uma boa higienização do sono, como evitar os estímulos luminosos dos aparelhos eletrônicos antes de dormir.

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