A nova subvariante do coronavírus, a Ômicron BQ.1, já foi identificada em três estados brasileiros (Amazonas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul). A BQ.1 é uma ramificação da subvariante BA.5, e uma das mais de 300 sublinhagens da variante Ômicron que circulam no mundo.
A sublinhagem foi identificada pela primeira vez na Europa e está sendo associada ao aumento de infecções na França, Alemanha e Estados Unidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a BQ.1 já está presente em, ao menos, 65 países.
A BA.5 contém mutações genéticas que tornam mais difícil que ela seja reconhecida e neutralizada pelo nosso sistema imunológico, mesmo após a vacina ou infecções anteriores por outras sublinhagens do vírus.
“Vemos que a Ômicron tem se diversificado e gerado novas variantes que requerem nossa atenção, como a BQ.1.1, além de variantes recombinantes, que tem ‘partes combinadas’ de outras variantes, como a XBB.1. Com o crescimento das variantes, em diferentes partes do mundo, devemos manter a atenção e o investimento em vigilância genômica”, afirmou a cientista brasileira Mellanie Fontes-Dutra, no Twitter. Ela coordena a Rede Análise Covid-19.
BQ.1 no Brasil
A subvariante foi identificada pela primeira vez no Brasil em 20 de outubro, após um sequenciamento feito pela Fiocruz Amazonas no estado. A notificação do Rio de Janeiro ocorreu no sábado (5/11) e partiu de uma mostra recolhida de uma mulher de 35 anos, moradora da zona norte da capital fluminense.
Ela já tinha recebido quatro doses da vacina contra a Covid-19 e apresentou apenas sintomas leves da doença. A paciente não havia viajado anteriormente, o que indica que houve transmissão comunitária, ou seja, o vírus está em circulação local.
De acordo com o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, a subvariante pode estar relacionada ao aumento no número de casos de Covid-19 verificado nas últimas semanas no estado.
Uma análise dos últimos 15 dias mostrou o aumento da taxa de positividade dos testes do tipo RT-PCR e de antígeno para Covid-19 no Rio de Janeiro, passando de 3% para 7% e de 5% para 16%, respectivamente.
Um outro caso de Covid provocado pela subvariante foi confirmado no domingo (6/11) no Rio Grande do Sul. O paciente está internado em Porto Alegre para tratamento de uma síndrome respiratória aguda grave
Reforço funciona?
Dados do sistema de saúde francês mostram, no entanto, que o aumento de casos não levou a uma elevação da taxa de hospitalizações ou mortes no país. Afim de evitar casos graves, o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, orientou a população a completar o esquema vacinal com as doses disponíveis.
“É uma subvariante que não tem nenhum sinal de maior gravidade do que as outras subvariantes, mas merece toda atenção para aquela população que ainda não se vacinou. Então as pessoas que não tomaram a dose de reforço devem procurar uma unidade de saúde para realizá-la, porque a vacina protege contra a subvariante para internação e para óbito”, disse à Agência Brasil.

Diante do cenário de pandemia e da ampliação da dose de reforço, algumas pessoas ainda se perguntam qual é a importância da terceira dose da vacina contra a Covid-19Istock

A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzemRafaela Felicciano/Metrópoles

Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doenteTomaz Silva/Agência Brasil

Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequadaHugo Barreto/Metrópoles

Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes. O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante novaWestend61/GettyImages

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma Rafaela Felicciano/Metrópoles

Um estudo conduzido pela University Hospital Southampton NHS Foundation Trust, no Reino Unido, mostrou que pessoas que receberam duas doses da AstraZeneca tiveram um aumento de 30 vezes nos níveis de anticorpos após reforço da vacina da Moderna, e aumento de 25 vezes com o reforço da PfizerArthur Menescal/Especial Metrópoles

As reações à dose de reforço são semelhantes às duas doses anteriores. É esperado que ocorram sintomas leves a moderados, como cansaço excessivo e dor no local da injeção. Porém, há também relatos de sintomas que incluem vermelhidão ou inchaço local, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, febre ou náuseaRafaela Felicciano/Metrópoles

Vale ressaltar que o uso de três doses tem o principal objetivo de diminuir a quantidade de casos graves e o número de hospitalizações por Covid-19Vinícius Schmidt/Metrópoles
Um estudo realizado em parceria pelas farmacêuticas Pfizer/BioNTech mostrou que a dose de reforço da vacina bivalente – atualizada com as subvariantes BA.5 e BA.4 e o vírus original – produz uma forte resposta imunológica em adultos mais velhos.
Os testes foram feitos com 36 voluntários adultos, com 55 anos ou mais. Exames de sangue mostraram que o imunizante aumentou os níveis de anticorpos neutralizantes contra as subvariantes BA.4 e BA.5 em quatro vezes após um mês, em comparação com a vacina original.
Autorização
A agência Food and Drug Administration, órgão equivalente à Anvisa nos Estados Unidos, autorizou, em agosto, a comercialização e a aplicação da vacina atualizada da Pfizer em uso emergencial.
A farmacêutica também pediu autorização para aplicação da fórmula no Brasil, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não emitiu o parecer final.
Os estudos não mostram se ela aumenta a proteção contra a subvariante BQ.1, mas especialistas acreditam que sim, pois a versão se originou da BA.5. “É bastante plausível considerar que os reforços atualizados oferecerão boa proteção contra essas e as próximas variantes”, afirmou a cientista Mellanie Fontes-Dutra no Twitter.
(Com informações das agências Brasil e Reuters)
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