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Amamentação afeta risco de obesidade da criança aos 9 anos, diz estudo

Estudo alemão aponta que crianças amamentadas por mais de seis meses tinham menor percentual de gordura do que as não amamentadas

atualizado

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Westend61/Getty Images
Mãe amamenta bebê em foto em que não se vê o rosto de nenhum dos dois- Metrópoles
1 de 1 Mãe amamenta bebê em foto em que não se vê o rosto de nenhum dos dois- Metrópoles - Foto: Westend61/Getty Images

Uma pesquisa apresentada na Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD) em Hamburgo, Alemanha, estabeleceu uma conexão entre o uso de leite artificial infantil e a introdução precoce de bebidas gaseificadas e adoçadas com níveis mais elevados de gordura corporal durante a infância.

Os resultados revelaram que, aos nove anos, crianças amamentadas por seis meses ou mais tinham uma porcentagem de gordura corporal inferior às que não receberam leite materno durante o mesmo período – o grupo inclui quem nunca foi amamentado ou recebeu leite materno por menos de seis meses.

Ainda segundo o estudo, crianças que não consumiram bebidas gaseificadas antes dos 18 meses de idade também demonstraram ter um percentual de gordura menor aos nove anos. A pesquisa dá ênfase à teoria de que a forma como uma criança é alimentada na infância pode estar relacionada à sua suscetibilidade à obesidade mais tarde na vida.

“Numerosos estudos examinaram a ligação entre a alimentação infantil e o risco de excesso de peso ou obesidade infantil com base no índice de massa corporal (IMC)”, afirma a pesquisadora Catherine Cohen, afiliada ao Campus Médico Anschutz da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. “No entanto, o IMC é uma medida grosseira da adiposidade na infância. Neste estudo, pretendemos expandir a pesquisa anterior examinando associações de práticas de alimentação infantil com uma medida mais precisa da porcentagem de gordura”, acrescenta.

O encontro na Alemanha acontece até sexta (6/10).

Perfil dos participantes

Foram analisados mais de 700 pares de mãe e filho que participaram do estudo longitudinal Healthy Start 1, focado em como o estilo de vida e o ambiente das mães durante a gravidez podem influenciar o crescimento e desenvolvimento de seus filhos. As mulheres tinham em média 29 anos quando participaram do estudo, e 51% dos bebês eram do sexo masculino.

As mães foram entrevistadas quando seus filhos tinham seis e 18 meses de idade, e responderam perguntas sobre práticas alimentares, duração e exclusividade da amamentação em comparação com o uso de fórmula infantil, bem como a idade em que os filhos foram apresentados a alimentos complementares, como sólidos ou qualquer líquido além de leite materno ou fórmula.

Os pesquisadores agruparam os bebês conforme a duração da amamentação (seis meses ou mais ou menos seis meses), a idade de introdução de alimentos complementares (antes dos quatro meses, cinco meses ou mais) e a idade de introdução de bebidas gaseificadas (18 meses ou mais ou menos 18 meses).

Padrões de alimentação infantil influenciam

Os resultados mostraram que, aos cinco anos, a porcentagem média de gordura era de 19,7%. Aos nove anos, o número diminuiu para 18,1%. Os padrões de alimentação infantil não estavam ligados a diferenças na gordura corporal aos cinco anos de idade.

Entretanto, uma menor duração de amamentação e a introdução precoce de bebidas gaseificadas estavam associadas a aumentos mais rápidos da gordura corporal nas duas avaliações na infância e, consequentemente, a uma maior porcentagem de gordura corporal aos nove anos.

Em particular, crianças amamentadas por menos de seis meses tinham em média 3,5% a mais de gordura corporal aos nove anos em comparação com aquelas amamentadas por seis meses ou mais.

Risco de obesidade

Catherine pondera que embora este estudo não forneça uma explicação definitiva, pesquisas anteriores sugerem que a ligação entre amamentação e risco de obesidade pode estar relacionada às diferenças na composição nutricional do leite materno em comparação com a fórmula infantil.

Além disso, diferenças na regulação do apetite e o impacto do leite materno no microbioma da criança estão sendo investigados como possíveis fatores biológicos.

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Os pesquisadores também observaram que crianças que consumiram bebidas gaseificadas e adoçadas antes dos 18 meses tinham cerca de 7,8% a mais de gordura corporal, em média, aos nove anos, em comparação com aquelas que experimentaram essas bebidas pela primeira vez após os 18 meses.

Bebidas gaseificadas contribuem para gordura

Por fim, os autores do estudo testaram se o efeito da introdução precoce de bebidas gaseificadas e adoçadas variava de acordo com a duração da amamentação.

Eles descobriram que a associação entre a introdução precoce dessas bebidas e a mudança na porcentagem de massa gorda na infância era semelhante mas um pouco mais forte em crianças amamentadas por menos de seis meses (+1,87% de gordura corporal por ano) do que nas que receberam leite materno por seis meses ou mais (+1,49% de gordura corporal por ano).

A idade da criança na introdução de alimentos complementares não estava fortemente relacionada à porcentagem de massa gorda na infância. Todos os resultados foram ajustados para fatores como sexo, etnia, idade materna, escolaridade, renda, IMC pré-gestacional e peso ao nascer.

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Os autores destacaram que os padrões de alimentação infantil, especialmente a duração da amamentação e a introdução precoce de bebidas gaseificadas e adoçadas, podem influenciar os níveis de gordura corporal em idades posteriores na infância.

Eles enfatizam ainda a importância da amamentação para a saúde infantil e sugerem adiar a introdução de bebidas gaseificadas durante essa fase crítica da vida. Catherine aponta que estudos adicionais são necessários para confirmar se esses resultados são aplicáveis a outras populações.

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