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Racismo: menino é xingado de “macaco” e “projeto de bandido” em escola

Mãe de menino de 9 anos registrou boletim de ocorrência para denunciar racismo em escola municipal de Santos, no litoral paulista

atualizado

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Arquivo pessoal
Imagem colorida de Nayara e do filho Arthur Antonio, que são negros e sorriem para a foto. Ele está na frente, com os braços cruzados, de camisa de botão branca. Ele está atrás, de camiseta preta - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Nayara e do filho Arthur Antonio, que são negros e sorriem para a foto. Ele está na frente, com os braços cruzados, de camisa de botão branca. Ele está atrás, de camiseta preta - Metrópoles - Foto: Arquivo pessoal

São Paulo – A mãe de um estudante de 9 anos afirma que o filho foi vítima de racismo, com xingamentos de “macaco”, “projeto de bandido” e ordens para “comer banana”, dentro de uma escola municipal de Santos, no litoral paulista. A Polícia Civil e a prefeitura investigam os episódios.

O caso aconteceu na Unidade Municipal de Educação (UME) Professor Waldery de Almeida, no bairro Jardim Santa Maria, onde a criança estudava. Mãe do menino, Nayara Cristina Alves, de 37 anos, foi até o 5º Distrito Policial de Santos e registrou um boletim de ocorrência por injúria racial no dia 3 de outubro.

Segundo o documento, obtido pelo Metrópoles, Arthur Antonio era vítima de xingamentos de colegas de sala de aula que o chamavam de “sujo”, “macaco”, “cabelo duro” e o mandavam “comer banana”.

A criança também sofria ameaças na escola municipal. “Eu vou matar você, sua mãe e todo mundo”, é uma das frases atribuídas aos agressores.

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O problema, no entanto, teria escalado na véspera do registro do boletim de ocorrência. Na ocasião, a madrasta de um dos estudantes teria chamado seu filho de “projeto de bandido” e “delinquente”.

Racismo

Ao Metrópoles, Nayara diz que as agressões contra seu filho aconteciam desde o ano passado, mas de forma mais velada.

Com o tempo, segundo relata, o menino começou a dar sinais de que sofria violência. “Por que a senhora é branca e eu nasci assim?”, teria perguntado à mãe, que tem a pele mais clara do que ele.

“Neste ano, as coisas ficaram muito piores e ele começou a não querer ir para a escola”, afirma Nayara. “Ele tentava responder aos ‘amigos’ à altura, como eu mesma ensinei quando ouvisse palavras como ‘macaco’, e várias vezes houve ocorrências”.

Para a mãe, o principal problema está na política de educação, já que os funcionários do colégio não souberam reprimir o racismo nem acolher Arthur Antonio.

“A aluna [que fez os xingamento], tal qual o meu filho, é uma criança”, diz. “O que me causa espanto é que só o meu filho era observado. Eu não via nenhum outro pai ser chamado na escola”.

Omissão

Nayara conta que começou a ser chamada para assinar várias advertências na escola envolvendo revides do seu filho. No episódio mais recente, no dia 2 de outubro, a diretoria teria deixado o papel exposto para os outros pais que foram buscar seus filhos na unidade.

Foi nessa ocasião que Nayara foi abordada pela madrasta de um dos alunos. “Você está criando um projeto de bandido, um delinquente, um burro”, teria dito a mulher.

A mãe da vítima de racismo afirma que acionou a Guarda Civil, mas a viatura foi dispensada pela escola assim que chegou.

“A escola foi omissa. Eu ouvi da vice-diretora que isso era algo corriqueiro de criança. E eu não aceito”, afirma Nayara. A agressora não foi identificada no boletim de ocorrência.

Educação

Arthur Antonio foi transferido de escola após o episódio. “O meu filho estava com medo de ver ‘a mulher de novo’ e machucar ele . Chora nas madrugadas. Não aceita o tom de pele”, diz Nayara.

Em nota, a Prefeitura de Santos afirma que “repudia qualquer ato de racismo” e que está tomando providências.

“A Secretaria de Educação de Santos (Seduc) informa que a supervisão de ensino está apurando as informações e acompanhando o caso, para orientar a equipe gestora da escola sobre os procedimentos que devem ser tomados em relação aos estudantes”, diz o comunicado.

“A Seduc informa, ainda, que repudia qualquer ato de racismo e injúria racial e que desenvolve um trabalho de conscientização na rede municipal de educação, por meio de palestras e visitas às unidades de educação, para que questões raciais sejam temas de discussões e reflexões”, completa o texto.

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