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Greve em SP: passageiros recorrem a Uber e até desistem de trabalhar

Greve de funcionários do Metrô e da CPTM lota pontos de ônibus perto de estações; apenas duas linhas da CPTM estão operando parcialmente

atualizado

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Jessica Bernardo/Metrópoles
foto colorida de ponto de ônibus lotado perto da estação Jabaquara em meio à greve do Metrô e da CPTM - Metropoles
1 de 1 foto colorida de ponto de ônibus lotado perto da estação Jabaquara em meio à greve do Metrô e da CPTM - Metropoles - Foto: Jessica Bernardo/Metrópoles

São Paulo – A greve unificada de funcionários do Metrô e da CPTM em São Paulo lotou terminais e pontos de ônibus nas imediações das estações na manhã desta terça-feira (3/10). Muitos passageiros tiveram que recorrer a carros de aplicativo para chegar ao trabalho e houve quem desse meia-volta em direção a suas casas.

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Quatro linhas do Metrô e três da CPTM estão completamente fechadas. Duas linhas de trens urbanos estão operando parcialmente (7-Rubi e 11-Coral). As linhas de metrô e trem concedidas à iniciativa privada funcionam normalmente.

A paralisação foi marcada em protesto contra o plano de concessões e privatizações do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e tem adesão de funcionários da Sabesp, a companhia estadual de abastecimento de água e coleta de esgoto.

Entre os passageiros, o clima esta manhã era de indignação. No Jabaquara, zona sul, dezenas se pessoas se aglomeravam nos pontos de ônibus próximos (veja abaixo). Com a estação fechada, os coletivos ficavam lotados rapidamente e agentes da SPTrans tentavam organizar o embarque da população.

O vigilante Renato Sanches contou que costuma pegar o Metrô para o trabalho às 5h30. Com a greve, tentou embarcar em um ônibus, mas até 6h40 não tinha conseguido seguir o caminho para o trabalho, na Alameda Santos. “O problema é o colega que está lá esperando, trabalhou a noite toda, quer ir embora e a gente está aqui”, afirmou.

Funcionária da limpeza da estação, Amara Marcelina se preparava para um caminho longo até sua casa, na Penha, zona leste. “Eu acho que vou chegar na minha casa umas 8h30, 9h”, disse ela, às 6h. Normalmente, o caminho leva cerca 50 minutos de Metrô.

Amara contou que não tem opinião formada sobre a greve, mas lamentou o impacto no transporte. “Fica ruim quando a gente vai pra casa, mas o que é que a gente pode fazer, né?”, disse.

A jovem Sara da Silva costuma pegar o ônibus para o trabalho em frente à estação Jabaquara às 6h30 e viu o número de passageiros aumentar na manhã desta terça. Ela contou que perdeu três ônibus por não conseguir embarcar. “Eu vou esperar até o momento que eu possa entrar”, disse.

“Na outra greve eu fui num ônibus muito ruim, muito lotado. O pessoal estava saindo por cima das portas, estava perigoso”, afirmou Sara, dizendo que não quer passar pelo mesmo desta vez.

A greve também impactou quem chega de outras cidades para trabalhar em São Paulo. Moradora de Santos, no litoral Paulista, a enfermeira Silva Luna disse que não sabia o tamanho da greve e deu de cara com a porta da estação fechada.

“Vou perder o dia de serviço, não tem como. Vou ter que repor outro dia isso, vou ter que trabalhar em dobro”, disse Silvia.

Opção pelo Uber

Em um ponto de ônibus próximo à Estação da Luz, região central, a situação não era diferente. Talita Costa, 25 anos, que mora no Jardim São Paulo, na zona norte, trabalha em um colégio em São Caetano, no ABC.

“Normalmente, venho de Metrô e trem rapidinho. Hoje tive que vir de ônibus. Vim para cá sem saber o que fazer. Estou perdida”, disse. “Vou acabar pegando um Uber aqui no ponto de ônibus. Mas morro de medo, aqui é perigoso para caramba. Vou ficar moscando aqui com o celular na mão e ainda gastar uma nota.”

Já o carpinteiro Saulo Soares, 44 anos, que também estava em um ponto na Luz, desistiu de ir ao trabalho por volta de 7h. Ele voltou para casa de ônibus.

“Eu estava indo para o Tucuruvi, na zona norte, pelo Paese. Mas os colegas que trabalham comigo disseram que não conseguiram chegar, então decidi ir para casa”, contou Saulo.

Ônibus fretados

A greve atrapalhou também quem utiliza ônibus fretados para se deslocar até o trabalho. Moradores da zona leste da capital relataram desencontros e demora.

Um dos embarques é feito em frente ao ponto da Radial Leste, em Itaquera, próximo ao terminal de ônibus municipal. Guilherme e Tainá moram em Itaquaquecetuba contaram que tiveram que ir até Itaquera com carro de aplicativo. Eles pagaram R$ 45 pela viagem.

Juliana, outra passageira, mora na Vila Santana, bairro de Itaquera, e chegou ao terminal pouco antes das 7h. Ela era uma das últimas na fila do fretado, que tinha mais de uma centena de pessoas aguardando. Segundo relatos, as primeiras pessoas da fila, que trabalham com telemarketing, chegaram às 5h.

Até o horário em que o Metrópoles acompanhou o grupo, por volta de 7h30, os fretados ainda não tinham passado no ponto.

Linhas fechadas

De acordo com o governo do estado, o Metrô e a CPTM estão funcionando da seguinte forma:

Metrô

• Linha 1- Azul: fechada
• Linha 2- Verde: fechada
• Linha 3-Vermelha: fechada
• Linha 15- Prata: fechada

CPTM – em operação parcial desde às 5h

• Linha 7- Rubi: de Caieiras a Luz
• Linha 10- Turquesa: fechada
• Linha 11-Coral: de Guaianases a Luz
• Linha 12- Safira: fechada
• Linha 13- Jade: fechada

Segundo o governo, as seguintes integrações estão abertas nesta manhã: Linha 7-Rubi na Estação Barra Funda com a Linha 8-Diamante; Linha 11-Coral e 7-Rubi na Estação Luz com a Linha 4-Amarela. As transferências com a Linha 3-Vermelha, na Barra Funda, e com a Linha 1-Azul, na Luz, continuam fechadas.

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As linhas de transporte metropolitano já concedidas à iniciativa privada, 4-Amarela e 5-Lilás, de metrô, e 8-Diamante e 9-Esmeralda, de trem, estão operando normalmente. Ainda assim, a expectativa é que a paralisação provoque caos no trânsito da cidade.

Juntos, Metrô e CPTM transportam, todos os dias, cerca de 4,2 milhões de passageiros, considerando apenas as linhas administradas pelas duas estatais e que devem ter a operação afetada pela greve.

Em nota, o governo do estado informou que “atua ininterruptamente para que a população não seja prejudicada pela greve ilegal de servidores da CPTM, Metrô e Sabesp nessa terça-feira (3)”.

“É absolutamente injustificável que um instrumento constitucional de defesa dos trabalhadores seja utilizado por sindicatos para ataques políticos e ideológicos à gestão comandada pelo governador Tarcísio de Freitas”, disse o governo.

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