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Derrotado em eleição, André Negão não explica áudio com doleiro; ouça

Apontado como intermediário de suposto caixa 2 da Odebrecht a Andrés Sanchez, ex-vice do Corinthians foi gravado falando sobre “encomenda”

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Foto colorida de André Luiz de Oliveira, o André Negão, candidato a presidente do Corinthians - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de André Luiz de Oliveira, o André Negão, candidato a presidente do Corinthians - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

São Paulo — Ex-dirigente do Corinthians e candidato derrotado à presidência do clube na eleição do último fim de semana, André Luiz de Oliveira, o André Negão, nunca explicou o teor das gravações nas quais ele aparece falando sobre entrega de “encomenda” na sua casa com um funcionário do doleiro que operava os pagamentos ilícitos da Odebrecht a políticos e agentes públicos.

Como mostrou o Metrópoles, André Negão é apontado desde 2016 como intermediário do suposto caixa 2 de R$ 3 milhões da Odebrecht que teria sido pago ao ex-deputado federal e ex-presidente corintiano Andres Sanchez, em 2014. Ambos negam as acusações. O caso está sob investigação há cinco anos na Polícia Federal (PF) e André Negão não foi ouvido mesmo tendo sido flagrado em conversas telefônicas com o funcionário do doleiro (ouça abaixo).

As gravações são um dos elementos de corroboração de prova disponíveis aos investigadores. Embora a conversa sobre a encomenda não seja explícita, os dias e horários das ligações coincidem com as informações das mensagens de Skype trocadas pelos funcionários da transportadora de valores contratada para fazer as entregas de dinheiro vivo da Odebrecht. Além disso, os valores e senhas escritos no aplicativo são os mesmos das planilhas da empreiteira.

Áudio

O áudio exibido acima pela reportagem foi gravado pela corretora de câmbio do doleiro Álvaro Novis, parceiro da Odebrecht, em agosto de 2014, quando André Negão era dirigente do clube, Andrés era candidato a deputado e a Arena Corinthians, construída pela Odebrecht, havia sido inaugurada há três meses para o jogo de abertura da Copa do Mundo no Brasil.

Na conversa, Márcio Amaral, que era funcionário de Novis, diz a André Negão que tem “o restante de uma encomenda” a ser entregue no duplex dele, no Tatuapé, zona leste de São Paulo. O dirigente corintiano diz que não está em casa naquele momento e pede para que a entrega seja feita à filha dele, Gabriela.

Quando o áudio ganhou o noticiário, em 2019, a defesa de André Negão afirmou que o dirigente reconhecia sua voz na gravação, mas que ele desconhecia as “circunstâncias” da conversa. Disse que ele recebia “entregas diversas” diariamente e negou ter recebido dinheiro da Odebrecht por meio do doleiro.

Segundo a planilha da empreiteira e as mensagens de Skype da transportadora, R$ 1 milhão teriam sido entregues no endereço de André Negão em duas viagens naquele mês, nos dias 15 e 18. No dia da conversa gravada, o valor da entrega apontado nos registros da transportadora era de R$ 250 mil.

Compra de euros

Ao Metrópoles, pessoas próximas afirmam que André Negão apresentou uma versão a aliados no clube, quando o caso veio à tona, para se defender do áudio. Ele teria admitido ser ele mesmo no áudio e que a conversa tratava sobre entrega de dinheiro, mas não da Odebrecht.

Segundo essa versão, ele não recebeu R$ 1 milhão em espécie naquela ocasião, em 2014, mas apenas alguns milhares de euros que teria comprado do doleiro, cuja corretora de câmbio ficava sediada no Rio de Janeiro.

André Negão teria dito que o doleiro foi indicado a ele por um empresário do ramo do futebol e que a compra de euros foi feita para uma viagem a Portugal, onde ele visitaria o filho André Vinícius, que jogava no time português União Madeira, em 2014. Ele foi jogador do Corinthians, mas passou a maior parte do tempo emprestado a outros clubes até encerrar a carreira.

A outras pessoas, contudo, ele já teria dito que a encomenda era um material para sua filha e que jamais colocaria seus filhos em uma situação que fosse ilegal.

O Metrópoles procurou André Negão para saber qual era a encomenda anunciada pelo funcionário do doleiro a ele por telefone, mas o advogado João Oliveira disse que conversou com seu cliente e que ele “não tem nada a declarar ou acrescentar”.

Segundo o advogado, André Negão “não está no polo passivo da ação da Justiça Eleitoral”, que investiga o suposto caixa 2 da Odebrecht a Andrés Sanchez e que o processo penal contra ele na Justiça Federal, que seria por causa das armas sem registro encontradas pela PF no apartamento dele, “foi arquivado”.

O único depoimento prestado por André Negão foi em março de 2016, antes da descoberto dos áudios do doleiro, quando ele foi alvo de busca e apreensão na Operação Lava Jato, depois que seu nome foi encontrado na planilha da Odebrecht vinculado a um pagamento de R$ 500 mil. Ele acabou sendo preso em flagrante por guardar duas armas em casa sem registro e foi liberado após pagar fiança de R$ 5 mil. Na ocasião, André Negão negou ter recebido dinheiro da empreiteira.

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