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Aluno se automutilou ao fazer suástica e quis ver o ataque

Estudante que matou aluna de 17 anos e feriu outras duas a tiros dentro de escola também quis saber sobre a repercussão do ataque

atualizado

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Marcelo S. Camargo/Governo de SP
Imagem colorida da fachada da Escola Estadual Sapopemba, onde houve ataque a tiros que matou aluna de 17 anos na zona leste de Sâo Paulo - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida da fachada da Escola Estadual Sapopemba, onde houve ataque a tiros que matou aluna de 17 anos na zona leste de Sâo Paulo - Metrópoles - Foto: Marcelo S. Camargo/Governo de SP

São Paulo – O aluno de 16 anos que cometeu o ataque à Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, na última segunda-feira (23/10), automutilou-se ao desenhar uma suástica na panturrilha, fez postagens de cunho neonazista e racista nas redes sociais e pediu para assistir a imagens do atentado durante depoimento à polícia.

O adolescente deu várias versões sobre a motivação para o cometimento do ataque – ele matou a estudante Giovanna Bezerra da Silva, de 17 anos, e feriu outras duas alunas de 15 anos. Apontou desde o bullying que sofria com provocações e xingamentos pelo fato de ser homossexual até o ódio a um professor e dois alunos, sem, entretanto, dar uma razão precisa – Giovanna não estava entre os estudantes pelos quais nutria rancor, segundo ele.

Um detalhe que chamou a atenção dos policiais foi o fato de que o estudante manifestou interesse em ver vídeos do ataque que praticou – o que lhe foi negado – e também quis saber qual tinha sido a repercussão do seu ato. Antes de atirar nas vítimas, ele havia iniciado no banheiro da escola uma transmissão pelo aplicativo Discord, rede social bastante usada pelos jovens.

Segundo pessoas envolvidas na investigação, o atirador desenhou a suástica na panturrilha como forma de ganhar destaque dentro de um grupo do qual fazia parte no Discord, rede na qual também anunciou o plano de cometer o ataque à escola. Essa seria uma maneira de se afirmar em relação aos outros. Ele ainda teria desenhado uma suástica no rosto e divulgado a imagem em rede social, o que o levou a perder seguidores e um suposto contrato para gravar uma música.

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Uma das suspeitas da polícia é de que o adolescente tenha sido incentivado no Discord a cometer o atentado, e recebeu instruções sobre como usar o revólver calibre .38. Ele pegou escondido a arma usada no crime, na casa do pai, no fim de semana que antecedeu o ataque.

A polícia também investiga uma série de IPs de internet de integrantes do grupo do qual ele fazia parte. A principal dificuldade nas investigações é que eles estão localizados fora do Brasil, estratégia comum entre usuários da dark web para dificultar o trabalho da polícia.

O grupo do qual o adolescente fazia parte já estaria sendo investigado em inquérito que tramita em outro departamento da Polícia Civil de São Paulo, com apoio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) do Ministério da Justiça, que apura a atuação de grupos extremistas na internet.

No 69º Distrito Policial (Teotônio Vilela), há três inquéritos relacionados ao atentado. Um deles é só o ato infracional em si, o ataque cometido na escola. O segundo diz respeito à responsabilidade do pai do adolescente, um motoboy de 51 anos, pela arma usada na tragédia. O terceiro trata da formação de organização criminosa, com eventual participação de outras pessoas no assassinato ocorrido na instituição de ensino.

O caso levou ainda a outro inquérito, esse sobre o vazamento de imagens do atentado na Escola Estadual Sapopemba.

Defesa

O advogado Douglas Oliveira, que assumiu a defesa do adolescente nessa terça-feira (24/10), após a saída de Antonio Edio, afirmou que foi decretada a internação do seu cliente menor de idade e que agora será solicitado um acompanhamento psiquiátrico para ele.

“Vamos solicitar ao magistrado que ele tenha um acompanhamento psiquiátrico para verificar algum distúrbio. Ele pode ter algum problema mental, uma inimputabilidade”, disse.

O delegado pediu à Justiça a quebra do sigilo telefônico do adolescente para investigar a participação de terceiros. “Hoje, podemos falar que não teve nenhuma participação. Mas a polícia vai investigar o celular para ver se ele fazia parte de um ou mais grupos”, disse o advogado.

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