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Atritos com bolsonaristas e “affair” com PT marcam 1º ano de Tarcísio

Em seu 1º ano de governo, Tarcísio de Freitas enfrentou uma série de atritos com bolsonaristas em SP e manteve boa relação com governo Lula

atualizado

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Ricardo Stuckert / PR
Imagem colorida mostra Alckmin, Tarcísio e Lula, segurando um papel para mostrar aos fotógrafos, no Planalto. Os 3 estão de terno azul - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra Alckmin, Tarcísio e Lula, segurando um papel para mostrar aos fotógrafos, no Planalto. Os 3 estão de terno azul - Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert / PR

São Paulo — O primeiro ano de mandato do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo foi marcado, na arena política, por uma série de atritos com bolsonaristas, principais cabos eleitorais na campanha de 2022, e uma relação amistosa com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), incluindo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que foi seu adversário nas urnas.

O maior exemplo disso foi o apoio de Tarcísio à reforma tributária, aprovada na semana passada pelo Congresso e considerada a maior conquista do primeiro ano do governo Lula. O governador discutiu o assunto pessoalmente com Haddad e foi hostilizado por bolsonaristas em julho, por causa de sua posição, durante uma reunião que contou com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu padrinho político.

Os atritos com o bolsonarismo, contudo, começaram ainda antes da posse de Tarcísio, em 1º de janeiro. Os principais motivos foram a falta de cargos a bolsonaristas no governo, ante um amplo espaço na máquina entregue a aliados do secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD), e declarações públicas na qual o governador tentou se desvencilhar da direita radical e pregou uma relação republicana com o governo petista.

Nesta semana, o Metrópoles publica uma série de reportagens com o balanço do primeiro ano de governo de Tarcísio nas principais áreas da administração pública, como Segurança, Educação e Saúde. Veja abaixo, os principais tópicos que marcaram o primeiro ano de mandato do governador na arena política:

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Entre o bolsonarismo e o PT

Com um governo composto por nomes de confiança trazidos do Ministério da Infraestrutura, quadros indicados por Kassab, seu principal articulador político, e ainda uma fração bolsonarista no primeiro escalão, Tarcísio tem se equilibrado entre o discurso moderado e pragmático, que negocia pautas e verbas com o governo Lula em Brasília acolhe demandas da oposição em São Paulo, e acenos à base radical do bolsonarismo.

Por um lado, o governador já teve uma série de reuniões com Lula e Haddad em Brasília, condenou os atos golpistas do dia 8 de janeiro, e abriu canal de interlocução com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), maior desafeto dos bolsonaristas. Em uma das manifestações mais criticadas por aliados, disse em entrevista, ainda antes da posse, que nunca foi um “bolsonarista raiz”.

Ao mesmo tempo, Tarcísio nomeou dois expoentes do bolsonarismo como secretários — Guilherme Derrite (Segurança Pública) e Sonaira Fernandes (Políticas para a Mulher) —, hospedou Jair Bolsonaro no Palácio dos Bandeirantes durante visitas do ex-presidente a São Paulo, e bancou um projeto de anistia na Assembleia Legislativa (Alesp) que livrou Bolsonaro de pagar quase R$ 1 milhão em multas por não usar máscara durante a pandemia.

Quando está diante da base bolsonarista, Tarcísio enfatiza que Bolsonaro é o líder político da direita e que tem uma “dívida de gratidão” com o ex-presidente, que o escolheu para ser candidato a governador de São Paulo. Já em eventos institucionais, como na apresentação do balanço de um ano na semana passada, o governador pondera o pragmatismo. “Sou o governador de oposição que todo mundo queria. Não fico no Twitter, não fico criticando em rede social. Eu trabalho”, disse.

Republicanos na base de Lula

O ápice da insatisfação política externada por Tarcísio ocorreu em agosto, quando o governador cogitou deixar o Republicanos caso o partido aderisse à base do governo Lula. “O que eu disse ao presidente do meu partido é que ficaria muito ruim a gente integrar a base do governo. Não é o caso. É o meu partido e a gente não tem como compor um ministério do governo federal”, disse o governador na ocasião.

À época, especulou-se que Tarcísio poderia trocar o Republicanos, partido ao qual se filiou para concorrer ao governo paulista, pelo PSD de Kassab ou pelo PL de Bolsonaro. Mas nada mudou. O deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) acabou assumindo o Ministério dos Portos e Aeroportos em setembro, o partido de Tarcísio permaneceu votando majoritariamente a favor do governo Lula no Congresso, embora se declare independente, e governador decidiu continuar na legenda.

Pressão da bancada paulista

A maior dor de cabeça política para Tarcísio, como ele mesmo admite a aliados, vem da ruidosa bancada bolsonarista na Alesp. Insatisfeita com a falta de espaço no governo e com alguns acenos do governador à esquerda, os deputados estaduais do PL fiéis a Bolsonaro criaram até uma bancada paralela para avaliar projetos do governo de forma “independente”.

Mais do que o impacto que o grupo formado por oito parlamentares pode provocar nas votações em plenário, considerado mínimo, a preocupação de Tarcísio e seu entorno é com o desgaste que esses deputados mais radicais podem causar à imagem do governador nas redes sociais, onde possuem milhares de seguidores.

No início do mês, Tarcísio chamou os bolsonaristas da bancada paralela para uma reunião no Palácio dos Bandeirantes, horas antes da votação do projeto de privatização da Sabesp, que era sua prioridade no ano. Além de enfatizar a necessidade de apoio do grupo na defesa das pautas do governo, o governador destacou que sua postura “republicana” é importante, inclusive, para ajudar Bolsonaro, distensionando a relação com outros atores importantes, em especial, ministros do STF. Mesmo assim, ouviu críticas e cobranças para dar mais espaço no governo aos nomes e aos ideais bolsonaristas.

Embate com grevistas

Para esses aliados mais radicais, o governador pode ser bem avaliado pela postura diante das greves convocadas por sindicatos de funcionários do Metrô, da CPTM e da Sabesp contra o plano de privatizações de seu governo. Tarcísio classificou a última paralisação que provocou um caos no transporte público na capital paulista, em novembro, como “irresponsável e cruel”, cobrou multas elevadas aos sindicatos na Justiça, por descumprimento de ordem judicial, e mandou punir servidores que cruzaram os braços.

As greves foram o ponto de maior embate entre Tarcísio e os partidos de esquerda. Mas ainda assim, o conflito político ficou mais centrado na figura do deputado federal Guilherme Boulos e seu partido, o PSol, que ligado os líderes grevistas, do que no PT do presidente Lula. Boulos é considerado o principal adversário do prefeito Ricardo Nunes (MDB), aliado de Tarcísio, na eleição à Prefeitura da capital no ano que vem.

Auxiliares de Tarcísio enxergam a postura firme do governador contra as greves, assim como a defesa da privatização de estatais, como exemplos importantes para mostrar ao eleitor as diferenças da gestão dele em relação ao governo do PT, sem precisar partir para ataques diretos a Lula e outros adversários na esquerda como pregam os bolsonaristas mais radicais.

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