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Como treinar competências e habilidades para os vestibulares?

Alunos precisam se transformar em candidatos e a quantidade em excesso de ferramentas tradicionais não promovem essa transformação

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Vestibular-UnB-2019
1 de 1 Vestibular-UnB-2019 - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Com uma certa dose de dor e depois de muito tempo, mais exercícios, mais repetição, mais testes e mais aulas palestradas podem até apresentar algum resultado, mas não prepararão o aluno de forma integral e, muito menos, darão conta de desenvolver todas as competências que ele necessita para enfrentar os desafios dos vestibulares ou dos exames, como por exemplo, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Em outras palavras, alunos necessitam se transformar em candidatos e a quantidade em excesso de ferramentas tradicionais de ensino, como o aumento da carga horária do indivíduo em sala de aula, não promovem, por si só, tal transformação.

Nesse processo, uma das melhores saídas é o desenvolvimento de competências socioemocionais. Candidatos devem aprender a colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para controlar emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável, entre outros.

As competências socioemocionais são habilidades que você pode aprender, pode praticar e pode ensinar. Longe de ser um modismo, a preocupação com o desenvolvimento dessas características precisa ser entendido como um processo de formação integral, que não se restringe à transmissão de conteúdo.

A nova visão não implica em deixar de lado o grupo de competências conhecidas como cognitivas (interpretar, refletir, pensar abstratamente, generalizar aprendizados), até porque elas estão relacionadas estreitamente com as socioemocionais. Pesquisas revelam que alunos que têm competências socioemocionais mais desenvolvidas apresentam maior facilidade de aprender os conteúdos acadêmicos.

A neurociência já provou que competências socioemocionais não são inatas e fixas. A nossa capacidade de neuroplasticidade já está comprovada e afirma que otimismo, resiliência e rapidez na socialização, por exemplo, podem ser aprendidas.

Entre os psicólogos, tem crescido o reconhecimento de que é possível analisar a personalidade humana em cinco dimensões, conhecidas como Big Five: abertura a novas experiências, extroversão, amabilidade, consciência e estabilidade emocional.

É quase um lugar comum dizer que o mundo atual é complexo demais para caber no currículo das escolas, mas o importante, segundo o pesquisador belga Filip de Fruyt, é entender “por que algumas pessoas conseguem lidar melhor com essa complexidade do que outras”.

Para dar conta dessa tarefa, as escolas do século 21 precisam descobrir como inspirar os alunos enquanto eles aprendem. Com estudos orientados, tutorias e projetos é possível ajudar os alunos a conhecerem o que gostam de estudar, como preferem aprender, o que os faz desistir, em que costumam errar, quais emoções os dominam quando fracassam ou são provocados. Em especial, estimulá-los a descobrir quais são os sonhos e de que forma persistir em alcançá-los.

Alunos mais responsáveis, focados e organizados aprendem em um ano letivo cerca de um terço a mais de matemática do que os colegas que apresentam essas competências menos desenvolvidas. Em português, os efeitos são semelhantes e alunos mais abertos e protagonistas têm o aprendizado impulsionado em um terço.

Nessa jornada da transformação de alunos em candidatos se faz necessário uma nova proposta de curso, um novo professor e um novo aluno.

Quais competências socioemocionais são mais importantes?
Criatividade e inovação, pensamento crítico e resolução de problemas, comunicação e colaboração. Flexibilidade e adaptabilidade, iniciativa e autonomia, habilidades sociais e interculturais, produtividade e capacidade de assumir compromissos, liderança e responsabilidade. Autoconhecimento, estabilidade emocional, resiliência, coerência, sociabilidade, abertura ao novo e responsabilidade. Tendência a ser aberto a novas experiências estéticas, culturais e intelectuais. Inclinação a ser organizado e esforçado. Agir de modo cooperativo e não egoísta. Estabilidade Emocional (previsibilidade e consistência de reações emocionais, sem mudanças bruscas de humor).

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