Após quase oito meses de conflito, a tensão no Leste Europeu fez com que um dos aliados mais próximos de Vladimir Putin decidisse enviar os próprios filhos, ainda adolescentes, para a linha de frente da guerra.
Em seu perfil oficial no Telegram, o presidente da Chechênia, Ramzan Kadyrov, publicou um vídeo afirmando que seus filhos, que têm 14, 15 e 16 anos, estão prontos para a guerra. Nas imagens, Akhmat, Eli e Adam aparecem vestidos com roupas camufladas e manejam armas de grosso calibre, como metralhadoras e lança foguetes, em meio ao que parece ser um campo de treinamento militar.
Ramzan Kadyrov: O principal objetivo de qualquer pai é incutir em seus filhos o temor de Deus e ensiná-los a proteger a família, o povo, a pátria. O chefe da República da Chechênia, Ramzan Kadyrov, observou que um menor não deve interferir no treinamento pic.twitter.com/4D2NWh174D
— Soldado de Cristo 🇷🇺🇸🇾🇸🇦🇷🇸🇺🇦🇰🇬🇦🇱 (@TeodoroSampai12) October 3, 2022
“Sempre acreditei que o principal objetivo de qualquer pai é incutir piedade em seus filhos e ensiná-los a proteger a família, o povo e a pátria. Se você quer paz, prepare-se para a guerra!”, escreveu o aliado de Putin.
Segundo o líder checheno, o treinamento dos filhos começou “há muito tempo”, e hoje eles já são capazes de manejar diversos equipamentos militares em um conflito real.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
OTAN/Divulgação
Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
Vinícius Schmidt/Metrópoles
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“Eu não estou brincando. Chegou a hora de mostrar em uma luta real [as habilidades], e esse é o desejo deles. Eu só acolho. Em breve eles irão para a linha de frente”, escreveu.
O anúncio, além de inusitado, acontece depois de críticas públicas de Kadyrov a um alto militar russo após avanços da Ucrânia no conflito, que provocou a convocação de mais de 300 mil reservistas para reforçar o exército da Rússia.