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Lasers espaciais da Nasa mapeiam lagos de água derretida na Antártica

Novo estudo da Nasa mostra lagos de água derretida na Antártica com precisão impressionante

atualizado

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Goddard Space Flight Center da NASA / Dr. Kelly Brunt
Gelo na Antártica
1 de 1 Gelo na Antártica - Foto: Goddard Space Flight Center da NASA / Dr. Kelly Brunt

Um manto de gelo perpétuo e calmo é a única visão que se tem ao contemplar a Antártica de cima. No entanto, a estrutura preservada há milhões de anos esconde grandes mistérios em seus milhares de metros de profundidade, como centenas de lagos de água derretida, onde sua base encontra o leito rochoso do continente.

Cientistas devotos aos estudos desta região inóspita agora conseguem melhorar os mapas desses sistemas de lagos ocultos sob a camada de gelo da Antártica Ocidental com o uso do satélite de elevação 2 de gelo, nuvem e terra da Nasa: o ICESat-2.

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Um novo estudo feito com o avançado instrumento, publicado nessa quarta-feira (7/7) na Geophysical Research Letters, descobriu outros dois lagos subglaciais ativos. Alguns desses lagos se enchem e drenam continuamente através de um sistema de cursos d’água que eventualmente drenam para o oceano.

Os lasers conseguem, com precisão impressionante, detectar novos lagos subglaciais do espaço, bem como para avaliar como este sistema de encanamento oculto influencia a velocidade com que o gelo desliza para o Oceano Antártico, adicionando água doce que pode alterar sua circulação e ecossistemas.

O satélite mede a altura da superfície do gelo, que, apesar de sua enorme espessura, sobe ou desce à medida que os lagos se enchem ou se esvaziam sob o manto de gelo.

Água conectada

Os sistemas hidrológicos sob a camada de gelo da Antártica são um mistério há décadas. No entanto, em 2007, a glacióloga Helen Amanda Fricker, do Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia em San Diego, fez uma descoberta que ajudou a atualizar a compreensão clássica dos lagos subglaciais na Antártica.

Usando dados do predecessor do ICESat-2, o ICESat, ela conseguiu analisar que, sob as correntes de gelo da Antártica, uma rede inteira de lagos se conecta, enchendo e drenando ativamente ao longo do tempo. Até então, os cientistas acreditavam que esses lagos retinham a água do degelo estaticamente, sem encher e drenar.

A nova pesquisa – feita entre Fricker e Matthew Siegfried, assistente professor de geofísica na Colorado School of Mines, Golden, Colorado (EUA) – mostra que um grupo de lagos incluindo os lagos Conway e Mercer sob os fluxos de gelo Mercer e Whillans na Antártica Ocidental estão passando por um período de drenagem pela terceira vez desde que a missão ICESat original começou a medir mudanças de elevação na superfície do manto de gelo em 2003. Os dois lagos recém-descobertos também situam-se nesta região.

Além de fornecer dados vitais, o estudo também revelou que os contornos ou limites dos lagos podem mudar gradualmente conforme a água entra e sai dos reservatórios.

Estudo crucial

Medições precisas da água derretida basal são cruciais para que os cientistas obtenham uma melhor compreensão do sistema de encanamento subglacial da Antártica. Com elas é possível saber como toda essa água doce pode alterar a velocidade da camada de gelo acima ou a circulação do oceano para o qual finalmente flui.

Rastrear processos complexos com missões de satélite de longo prazo fornece insights cruciais sobre o destino da camada de gelo. Uma parte importante do que os glaciologistas descobriram sobre os mantos de gelo nos últimos 20 anos vem das observações de como o gelo polar está mudando em resposta ao aquecimento da atmosfera e do oceano

“Processos ocultos, como a forma como os sistemas de lagos transportam água sob o gelo, também será fundamental em estudos futuros da camada de gelo da Antártica”, concluiu Helen Amanda Fricker.

 

 

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