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Suspeita de fraudes e hackers, Binance vai dar workshop ao MP do Rio

O tema do treinamento? Política de prevenção à lavagem de dinheiro. Workshop vai acontecer nos próximos dias 8 e 9 de agosto

atualizado

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1 de 1 Binance - Foto: Divulgação

A corretora Binance, que tem sido usada por hackers, traficantes de drogas e até mesmo pelo garimpo ilegal para lavagem de dinheiro, vai dar um workshop a promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) sobre… lavagem de dinheiro.

O treinamento ocorrerá nos próximos dias 8 e 9 de agosto. Serão abordados os conceitos de blockchain e criptoativos, as políticas de AML (prevenção à lavagem de dinheiro) da Binance e os processos e ferramentas desenvolvidos pela empresa para colaboração com as autoridades no combate a crimes cibernéticos e financeiros.

O workshop será conduzido pelo departamento de investigações da exchange. Entre os palestrantes estão o chefe de Inteligência e Investigações para a região Ásia-Pacífico, Jarek Jakubcek, e o especialista em investigações na América Latina, Renato Barreto.

Maior corretora do mundo, a Binance conduziu treinamento semelhante para investigadores da Polícia Federal (PF) no fim de junho.

Investigação publicada pela agência Reuters revelou que a Binance serviu como lavagem para um total de ao menos US$ 2,3 bilhões (o equivalente a R$ 12,6 bilhões na cotação atual) decorrentes de hacks, fraudes de investimento e vendas de drogas ilegais, entre 2017 e 2021. Para fazer o levantamento, a agência entrevistou pesquisadores, autoridades policiais e vítimas em uma dúzia de países, inclusive na Europa e nos Estados Unidos.

No último sábado (23/7) o Metrópoles revelou que a exchange também foi usada no Brasil para lavar dinheiro do garimpo ilegal de ouro.

A PF revelou que o grupo empresarial alvo da Operação Ganância movimentou dinheiro na plataforma sem declarar ao Fisco. Só um dos empresários investigados girou cerca de US$ 3 milhões (R$ 16 milhões), entre 12 de junho de 2019 e 1º de novembro de 2021.

A corretora também foi uma das empresas usadas no esquema de pirâmide financeira atribuído ao ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins.

“Risco de lavagem”

No Brasil, o Banco Central (BC) notificou o banco Acesso, responsável pelas transações da corretora, a respeito do alto risco de lavagem de dinheiro nas operações e exigiu o envio de informações detalhadas sobre os clientes, como revelou o jornal Folha de S. Paulo.

O BC apurou que a Binance teria movimentado R$ 40 bilhões em 2021 sem que se tivesse qualquer controle sobre quem foram os clientes e se a origem dos recursos era lícita.

Além disso, a corretora já admitiu publicamente não seguir determinações da Receita Federal para evitar crimes fazendários e financeiros. Em comunicado, a empresa disse que não reporta ao órgão as operações dos clientes brasileiros por ser uma firma “internacional”, como revelou o jornal O Globo.

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