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Dicas para harmonizar vinhos com peru, chester e pratos do Natal

As festas de fim de ano pede menu e bebidas que conversem entre si

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Foto colorida de pessoas brancas realizando um brinde com taças - Metropóles
1 de 1 Foto colorida de pessoas brancas realizando um brinde com taças - Metropóles - Foto: Pexels

O Natal, festa em celebração ao nascimento de Jesus, abarca todas as celebrações de fim de ano, como as confraternizações do trabalho e dos grupos de amigos. É um tempo para se fazer a contabilidade do ano que passou. Em seguida vem o Ano Novo e com a festa de Réveillon, o momento de renovar as esperanças e de fazer novas promessas.

Esta é, portanto, uma época de brindar a vida, o que se conquistou até aqui e tudo que virá. Se você quiser tomar um vinho especial a ocasião é essa: dificilmente conseguirá, ao longo do ano, reunir tantas justificativas boas.

O que se busca na harmonização dos vinhos com os pratos natalinos é aumentar o prazer ao degustar a ceia. No entanto, a combinação deve se dar sem estresse, visto que são muitos pratos diferentes. Ainda bem que estamos tendo muitas ceias de final de ano, assim dá para ir elegendo a cada vez um prato como o principal.

Lembre-se apenas que a arquitetura de uma refeição segue algumas regras simples dos pratos mais delicados e leves para os mais encorpados e robustos. Os vinhos acompanham o mesmo crescendo. É uma questão relativa à nossa capacidade de sentir o paladar dos alimentos e de se satisfazer com eles: temos de ir dos sabores mais discretos para os mais fortes. A nossa sensibilidade à acidez vai aumentando durante a refeição, portanto, os alimentos mais ácidos têm de vir na frente. Ao mesmo tempo, suportamos melhor o amargor: foi do nosso paladar que veio a regra de se beber primeiro o vinho branco e depois o tinto. Para o sal presente ao longo de toda refeição, encerramos com um pedido do paladar, uma contrapartida doce.

Há pratos tradicionalmente clássicos na ceia de Natal e acredito que o peru, seguido pelo chester, seja a principal ave servida. Segundo uma fábula britânica sobre a origem da ave, num tempo muito distante, um pavão lindo e exuberante estava muito triste por não poder voar e ficava a contemplar o urubu a dominar o céu. Em compensação, o urubu também vivia triste por ser considerado por todos como a ave mais feia que existia. Um desejava o que o outro tinha. Certo dia, tiveram a ideia brilhante e óbvia: por que não cruzar e gerar filhotes lindos e com grande capacidade de voo? Parece que, neste caso, o urubu era uma fêmea.

Então cruzaram e daí nasceu o peru: é feio e não voa, mas é delicioso e dá a maior força na ceia de Natal.

Assim como os pratos, temos os vinhos clássicos para estas festas. Entra aí o imbatível e alegre espumante, com vários nacionais ótimos, que podem acompanhar todas as entradas tradicionalmente servidas. Mas o legal mesmo seria ter um champanhe para a hora do brinde, só unzinho, assim não aumentaria tanto o orçamento. Bem, tem o Réveillon também, então duas garrafas de champanhe. Já está ficando meio caro.

O nosso amigo peru, o que morre de véspera, assim como o rival chester, o pernil de porco, o lombo suíno e o bacalhau vão bem com um tinto mais leve, um Gamay, Merlot,Tempranillo, Sangiovese ou um Pinot Noir, todos com pouca maturação e taninos não agressivos. Neste nosso Natal sem neve e quente, estas carnes, principalmente as brancas, também podem ser muito bem acompanhadas por vinhos brancos mais estruturados, que passaram por madeira, das uvas Chardonnay, Viognier ou da Antão Vaz, exclusiva de Portugal.

Uma sugestão de serviço é deixar o molho das carnes à parte: quem gosta da brincadeira de harmonização das comidas com o vinho pode se divertir melhor.

Para as sobremesas existe tanta coisa boa, mas fica a dica: a doçura do vinho deve ser igual ou superior à da sobremesa. Pensando na rabanada, panetone e nas frutas secas, os vinhos de colheita tardia (late harvest), na folga orçamentária um Sauternes, que é elaborado com uvas botritiszadas, fungo que resseca as uvas concentrando seu açúcar. Se quisermos voltar aos espumantes, um Moscatel.

Para sobremesas mais doces um vinho do Porto, de estilo Tawny ou um Moscatel de Setúbal. Um vinho especial é o vinho do gelo, o icewine, uma profusão de aromas e camadas de sabores doces neste quase licor obtido de uvas naturalmente congeladas nas parreiras.

Feliz Natal e um feliz Ano Novo é o que desejo para todos.

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