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“Palhaço” não é xingamento. É elogio e feminino! Eis quatro razões

São muitos os nomes espalhados pelo Distrito Federal a nos mostrar que ser palhaço não é algo ofensivo. Pelo contrário, é privilégio

atualizado

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Sauá Filmes/Divulgação
Música Clássica_Ana Luiza Bellacosta_Foto Sauá Filmes
1 de 1 Música Clássica_Ana Luiza Bellacosta_Foto Sauá Filmes - Foto: Sauá Filmes/Divulgação

O dicionário define a palavra “palhaço” como… Calma, brincadeira! Não dá para começar uma matéria assim, seria palhaçada contigo. Opa! E desde quando “palhaçada” é algo ruim?! E não é que, mesmo sem querer, utilizamos “palhaço” (e derivados) de forma pejorativa. Quem nunca? E estamos falando justamente de um dos mais dignos e generosos ofícios do mundo, inteiramente voltado para te fazer rir, sorrir, refletir e espantar a tristeza. Ou seja, no fundo, aqueles que chamamos pejorativamente de palhaços são justamente os últimos a merecer tão formoso elogio.

Pois vim ressaltar que palhaço é dos melhores adjetivos. E digo mais: adjetivo feminino. E são muitos os exemplos, daqui do próprio Distrito Federal, a nos ensinar que palhaçaria é babado para poucos. Quer dizer, para poucas. Eis quatro artistas que enchem a boca, pintam o nariz e estufam os peitos para gritar aos quatro cantos do mundo que são palhaças!

Ana Flavia Garcia

Se ainda não conhece o trabalho de Ana Flavia Garcia, certamente, teatro (ainda) não é sua praia. Uma das mais habilidosas artistas do Distrito Federal, Ana Flavia transita com maestria entre os ofícios de atriz, diretora e palhaça. Vencedora do Prêmio Sesc do Teatro Candango de melhor atriz, sob a batuta de Jonathan Andrade em Tsunami, Ana se destaca na palhaçaria não somente como provocadora de risos, mas por compreender que o humor pode ser uma das melhores ferramentas de debate político. E ela usa essa arma como ninguém.

Ana Luiza Bellacosta

Não é nada fácil me fazer rir. Vivo por uma gargalhada, mas não esbarro com elas como gostaria no teatro. Pois eu me acabo com Madame Froda, a palhaça vivida por Ana Luiza Bellacosta (foto principal). Dona de uma naturalidade absurda em cena, Ana não precisa de muito para alcançar o público. É daquelas artistas que estabelecem uma empatia de imediato e nos convidam logo a entrar no clima. Não há mau humor que resista. O segredo, ao meu ver, está justamente na proposta de uma arte despretensiosa e despojada, naquele esquema “menos é mais”. Quem sabe entreter não precisa inventar ou mirabolar. Só pelo olhar, Madame Froda faz eu me mijar.

Elisa Carneiro

Da mesma maneira que Ana Flavia e Ana Luiza, Elisa Carneiro também se sobressai pela versatilidade. Ora envolta por drama, ora debruçada sobre a comédia, seja como atriz ou palhaça, Elisa se destaca no teatro físico e na disponibilidade em dar vida a personagens tão distintos. Integrante do grupo Celeiro das Antas – uma referência em palhaçaria do Distrito Federal -, ela divide o tempo entre empreitadas coletivas e individuais. Em 2019, não à toa ao lado de Ana Luiza e Ana Flavia, Elisa roda o país à frente do Cabaré das Rachas, no qual atrizes-palhaças dão aula de teatro, política e girl power.

Facebook / Divulgação

Manuela Matusquella

Mestre em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília, Manuela Matusquella passou as últimas duas décadas pesquisando, vivenciando e desdobrando a palhaçaria, sempre focada no protagonismo feminino do movimento. Por conta das colaborações em diversas iniciativas, como Circa Brasilina, Pipocando Poesia ou o festival Palhaças do Mundo, Matusquella se tornou um dos mais importantes nomes na celebração às artistas que enveredam pela vida circense e pela arte do clown. Quando tiver a chance de conferir qualquer uma dessas quatro artistas em cena, aposto que vai pensar duas vezes antes de voltar a chamar alguém de “palhaça”. Poucas pessoas merecem tamanho elogio.

João Américo / Divulgação

 

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