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Vídeo: médico do HRS diz que pacientes “esperarão quanto for preciso”

Secretaria de Saúde afirmou que o profissional só tentou explicar a situação às pessoas que estavam aguardando atendimento

atualizado

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Um médico do Hospital Regional de Sobradinho (HRS) foi gravado, nessa quinta-feira (23/05/2019), dizendo a pacientes que eles deveriam “esperar quanto fosse preciso” porque não havia “ninguém com risco de vida”. No vídeo, o profissional aparece cercado por seguranças da unidade em frente às pessoas que buscavam atendimento no local.

Uma das pacientes, ao ouvir a frase do médico, o questionou sobre o estado de saúde de cada um da sala de espera: “Como é que o senhor sabe quem está com risco de vida e quem não está?”. No entanto, o servidor afirmou saber o que estava fazendo.

“Minha filha, tem 30 anos que eu trabalho aqui. Aquela senhora que estava na cadeira de rodas estava [com risco de morte]. Se você acha que alguém vai morrer no meu plantão, até as 17h, você anota aí. Eu não vi ninguém aqui com risco de vida”, reafirmou.

Versão oficial
Procurada, a Secretaria de Saúde disse que a atitude do médico ocorreu na tentativa de “explicar a situação aos pacientes e informar que a internação estava lotada e que, por esse motivo, o atendimento estava lento e priorizava os casos mais graves”.

De acordo com a pasta, o plantão vespertino do HRS contava com três clínicos naquele momento, e a internação do hospital estava superlotada. Segundo a secretaria, existem 22 leitos no local, mas 50 pacientes estavam internados.

Veja o vídeo da discussão:

Morte e exoneração
O caso aconteceu menos de duas semanas depois de Beatriz Viana da Silva, 19 anos, morrer devido a uma parada cardiorrespiratória no local. A família da vítima diz que houve omissão de socorro. Segundo o marido dela, Wesley Nascimento, o casal esteve no HRS, no sábado (11/05/2019) pela manhã, para que a jovem recebesse assistência. Lá, foram informados de que o atendimento emergencial não estava funcionando, pois só havia um médico disponível, o qual havia ficado responsável por cuidar dos pacientes que se encontravam internados.

Ainda de acordo com o viúvo, com a recusa na prestação do atendimento, ele carregou a mulher nos braços até uma clínica particular perto do hospital, a fim de que a esposa recebesse alguma avaliação. Após atendimentos preliminares, o médico percebeu que o local não teria condições de atender a jovem. Wesley voltou à unidade de saúde, sozinho, exigindo socorro.

Durante a espera, Beatriz sofreu mais uma parada cardíaca, foi atendida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada ao HRS, mas acabou morrendo. O corpo foi levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), como se o falecimento tivesse acontecido por causas naturais, mas a família pediu que a necropsia ficasse a cargo do Instituto Médico Legal (IML).

Após saber do caso, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), exonerou toda a diretoria do HRS – segundo ele, por não estarem cumprindo a obrigação deles. “Não estão dando a atenção à população que deveriam dar. Já dei a determinação para o secretário de Saúde, Osnei Okumoto. Não vou admitir esse tipo de atendimento à população. Quero dizer à família que vamos buscar a responsabilização do que aconteceu”, disse.

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