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“Só queremos justiça”, dizem familiares de jovem que morreu no HRS

O corpo de Beatriz Viana, 19 anos, foi velado e enterrado no cemitério de Sobradinho. Parentes acusam hospital de omissão de socorro

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Wesley Nascimento
1 de 1 Wesley Nascimento - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Justiça. Esse era o desejo presente na tarde desta terça-feira (14/05/2019) no cemitério de Sobradinho, onde foi velado e sepultado o corpo de Beatriz Viana da Silva, 19 anos. Familiares e amigos se encontraram para se despedir da jovem e buscar respostas para a morte dela, vítima de uma parada cardíaca na porta do Hospital Regional de Sobradinho (HRS). Na opinião deles, houve negligência e omissão de socorro.

Bianca Viana da Silva, irmã de Beatriz, disse que a busca agora só pode ser por justiça. “Negaram atendimento, sim. Wesley chegou com ela no hospital nos braços e disseram que só atendiam quem já estava lá dentro. Não quiseram nem fazer a triagem”, acusou.

Cristiane Pereira, 36 anos, é madrinha de Wesley Nascimento, viúvo de Beatriz. Segundo ela, toda a família está em choque. “A mãe está tão abalada que parece não entender. O marido ficou tão triste que pensou em se matar”, revelou. “Só queremos justiça. Não desejamos o mal de nenhum funcionário”, destacou, sobre o sentimento da família e dos amigos.

Beatriz e Wesley são pais de Isaías, de seis meses. Com o bebê no colo, Letícia Mendes, 19, amiga de infância da vítima, ressaltou a relação da jovem com o filho. “Era a paixão da vida dela. Amava muito a criança. Depois que engravidou, ficou por conta e fazia de tudo por ele.”

A relação de amor também foi destacada por Cristiane. Ela contou que a esposa de Wesley sentia dores no estômago desde quinta-feira. “A intenção dela era ir ao hospital e resolver o problema. Tinha até planejado ir logo depois da consulta comprar um andador para o Isaías. Ela nem queria presente de Dia das Mães, só isso.”

Letícia disse que Beatriz era uma pessoa excepcional. “Maravilhosa. Desde que me entendo por gente, eu a conheço. Ela foi mais que uma amiga, foi como uma irmã para mim.” Segundo a jovem, a amiga era muito calma e se dava bem com todos. “Só tem coisa boa para lembrar dela. Nunca teve problema com ninguém, uma pessoa muito amável.”

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Exonerações
Nesta terça, o governador Ibaneis Rocha (MDB) cobrou a publicação no Diário Oficial do DF da exoneração da diretoria do HRS. Ele determinou a saída dos gestores após as denúncias sobre falhas no atendimento. O gestor pediu apoio aos servidores no sentido de prestarem um serviço de melhor qualidade, e disse que vai mudar diretores sempre que episódios como esse se repetirem.

De acordo com o relatado por Wesley Nascimento, marido de Beatriz, o casal esteve no HRS, no sábado pela manhã, para que a jovem recebesse assistência, porque sentia fortes dores no estômago. Lá, foram informados de que o atendimento emergencial não estava funcionando, pois só havia um médico disponível, o qual ficou responsável por cuidar dos pacientes que já se encontravam internados.

Ainda segundo o viúvo, com a recusa na prestação do atendimento, ele carregou a mulher nos braços até uma clínica particular próximo ao hospital, a fim de que a esposa recebesse alguma avaliação. Após atendimentos preliminares, inclusive referentes a uma parada cardíaca, o médico percebeu que o local não teria condições de atender a jovem. Wesley voltou ao hospital, sozinho, exigindo socorro.

Durante a espera, Beatriz sofreu mais uma parada cardíaca, foi atendida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada ao HRS, mas acabou morrendo. O corpo foi levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), como se o falecimento tivesse acontecido por causas naturais, mas a família pediu que a necrópsia ficasse a cargo do IML.

O que diz a Secretaria de Saúde
De acordo com a Secretaria de Saúde, Beatriz não chegou a entrar no HRS no sábado pela manhã, tendo permanecido no carro enquanto Wesley solicitava atendimento. Com relação à morte da jovem, a pasta afirma que ela chegou com parada cardiorrespiratória, foi realizada manobra de reanimação por 45 minutos, mas não houve resposta.

Segundo a direção do HRS, a unidade decretou bandeira vermelha na sexta-feira (10/05/2019), devido à superlotação da internação. O hospital conta com 22 leitos na Sala Amarela, mas 35 pacientes estavam internados. Na Sala Vermelha, cinco pacientes estavam onde cabem três. Dois médicos atendiam no plantão na sexta à noite e também no sábado (11/05/2019) pela manhã.

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