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Vídeo: homem forja sequestro e tortura para reaver dinheiro no DF

Tentativa era para “sensibilizar” estelionatário a devolver R$ 60 mil, quantia do prejuízo que teve com transação de moeda virtual

atualizado

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Vídeo em que vítima simula tortura para tentar recuperar dinheiro perdido em golpe
1 de 1 Vídeo em que vítima simula tortura para tentar recuperar dinheiro perdido em golpe - Foto: Reprodução

A Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) foi acionada para investigar o suposto caso de sequestro e tortura que se transformou em um grande golpe envolvendo, indiretamente, o estelionatário Marlon Gonzalez, 23 anos, conhecido como o playboy das moedas virtuais.

Em parceria com um empresário lesado pelo falsário, um ex-sócio de Gonzalez fingiu ser espancado, torturado e enforcado para “sensibilizar” o golpista a devolver R$ 60 mil. Durante a apuração, parte da DRS foi acionada e desvendou o falso sequestro.

O caso ocorreu no último sábado (04/04), quando a Polícia Civil do DF recebeu, via disque-denúncias, informações sobre um homem mantido em cativeiro sob tortura. A unidade especializada entrou no circuito e identificou uma chácara no Altiplano Leste como o local onde a suposta vítima era mantida.

Em um vídeo recebido pela PCDF, Felipe Fabiano Amorim é filmado sendo interrogado pelos supostos sequestradores. Completamente nu, com o pescoço amarrado com cordas e uma corrente, ele recebe tapas no rosto, enquanto supostamente é obrigado a contar onde estaria o dinheiro.

Nas imagens, Felipe Fabiano – alvo de inquéritos instaurados na 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) por estelionato – apanha e conta o endereço da mãe de Marlon Gonzalez e o local onde estaria os R$ 60 mil, fruto de um golpe sofrido por empresários durante uma transação envolvendo a compra e venda de bitcoins.

Veja o vídeo:

Falso sequestro

Após identificarem o local onde o homem estava sendo mantido como refém, equipes formadas por nove investigadores, armados com pistolas e fuzis, seguiram para a chácara a fim de libertar a vítima. Quando chegaram ao local, logo perceberam a farsa.

O falso sequestro havia sido organizado pelo dono da propriedade, um empresário enganado por Marlon Gonzalez. Felipe Fabiano havia resolvido ajudar o homem a forjar o sequestro também com a ajuda do caseiro da chácara.

No entanto, Marlon não se mostrou sensibilizado com o ex-sócio sendo torturado e não acenou com a possível devolução do dinheiro. A DRS desfez o cenário do falso sequestro e levou tanto o empresário quanto o caseiro para serem ouvidos em depoimento. Felipe Fabiano também foi localizado e interrogado.

Segundo o diretor do DRS, delegado Leandro Ritt, uma ocorrência com a natureza criminal de exercício arbitrário das próprias razões foi registrada. “No caso, essa apuração só avança se Marlon Gonzalez apresentar queixa, pois ele é o ofendido. No entanto, a Polícia Civil não consegue localizá-lo”, disse.

Outro caso

Apontado pela PCDF como um dos maiores estelionatários do Distrito Federal, tendo provocado prejuízos milionários a investidores do mercado financeiro e de moedas digitais, Marlon foi sequestrado por dois empresários em 25 de agosto do ano passado. Ele deixava uma festa realizada na Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade), no Setor de Clubes Sul.

Investigadores da DRS  indiciaram os dois empresários, que renderam Gonzalez com pistolas. A dupla o levou para um cativeiro e o obrigou a transferir R$ 152 mil em bitcoins para carteiras criptografadas.

Os autores do rapto são credores do golpista e haviam sido enganados por ele em uma transação envolvendo moedas virtuais.

As fraudes cometidas por Marlon foram reveladas em duas matérias publicadas pelo Metrópoles nos dias 25 e 26 de agosto de 2019. O estelionatário viaja o mundo em jatos particulares, hospeda-se em hotéis luxuosos e chegou a gastar R$ 100 mil em uma balada.

No entanto, por trás da ostentação, está um rastro de golpes que ultrapassa a casa dos R$ 3 milhões, segundo apuração da polícia. Fingindo ser um megainvestidor, Marlon usa a lábia para convencer operadores financeiros a pagarem fortunas em transações envolvendo moedas virtuais.

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