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Triste estatística. Duas mulheres são vítimas de estupro por dia no DF

No primeiro trimestre, 168 brasilienses sofreram violência sexual. Um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2016, com 137 vítimas

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1 de 1 estupro1-840×504 - Foto: istock

O primeiro trimestre de 2017 foi de muita violência contra as mulheres do Distrito Federal. A cada dia, duas brasilienses passaram pela dor de um estupro. Violência que atingiu, no total, 168 mulheres entre 1º de janeiro e 31 de março deste ano. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social, que admite: esse foi o crime que mais aumentou no período. O número de estupros teve crescimento de 21,4% em relação aos três primeiros meses do ano passado, quando houve o registro de 137 casos.

De acordo com o relatório da pasta, apenas no mês de março teve 68 casos relatados à Polícia Civil do Distrito Federal. O período foi o mais crítico de 2017 e ligou o sinal de alerta das autoridades, uma vez que violências doméstica e sexual, via de regra, são subnotificadas. Ou seja, muitas mulheres deixam de registrar boletim de ocorrência na polícia. Isso se deve, principalmente, à vergonha e ao medo das vítimas em denunciar seus algozes.

Um dos episódios mais bárbaros deste ano ocorreu em 16 de fevereiro e vitimou uma menina de apenas 11 anos. A criança foi abordada por volta das 7h15, a caminho do colégio. Um homem de 25 anos a abordou e a arrastou para um matagal ao lado da Escola Classe 65, na QNR 2 de Ceilândia, onde a menina estuda. Ali ele a violentou. Pessoas que passavam pelo local não conseguiram impedir o estupro, mas perceberam que algo estava errado e acionaram a polícia. Até os PMs chegarem, a população segurou o suspeito e, revoltada, o agrediu.

Crime silencioso
Segundo especialistas, a violência sexual é sorrateira. Ocorre longe dos olhos de testemunhas, seja no ambiente doméstico ou em vias públicas. No segundo caso, no entanto, os estupradores escolhem na maioria das vezes lugares ermos e pouco iluminados, como matagais. Mas este ano as autoridades se depararam com a violência até em vias com grande circulação de pessoas. Uma mulher, por exemplo, foi abordada quando aguardava um coletivo na L2 Norte, e acabou estuprada atrás da parada de ônibus.

“Há muitos casos na qual a violência ocorre no seio familiar. Vítima e agressor se conhecem e possuem algum tipo de relação interpessoal. São crimes que necessitam, nesse caso, de uma denúncia para que as autoridades possam agir”, comentou o secretário-adjunto de Segurança Pública, coronel Márcio Pereira, confirmando que a subnotificação desse tipo de ocorrência é um problema para as autoridades. Quanto às ocorrências na rua, ele afirmou: “Em relação aos casos ocorridos nas ruas, a Polícia Militar procura aplicar o policiamento ostensivo sempre de forma técnica, nos dias e horários de maior incidência criminal”.

De acordo com o secretário adjunto, dos casos computados neste ano, pelo menos 20% aconteceram em anos anteriores e só foram comunicados às delegacias da Polícia Civil após o encorajamento das vítimas. “No mês de março, por ser comemorado o Dia Internacional da Mulher e, por isso, haver diversas campanhas de valorização das mulheres e de incentivo para que denunciem situações de abuso, o número de registros de crimes voltados à violência sexual tende a aumentar”, explicou Márcio Pereira.

A pasta destacou, ainda, que em cerca de 60% dos casos registrados este ano, as vítimas tinham algum tipo de vínculo com o autor do abuso, que, na maioria das vezes, são vizinhos de onde elas moram, pais, padrastos, namorado, entre outros. “Para esse tipo de situação, é preciso, além de ações de prevenção qualificada por parte das autoridades policiais, o envolvimento de outras áreas de Estado que promovam medidas de conscientização e ofereçam assistência social, psicológica e jurídica às vítimas”, ressaltou.

As demais ocorrências – 40% – são de vítimas que não conheciam os autores, sendo, na maioria dos casos, cometidas em vias públicas. Nesse aspecto, o policiamento ostensivo vem atuando em cima das estatísticas, direcionando ações para os dias, horários e locais mais vulneráveis ao crime. A prevenção, nesses casos, também passa por ações de governo voltadas a melhorias em infraestrutura, como revitalização de espaços públicos, o que inclui iluminação, podas de árvores e matos.

Ainda é pouco

Para o especialista em Segurança Pública George Felipe de Lima Dantas, o patrulhamento – executado pela Polícia Militar – não é o suficiente para coibir e enfrentar esse tipo de crime. “Outros esforços públicos precisam somar-se, antes e depois, aos providos pela polícia. É esse o caso, por exemplo, dos serviços sociais, no sentido da preservação da integridade de crianças, adolescentes e mulheres que vivem em grupos de risco”, considerou Dantas.

De acordo com o especialista, tanto no caso dos estupros quanto de outros crimes, é preciso investir em prevenção qualificada. “Temos que tratar os sintomas que podem provocar esses crimes para não onerar a sociedade inteira com uma repressão que é apenas retórica em termos de resultados, como no combate á violência sexual”, destacou. “Já é tempo de investir no futuro para que a sociedade não tenha que pagar um alto preço pela irresponsabilidade do passado”, disse, lembrando que a Organização das Nações Unidas calcula que a repressão da insegurança custa pelos menos cinco vezes mais do que a prevenção.

Acolhimento
Em Brasília, a Casa da Mulher Brasileira presta atendimento a mulheres que sofrem qualquer tipo de violência, sejam abusos domésticos, assédios, violência na internet ou outras formas de agressões físicas, psicológicas, moral e patrimonial. 

Além da equipe de polícia, há psicólogos e assistentes sociais para prestar atendimento. O espaço conta com brinquedoteca para receber os filhos das vítimas, enquanto as mães registram os casos de violência.

O lugar funciona 24h por dia, todos os dias da semana, e fica no Setor de Grandes Áreas Norte, quadra 601. O telefone é (61) 3324-6508.

 

 

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