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DF: com 72 mortes em 2020, onda de violência assusta brasilienses

Do total de homicídios contabilizados este ano, em 29,6% dos casos, os bandidos usaram armas brancas para assassinarem as vítimas

atualizado

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Os recentes assassinatos elevaram os índices de violência computados nos dois primeiros meses de 2020 e deixara os brasilienses temerosos. Balanço criminal da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) aponta que a capital registrou média diária de um homicídio apenas no primeiro bimestre deste ano. Ao todo, foram 72 mortes entre janeiro e fevereiro.

Do total de homicídios contabilizados, em 29,6% dos casos, os bandidos usaram armas brancas, como facas e objetos perfurocortantes, para assassinar as vítimas. Em um dos casos mais recentes, ocorrido na madrugada dessa segunda-feira (09/03), um homem morreu pós ser esfaqueado perto de passarela da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB).

O crime que vitimou Igor Alves Viana, 29 anos, é tratado como latrocínio (roubo seguido de morte). Algumas horas antes, um homem de 56 anos havia sido atingido por golpes de faca em um forró no Setor M Norte de Taguatinga. A vítima se recupera dos ferimentos.

Na madrugada de sábado (07/03), na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto, um universitário de 28 anos que esperava por transporte de aplicativo levou uma facada no peito e morreu.

Márcio Ribeiro Rocha Júnior e a namorada tinham acabado de sair de uma casa de festas conhecida como Birosca, no Conic, e chamaram um transporte por aplicativo. Segundo o cunhado da vítima, Thales Araújo, que também estava no evento, como o motorista não estava conseguindo encontrá-los, o casal decidiu ir para perto da Rodoviária, a fim de facilitar a localização.

Já próximo ao terminal, os dois foram abordados por pelo menos três bandidos, que levaram os celulares do casal. De acordo com Thales, mesmo sem reagir, Márcio foi atingindo no lado esquerdo do tórax.

Os números justificam a sensação de insegurança entre os brasilienses e apontam para um início de ano mais violento que em 2019, quando a capital teve 10 mortes a menos no mesmo período. Já em relação aos casos de tentativas de homicídios, foram 20 crimes registrados a mais do que no último ano.

Segundo os índices criminais, 168 pessoas foram vítimas de tentativas de homicídio entre janeiro e fevereiro. Desse montante, em quase metade dos casos (49% do total), algozes usaram armas brancas. Em 2019, foram 148 vítimas.

Professor assassinado

Outro episódio trágico que chocou Brasília foi a morte do professor de história Hebert Silva Miguel, assassinado depois de ser esfaqueado durante um roubo de celular em uma parada de ônibus, no Pistão Sul. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu nesse domingo (08/03).

De acordo com Daniel de Paula Miguel, 40, tio da vítima, a vida de Herbert sempre foi de batalha constante. “Ele nasceu prematuro, teve problema na perna e precisou fazer tratamento até os 12 anos”, lembra. Sem desistir, Hebert conseguiu se formar em história e foi conquistando os próprios sonhos. “Quebrou as barreiras. O sonho dele era mudar o mundo. Era um exemplo”, destaca.

O corpo do docente foi velado nessa segunda-feira (09/03). Professores e alunos da Escola Municipal Machado de Assis, no Novo Gama (GO), Entorno do DF, onde o professor lecionava também estiveram presentes no velório. O colégio decretou luto suspendeu as aulas ao longo do dia.

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Mercado clandestino

Por trás das seis facadas que vitimaram o professor Hebert, Márcio e tantas outras vítimas, há um grande mercado clandestino de venda de celulares roubados e furtados. Não é preciso sair dos grandes centros urbanos do Distrito Federal para comprar aparelhos sem procedência.

De acordo com os números da segurança pública, em 2019 foram registrados 13.017 furtos de aparelhos na capital do país. Em 2016, ocorreram 5.213 delitos dessa natureza. Ou seja, em apenas três anos, houve um salto de 149% nos furtos.

Nesse final de semana, o Metrópoles mostrou como funcionam as feiras de venda ilegal dos aparelhos celulares que, em sua maioria, são provenientes de crimes como furtos e roubos. As vendas ocorrem em grandes centros de compras e em plena luz de dia em regiões populosas, como a Rodoviária do Plano Piloto, Ceilândia e Taguatinga.

Perfil

Dados obtidos pela reportagem demonstram que a maior parte dos homicídios de 2020,  77,8 % deles, foram cometidos por criminosos que já possuíam antecedentes criminais. Em relação às vítimas, 69,5% tinham antecedentes.

Em 73,7% dos crimes registrados mês passado vítima e autor se conheciam. O levantamento revelou ainda que a arma de fogo foi empregada em 68% dos casos.

De acordo com a SSP, a conjunção desses fatores coloca boa parte dos envolvidos nos crimes em um provável grupo de risco elevado, e com baixa possibilidade de atuação de prevenção por parte das forças de segurança. É o caso, por exemplo, dos homicídios decorrentes do chamado “acerto de contas” entre criminosos.

Medidas

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que trabalha para conter a criminalidade. Segundo a pasta, as estratégias adotadas já resultaram na redução de boa parte dos índices de criminalidade.

“Em 2019, por exemplo, o objetivo era fechar o ano com a taxa de 13,4 mortes para cada 100 mil habitantes. Porém, a taxa foi menor: 13/100 mil. Esse é quase o número que precisa ser alcançado este ano, que é de 12,9/100 mil”, disse.

De acordo com a SSP, os casos de homicídio permitem que a pasta trace planejamentos para impedir novas ocorrências. “Sabemos que, como este ano estaremos competindo com o ano passado, o desafio será ainda maior. Vamos intensificar o trabalho para atingir a meta deste ano e superar os ótimos índices de 2019”, destacou ao Metrópoles, o secretário Anderson Torres.

Procurada, a Polícia Militar do DF assegurou ter intensificado o policiamento na capital. No entanto, culpou a reincidência criminal e “brechas na legislação vigente” como fatores que têm dificultado o trabalho da força de segurança.

“A PMDF tem atuado no reforço ao policiamento, mas também tem se deparado com vários reincidentes cometendo novos crimes. Por fim, a corporação ressalta que está atenta aos problemas de insegurança e trabalha com afinco a fim de reduzir ainda mais os índices criminais”, finalizou.

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