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População calcula prejuízos causados pelo temporal que castigou o DF

Moradores e comerciantes estão fazendo a limpeza das casas e lojas. Órgãos públicos promovem corte de árvores e esgotamentos nas residências

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
PrejuizosChuvas (9)
1 de 1 PrejuizosChuvas (9) - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A segunda-feira (22/04/19) após a Páscoa e o aniversário de Brasília amanheceu com a contagem dos prejuízos decorridos da tempestade que atingiu, na tarde de domingo, o Distrito Federal. Comerciantes e moradores fazem a limpeza das lojas e casas que foram alagadas, enquanto o Corpo de Bombeiros percorre as cidades para retirar as árvores que caíram com os fortes ventos, bem como resolver problemas de alagamento.

O funcionário público Marcílio Mahmud, 55 anos, perdeu a maioria dos móveis da residência, localizada na comercial da 705 Norte. Televisão, sofá, cama, roupas e colchões estão entre os objetos danificados. “Moro aqui há 40 anos e nunca vi a água subir desse jeito. Inacreditável”, relatou ao Metrópoles. “A água veio muito forte, como em uma enxurrada. Saímos correndo.”

Mahmud estava com a filha em casa no momento do temporal. A casa, dividida entre subsolo e primeiro andar, ficou com a parte de baixo completamente alagada. “Quando subiu até metade da janela do subsolo a gente se desesperou. Depois dessa, vou ter que mudar daqui”, revelou o servidor.

O Corpo de Bombeiros foi até o local para realizar os esgotamentos – procedimento da retirada de água – na casa de Mahmud e da oficina de peças de automóveis ao lado. De acordo com a corporação, na manhã desta segunda, houve 36 solicitações de corte de árvore e 15, de esgotamento. Funcionários do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) também realizam a limpeza das vias afetadas pela chuva.

Na oficina ao lado, segundo a gerente Josinete Pereira, 45, as peças mais caras foram danificadas no subsolo alagado. Ainda não se sabe a quantia em prejuízo. “A água ficou no joelho e depois vieram muitos escorpiões”, descreveu.

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A tempestade atingiu a capital por volta das 16h. Árvores caíram, tesourinhas ficaram alagadas e a falta de energia atingiu Asa Norte, Asa Sul, Lago Sul e Santa Maria, entre outras áreas. Por conta do temporal, o Aeroporto Internacional de Brasília passou a operar por instrumentos. Decolagens e voos ficaram suspensos por cerca de 20 minutos. A Estação Central do Metrô, na Rodoviária do Plano Piloto, também ficou fechada por duas horas. A W3 Norte foi interditada e só será liberada no final da tarde desta segunda.

O Governo do Distrito Federal (GDF) contou 11 inundações por conta do temporal. A Subsecretaria do Sistema da Defesa Civil informou que foi acionada para ao menos sete ocorrências decorrentes dos estragos causados na Zona Central e na Asa Norte. O órgão estima que os ventos chegaram a mais de 70 km/h. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu 26 milímetros em apenas duas horas de tempestade. No acumulado do mês, já são 292 mm, mais do que o dobro do previsto para abril inteiro.

Há previsão de novas chuvas fortes no DF nos próximos dias. Preventivamente, o governo vai interromper o trânsito nas tesourinhas com maior risco de inundações. O bloqueio terá início quando começar a chover. Por exemplo, na 402 Norte e 110 Norte, 109 e 406 Norte.

Segundo a CEB, houve três ocorrências gerais de falta de energia em todo o DF. Às 16h32, uma árvore na rede ocasionou o desligamento do circuito que atende o Lago Sul, com restabelecimento às 2h04. Na Asa Norte, as quadras SQNs 211 a 216, 411 a 416 e SGANs 610 a 612 ficaram sem luz das 17h05 às 20h20. Em Santa Maria e no Condomínio Porto Rico, um cabo danificado ocasionou o desligamento do circuito que atende a área das 16h19 às 18h06.

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Prejuízos
A loja de sons e equipamentos eletrônicos onde trabalha o funcionário Geovane Dutra, 46, na Asa Norte, foi invadida pela água, que chegou à altura do joelho. A barbearia gerenciada por Damiana Borges, 45, não sofreu o mesmo por pouco. “Não teve nada. Só foi o desespero mesmo. Fizemos o que podíamos fazer. A gente fica apavorado.”

Uma casa no Bloco N da 705 norte está interditada após ser atingida por uma árvore. A obstetra Anna Venturini, 33, relatou o desespero da família durante a tarde de domingo.

Escutei um barulho que não dá nem para mensurar. Desci do segundo andar pra saber se minha mãe estava bem e a vi chorando muito na porta, dizendo que a casa tinha sido destruída

Anna Venturini, moradora da Asa Norte

Ela contou que muita água começou a entrar na casa. “Foi um desespero”. Ela, a mãe e o filho começaram a tentar conter o alagamento antes da chegada dos bombeiros. “Ficamos do lado de fora e desligamos tudo, pois estava dando curto”, diz Anna. “A sorte é que minha tia não tava em casa. Caiu tudo em cima do quarto dela; quebrou a telha e viga.” A família teve que passar a noite fora.

Oficiais da Defesa Civil retornaram ao local nesta manhã para avaliar os danos. O capitão Souza Mendes afirma que, apenas na Asa Norte, foram atendidas 19 ocorrências de corte emergencial de árvores e 12 pontos de alagamento. A energia das residências foi religada nesta segunda-feira. Segundo o tenente-coronel Gleydson, os prejuízos só podem ser quantificados após a retirada da árvore. A Novacap foi acionada para efetuar o corte.

Árvores caíram entre os blocos O e N da 411 Norte:

 

Assista aos vídeos do momento do temporal:

Veja vídeos da chuva forte na Asa Norte:

Universidade de Brasília
Os danos maiores na Universidade de Brasília (UnB) se concentraram no subsolo do Instituto Central de Ciências Norte. A sala da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Pesquisa Social foi tomada pela força da água. Nesta manhã, a professora Valdenizia Peixoto, chefe do departamento de Serviço Social, tentava recuperar o material perdido com algumas alunas.

“Foi um dano coletivo, histórico, de toda uma categoria”, resumiu. A sala guardava arquivos históricos e documentos de longa data, a maioria não digitalizada. Computadores foram danificados. Já a antiga sala de um projeto de extensão da Faculdade de Comunicação também sofreu com a chuva. Alunos se mobilizaram para retirar equipamentos e realizar a limpeza.

Thales Alves, 22, estudante de comunicação, afirmou que os prejuízos em consequência da chuva não devem ser associados à universidade. “Ela vem sofrendo vários cortes de gastos. É um problema de política pública”, ressaltou. “A UnB até fez várias obras de escoamento, mas o GDF vem removendo a estrutura vegetal. Além disso, tem a construção do Noroeste, que gerou consequências em toda a Asa Norte.”

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Veja mais vídeos do temporal:

Na Asa Norte, uma árvore de grande porte caiu na avenida W3 e deixou o trânsito obstruído por alguns minutos. Veja:

Na 309 Norte, o supermercado Pão de Açúcar ficou parcialmente ilhado. Um vídeo feito por um cliente mostra uma cascata de água caindo sobre palets carregados com caixas de cerveja. Assista:

Cratera
No Setor Bancário Sul, a força da água fez uma cratera se abrir no solo, o que resultou em estragos no subsolo de um edifício comercial.

HRAN
O Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) também sofreu com a chuva:

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