metropoles.com

Pesquisa mostra que sete em cada 10 desempregados no DF são negros

No DF, 70,5% dos desempregados são negros. Para pesquisadora, mercado tem rejeitado esses trabalhadores, o que contribui para a desigualdade

atualizado

Compartilhar notícia

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Negro segurando carteira de trabalho - Metrópoles
1 de 1 Negro segurando carteira de trabalho - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Sete de cada 10 desempregados no Distrito Federal são negros. Divulgada nesta sexta-feira (18/11), a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF) revela que 70,5% das pessoas sem trabalho na capital do país não são brancas.

O estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) compara dados do primeiro semestre de 2019 com os do mesmo período deste ano.

A pesquisa abre espaço para um alerta: os negros tem ficado de fora do processo de recuperação do mercado de trabalho após as ondas mais severas da pandemia de Covid-19.

Para a técnica do Dieese Lucia Garcia, especialista em mercado de trabalho e pesquisadora sobre a relações raciais nesse ramo desde 1998, há uma permanência de elementos discriminatórios no mundo profissional. “Será que é verdade que o mercado de trabalho se reanima de maneira igual para negros e não negros?”, questiona.

“A população negra ainda não recuperou o patamar de postos de trabalho que tinha antes da Covid-19. Na comparação entre primeiro semestre de 2019 com o mesmo período de 2022, vimos que o contingente de ocupados entre a população negra está 0,8% menor neste ano do que antes da pandemia. E, entre não negros, está 22% maior. A recuperação pós-Covid é para brancos, não para pardos e pretos. É uma recuperação concentrada e racializada”, observa a pesquisadora.

O estudo revelou, ainda, que os setores de comércio e serviços tendem a evitar a contratação de funcionários negros. Dessa forma, esses trabalhadores não conseguiram se reposicionar nos cargos perdidos na fase crítica da pandemia, enquanto brancos têm sido reabsorvidos pelo mercado.

Para Lucia Garcia, a situação do negro no mercado trabalho ainda é de sofrimento. “Toda vez em que falamos que o desemprego caiu, é bom que saibamos que [as vagas] voltaram a florescer para a população branca”, destaca. Para a pesquisadora, o cenário de perda de vagas entre pretos fomenta o desenvolvimento de uma sociedade desigual e de pouco diálogo.

Um passo atrás

O estudo também mostra que a maioria (63,1%) dos habitantes do DF com 14 anos ou mais é composta por pretos e pardos. Essa parcela soma aproximadamente 1,6 milhão de pessoas. Dessa parcela, considerada economicamente ativa, 17,6% estão sem emprego.

A taxa desemprego entre mulheres negras é de 20,8%, contra 15,7% do público feminino branco. No caso dos homens negros, a taxa fica em 14,8%, enquanto não brancos são 11,8%.

“E trabalhadores negros que ultrapassam a barreira do desemprego continuam se ocupando nas formas de trabalho mais desprotegidas, que levam mais esforço, desgaste, valorizam menos o saber e redundam em menores ganhos”, acrescenta Lucia Garcia. Por isso, segundo a especialista, a população preta e parda tem conseguido mais espaço em funções autônomas, por exemplo.

Atualmente, um homem negro ganha, em média, 64% do que recebe um homem não preto ou pardo no DF. E uma mulher negra recebe apenas 46,7% do que alguém do sexo masculino e branco.

Para Lucia Garcia, os números demonstram que o mercado e a sociedade civil precisam de ações para reduzir a desigualdade. “A luta contra o racismo é de todos. Não basta ser antirracista. Precisamos, realmente, nos mobilizar para que todos entendam as condições [da população negra] e queriam construir uma sociedade mais equitativa, mais justa e que reconheça melhor os esforços de todos na produção da riqueza e do bem-estar”, concluiu.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?