Paralisação de enfermeiros afeta atendimento em hospitais do DF
Funcionários do Hospital de Base do DF e do Hran alertam a população de que a falta de enfermeiros atrasa o atendimento médico
atualizado

Algumas unidades de saúde do Distrito Federal estão com o atendimento à população afetado nesta quarta-feira (21/9) devido à falta de enfermeiros. A categoria está paralisada em parte do país promovendo protestos contra a suspensão do piso salarial. Há manifestações no DF e em Goiás, por exemplo.
Hoje pela manhã, a sala de espera da emergência do Hospital de Base do DF estava lotada. Por volta das 9h30, mais de 45 pacientes aguardavam para passar pela triagem.

Fila de espera no Hospital de Base por causa da falta de enfermeiros Milena Carvalho/Metrópoles

Funcionários do Hospital de Base alertam sobre a demora no atendimento nesta quarta-feira (21/9) Milena Carvalho/Metrópoles

Havia apenas dois técnicos de enfermagem trabalhando na UPA do Núcleo Bandeirante nesta manhã Milena Carvalho/Metrópoles
Mesmo com pulseira de risco amarela, de classificação urgente, pacientes foram avisados de que o atendimento demoraria mais do que o normal por “falta de equipe de enfermeiros”.
A profissional de serviços gerais Mônica Rosa, 54 anos, chegou ao hospital às 7h30 com o filho, de 23 e, às 9h40, ele ainda não havia sido atendido.
“Ele está com febre e vomitando. Como é transplantado, eu acredito que pode ser uma infecção urinária. Sente muita dor e, até agora, não recebemos atendimento”, reclamou Mônica.
Veja imagens das manifestações em Brasília:

Profissionais de enfermagem do Distrito Federal promovem protestos, nesta quarta-feira (21/9), contra a suspensão do piso salarial da categoria Milena Carvalho/ Metrópoles

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a medida Milena Carvalho/ Metrópoles

Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem protestando em Brasília Hugo Barreto/Metrópoles

O ato reúne mais de 400 manifestantes, concentrados em frente ao Museu da República. Eles devem seguir pelo Eixo Monumental até o Congresso Nacional Hugo Barreto/Metrópoles

Além da manifestação, a categoria brasiliense paralisou as atividades nas redes pública e particular de saúde nesta quarta-feira (21/9) Hugo Barreto/Metrópoles

Vestidos de branco, alguns profissionais da saúde que protestam em Brasília usaram cartazes com frases críticas à suspensão do piso salarial nacional Hugo Barreto/Metrópoles

Enfermagem, técnicos e auxiliares de enfermagem protestam contra suspensão do piso salarial, na Esplanada dos Ministérios Hugo Barreto/Metrópoles

Profissional da área da saúde segurando cartaz em manifestação contra a suspensão do piso da enfermagem Hugo Barreto/Metrópoles

Profissionais de enfermagem do Distrito Federal promovem protestos, nesta quarta-feira (21/9), contra a suspensão do piso salarial da categoria Hugo Barreto/Metrópoles
A comerciante Mariana Oliveira Bastos, 24, voltou para casa sem atendimento. Chegou ao Hospital de Base às 8h em busca de um ortopedista para o filho, de 6 anos. Mariana conta que esperou mais de uma hora para passar pela triagem e, depois, soube que deveria seguir para a unidade de saúde do Paranoá.
“Ou seja, esperei mais de 1h para receber um ‘não’. Disseram que aqui está sem pediatra e que eu deveria buscar atendimento em outra unidade, pois estão sem esse especialista. Não entendi, porque ele poderia ser avaliado por um ortopedista, já que o problema é no pé”, comentou.
Outras unidades
O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) estava com uma grande fila para triagem por volta das 10h15. Pacientes que aguardam o atendimento médico relatam ter esperado mais de duas horas na triagem.
“Cheguei aqui às 8h e, só às 10h, eu consegui passar pela triagem. Agora, devo esperar mais uma hora, pelo menos, para ser atendida pelo médico. Está tudo lotado”, lamentou a aposentada Regiane Pereira, 64.
A equipe do hospital disse ter alertado os pacientes a respeito da falta de profissionais de enfermagem para atendimento pleno.
A unidade de pronto atendimento (UPA) do Núcleo Bandeirante está superlotada. Mais de 50 pessoas esperam ser atendidas na emergência, mas há apenas dois técnicos de enfermagem trabalhando nesta manhã – normalmente, são 10 técnicos e 10 enfermeiros. Aos pacientes funcionários da UPA é solicitado que a população busque atendimento nos hospitais.
O motorista de aplicativo Augusto Humberto Silva, 37, espera por atendimento desde as 9h.
“Vim achando que seria atendido, mas, pelo visto, não sei se vai ser possível. Perguntei para a enfermeira daqui se era melhor buscar outra UPA, mas ela disse que todas estariam da mesma forma. Recomendaram-me ir a um hospital”, contou Augusto.
Os pacientes da sala de espera foram avisados de que apenas dois funcionários estão na unidade e que os atendimentos devem demorar.
Apelo
A secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio, reuniu-se, na segunda-feira (19/9), com as entidades representativas da enfermagem e negociou o funcionamento de 30% das atividades durante a paralisação programada para esta quarta-feira. O apelo foi voltado especialmente para a manutenção dos serviços em unidades básicas de saúde (UBSs) e em unidades de emergência. A Secretaria de Saúde espera que o acordado com as categorias seja cumprido.
A paralisação da categoria vai durar 24h. O objetivo da ação é pressionar o Congresso Nacional para que encontre as fontes de custeio do piso salarial. “A gente quer que o piso seja reconhecido, e é inevitável essa movimentação em todo o país. Mas temos discutido com os enfermeiros de cada unidade a importância de ter alguém nos Caps, nas UBSs”, declarou Jorge Henrique, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiros).