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Padrasto de jovem picado por Naja, coronel da PMDF é alvo de operação

O coronel Eduardo Condi teria ajudado a ocultar provas em investigação sobre tráfico de animais

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1 de 1 WhatsApp-Image-2020-07-16-at-10.31.18 - Foto: Reprodução

Um coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi alvo da segunda fase da Operação Snake, deflagrada pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama) nesta quinta-feira (16/7). A ação, revelada pelo Metrópoles, investiga o tráfico de animais na capital do país. Eduardo Condi (foto em destaque) é padrasto do estudante Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, 22 anos, que foi picado por uma cobra da espécie Naja.

O jovem é apontado como proprietário do animal de origem asiática e de mais 16 serpentes contrabandeadas. O oficial, que presta depoimento nesta tarde na 14ª DP assim como a mãe do estudante Pedro Henrique, foi visto saindo do prédio em que a família mora, no Guará, carregando caixas com os animais.

A movimentação foi flagrada logo após Pedro ter sido atacado pela cobra. Câmeras de segurança teriam filmado a ação. Questionada sobre as imagens capturadas pelo condomínio do PM, a 14ª DP afirmou que só vai se manifestar após a conclusão das diligências.

As cobras foram encontradas um dia depois do incidente com o estudante. O Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) localizou os animais escondidos dentro de uma baia de cavalo em um terreno do núcleo rural Taquara, em Planaltina.

A corregedoria da PMDF acompanhou a ação da Polícia Civil. O celular do militar foi apreendido. Condi é irmão do subcomandante-geral da corporação, Claudio Fernando Condi. O oficial foi nomeado para ocupar o cargo em junho deste ano.

Procurada pela reportagem, a PM afirmou que não há investigação interna contra o policial, “uma vez que o que se tem de fato, até o momento, é o suposto crime cometido por um enteado de um policial militar”, segundo nota. A corporação confirma que participou da operação, mas acrescentou que aguarda as apurações conduzidas pela Polícia Civil para avaliar se há indício de crime militar.

Operação
Além de Pedro e do policial, o jovem Gabriel Ribeiro e um outro investigado também foram alvo da operação deflagrada nesta quinta. Gabriel acabou sendo conduzido à delegacia, pois estava com porções de maconha em sua residência. Ao sair da 14ª DP, não quis falar com a reportagem do Metrópoles.

Amigo de Pedro, Gabriel foi alvo da primeira fase da operação. Ele teria ajudado a ocultar a Naja. Após o início das investigações, o rapaz abandonou a serpente no estacionamento do shopping Pier 21 e fez uma ligação para a PM informando a localização do animal.

Policiais cumpriram, ao todo, quatro mandados de busca e apreensão, na manhã desta quinta, nas regiões do Guará, Gama e Riacho Fundo. A segunda fase da operação teve apoio da Divisão de Operações Especiais (DOE) da PCDF e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Foram apreendidos diversos documentos, celulares, medicamentos de uso veterinário, mais uma serpente conhecida como Corn Snake (Cobra do milho) e vários itens usados na criação ilegal de animais silvestres e exóticos.

A Corn Snake tem origem americana. É usada em exposições e como alimento para outras cobras. A serpente não é peçonhenta, mas, no Brasil, não pode ser criada em casa. A prática pode até dar multa. O investigado que mora no Riacho Fundo era dono da cobra. Ele também é estudante de medicina veterinária e foi conduzido à delegacia, onde acabou autuado por maus-tratos a animais.

Com mais essa serpente, são 18 espécies apreendidas e que estão ligadas aos investigados.

Na segunda-feira (13/7), peritos criminais da Seção de Engenharia Legal e Meio Ambiente da Polícia Civil do DF (PCDF) estiveram no Jardim Zoológico de Brasília para fazer uma análise nas cobras e serpentes que pertenciam a Pedro Henrique. Até o momento, 16 animais apreendidos passaram por perícia.

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Segundo a corporação, a identificação das espécies é importante para determinar a origem e um eventual tráfico de animais. Nesse sentido, as condições de saúde dos animais podem ajudar na comprovação dos crimes.

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Alta

Pedro Henrique recebeu alta do Hospital Maria Auxiliadora, no Gama, na manhã dessa segunda-feira (13/7), e voltou para casa, no Guará. Foram seis dias de internação. Ele mora na QE 40 do Guará II e criava a Naja como animal de estimação, apesar de a serpente não ser natural de nenhum habitat brasileiro e ter um veneno que pode ser letal. As circunstâncias do acidente ocorrido no dia 7 de julho com a cobra ainda são desconhecidas.

O estudante chegou a ficar em coma no hospital. A família de Pedro importou dos Estados Unidos doses de soro antiofídico. A busca pelo antídoto — tão raro no Brasil quanto a presença desse tipo de serpente — mobilizou especialistas. As únicas doses disponíveis no país estavam no Instituto Butantan, em São Paulo. Os médicos enviaram ao Distrito Federal todo o estoque disponível para que fosse usado no tratamento de Pedro.

Confira vídeo da saída do carro do hospital:

Veja vídeo da Naja:

O caso

Tão logo atacado pela Naja, o estudante de veterinária foi levado para o hospital pelos pais. Ele apresentava palidez, tontura e dormência nos membros inferiores, sintoma que evoluiu e atingiu os membros superiores.

Segundo o Ibama, não existe registro, nos últimos anos, de entrada legal de uma cobra dessa espécie no Distrito Federal.

Como Pedro não tem autorização para criar a Naja, ele será multado em R$ 2 mil, valor que pode ser aumentado de acordo com a quantidade de serpentes que pertencem a ele.

A suspeita de investigadores da Delegacia de Combate à Ocupação Irregular do Solo e aos Crimes contra a Ordem Urbanística e o Meio Ambiente (Dema) é de que a serpente tenha sido alvo de tráfico internacional de animais exóticos. Ela agora está sob os cuidados do Zoológico de Brasília.

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