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No aniversário de Brasília, conheça histórias de quem veio para ficar

Bruno, Márcio, Reginaldo, Sofia e Paulo nasceram longe daqui e não se conhecem, mas compartilham um sentimento em comum: o amor por Brasília

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Rafaela Felicciano/Metrópoles
1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Neste 21 de abril, Brasília faz aniversário. A cidade planejada, que nasceu do esboço de um Plano Piloto transportado da prancheta para as ruas e prédios de concreto e asfalto, completa 56 anos. Diferentemente da maioria dos centros urbanos do país, a capital teve um projeto original pensado, repensado, estudado e minuciosamente executado. Mas toda essa complexidade nasceu do simples e genial traçado de Lucio Costa, que contempla dois eixos perpendiculares: o Rodoviário e o Monumental. Todo o resto que brotou desse riscado já é parte da história.

Assim como os eixos se cruzam, o Metrópoles resolveu contar, nesta data de celebração, a história de cinco personagens que acabaram vindo morar em Brasília após os respectivos destinos terem sido interceptados pelo sonho de Juscelino Kubitschek. São pessoas que nasceram em outros lugares, apaixonaram-se pela capital do país e aqui decidiram morar. Assim como os arquitetos, urbanistas, engenheiros e operários que ergueram a cidade, os “neo-brasilienses” materializaram os planos e, assim como Oscar Niemeyer e cia., transformaram projetos em realidade.

Amor
Foi justamente o coração que trouxe Bruno Vilardi (foto/E), de 29 anos, de vez à capital. Natural de São Paulo, ele morava em Fortaleza (CE) quando conheceu o namorado, Marcelo (foto/D), 28, em 2006. “Tivemos um ‘affair’ pela internet que acabou logo. Voltei para São Paulo e tive um relacionamento que durou sete anos”, relata Bruno.

Daniel Ferreira/Metrópoles
Bruno Vilardi e Marcelo Nunes, no apartamento onde moram, na 216 Norte

 

Depois da desilusão amorosa, ele retomou o contato com Marcelo, que é de Brasília. Em 15 de abril de 2015, Bruno veio à capital e reencontrou o antigo amor. Ele teve que vender vários pertences na cidade paulista para seguir o coração. “Eu já estava querendo sair de São Paulo e ele sugeriu que eu viesse morar com ele. Estou aqui desde agosto e não pretendo voltar”, conta. “Há uma semana, comecei a trabalhar em uma empresa de intercâmbio em Águas Claras, e a intenção é crescer no novo emprego. Depois disso, pretendo voltar a estudar e fazer algum curso.”

“Fugi do caos de São Paulo e encontrei a tranquilidade aqui. Brasília tem muito verde e isso é o que mais gosto na capital. É como se fosse no interior, mas é cidade grande”, destaca Bruno.

Concurso público
O plano não era fazer concurso público. Mas foi um cargo no Senado Federal que fez com que Márcio Mello, de 31 anos, trocasse a capital paulista pelo DF. Em 2012, o capixaba participou de um certame para analista administrativo da Casa e passou, depois de se dedicar aos estudos por apenas dois meses.

“O plano original era trabalhar na área financeira, em bancos, mas apareceu a oportunidade e eu acabei vindo para Brasília”, diz o servidor. “Eu não conhecia ninguém, e hoje só sairia daqui para retornar a Vitória (ES), minha cidade natal. Brasília é muito organizada, planejada. Gosto disso. Tem uma arquitetura diferente de qualquer lugar em que já morei”, acrescenta Márcio.

Aos 18 anos, ele saiu de Vitória para fazer faculdade em São Paulo. De lá, emendou um mestrado na Europa e, em seguida, prestou o concurso para o Senado. No entanto, ele não fechou as portas para o caso de outras oportunidades baterem à porta. “Deixo o futuro bem aberto. Gosto de onde trabalho, mas morro de vontade de ter um empreendimento”, confessa. O intuito, no entanto, é permanecer em Brasília.

Arquivo pessoal
Reginaldo veio à capital para curar um câncer e decidiu ficar

Saúde
Em 2002, Reginaldo Lopes Gomes, então com 13 anos, teve o primeiro contato com a capital do país. Mas o motivo não era dos melhores: ele veio de Parnaguá, no Piauí, para tratar uma leucemia. A primeira casa? O Hospital de Apoio de Brasília.

“No Piauí eu não tinha recurso nenhum, não tinha para onde fugir. Aí minha mãe resolveu me trazer para Brasília, onde fui muito bem acolhido”, relembra o cabeleireiro, hoje com 27 anos. O tratamento não foi fácil. Entre idas e vindas do hospital, Reginaldo passou dois anos em tratamento no Distrito Federal. Voltou à cidade natal e, assim que completou 18 anos, se mudou de vez para a capital.

“Além da questão afetiva, de ter sido onde me curei, Brasília me proporcionou uma qualidade de vida melhor do que a que eu tinha no Piauí. Foi aqui que eu me recuperei, consegui um emprego e construí a minha vida”, diz Reginaldo. Curado do câncer, ele visita o Hospital de Base do DF uma vez por ano para certificar-se de que a doença não voltará a incomodá-lo.

Oportunidade profissional
A uruguaia Sofia Amorin (foto principal), de 23 anos, veio a Brasília por um motivo comum na capital federal. O pai, que pertence ao corpo diplomático do país sul-americano, foi transferido em 2009. “A ideia era terminar o ensino médio e começar a faculdade por aqui e, depois, voltar para Montevidéu.” No entanto, os planos mudaram bastante depois de conhecer a cidade.

Acostumada a mudar de país desde criança, foi na capital brasileira que ela se encontrou. Sofia, hoje formada em economia pela Universidade de Brasília (UnB), não pensa em retornar ao Uruguai tão cedo. Em busca de oportunidades profissionais, decidiu se fixar por aqui, mesmo depois de o tempo de serviço do pai no Distrito Federal ter acabado.

“Em Brasília, ainda mais sendo a capital, há bastante oferta na minha área. O intuito é ficar e trabalhar por aqui mesmo. Eu adotei Brasília. A cidade é muito tranquila, e confesso que as amizades que fiz também pesaram na decisão de ficar”, revela Sofia. E o sotaque, que um dia já foi carregado, hoje passa despercebido em meio aos brasilienses.

Pedido de JK
“Eu sou daqui antes de Brasília”, orgulha-se o advogado aposentado Paulo Limirio Malheiros, de 88 anos. Nascido na cidade goiana de Formosa, ele relembra a infância, marcada por um bom tempo na fazenda dos avós, na região do Torto, onde viria a ser a nova capital.

Arquivo pessoal
Paulo veio a Brasília a pedido de JK e afirma: “Aproveitei a oportunidade única de trazer mudança ao país”

 

Durante o mandato de Juscelino Kubitschek, Malheiros era deputado estadual em Goiás e recebeu um pedido do então presidente. “Ele pediu para que eu ajudasse na recepção das autoridades envolvidas na construção de Brasília.” Entre os episódios marcantes, está a vinda de Israel Pinheiro, responsável pelas obras da cidade. “Eles chegaram em uma pista de pouso onde hoje fica a Rodoferroviária. Fui o primeiro a recebê-lo e levá-lo para fazer as marcações da Rodoviária e do Palácio da Alvorada”, lembra.

Os serviços prestados nos primeiros anos da capital levaram Malheiros à Procuradoria-Geral da Caixa Econômica Federal e, pouco tempo depois, à presidência do Banco Regional de Brasília (BRB), hoje apenas Banco de Brasília. Quanto aos motivos para continuar em Brasília, Malheiros afirma que jamais conseguiria deixar a terra que ajudou a criar. “Brincávamos na época que os mineiros vieram mandar, os nordestinos trabalhar e nós, goianos, aproveitar. E foi o que fiz. Aproveitei a oportunidade única de trazer mudança ao país.”

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