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PCDF apreende carros, lancha e R$ 12 mi do “Rei das Rifas” clandestinas

Na segunda fase da Operação Huracán, a Justiça deferiu o sequestro de dois modelos superesportivos da montadora italiana Lamborghini

atualizado 10/11/2022 11:24

homem com Lamborghini e lancha Reprodução

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou uma megaoperação no início da manhã desta quinta-feira (10/11) para desarticular um esquema milionário de rifas ilegais e lavagem de dinheiro com uso de empresas de fachada. A segunda fase da Operação Huracán mira dois influenciadores da capital do país e de Minas Gerais. Eles têm ligações com o youtuber Kleber Rodrigues de Moraes, conhecido como Klebim, preso temporariamente na primeira etapa da investigação.

Os mandados de busca e apreensão são cumpridos simultaneamente em Vicente Pires e algumas cidades de Minas Gerais pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF). O principal alvo da ação é o influenciador Elizeu Silva Cordeiro, conhecido nas redes sociais como Big Jhoow, ou “Rei das Rifas”. O outro youtuber envolvido no suposto esquema das rifas clandestinas e que foi alvo de busca e apreensão é Marcelo Alves Lopes, sócio oculto de Klebim.

“O jogo ilegal se aperfeiçoou. No passado, grandes contraventores espalhavam máquinas caça-níqueis pela cidade. Agora, a jogatina é virtual. Os contraventores descobriram a lucratividade dos sorteios ilegais de veículos e se aliaram a pessoas de certa influência nas redes sociais. Empresas de fachada e sites semelhantes conferem aparência de legalidade aos sorteios, mas o que existe é dissimulação de dinheiro sujo. São ajustes criminosos interestaduais, com divisão de tarefas e hierarquia, do tipo crime organizado”, descreve Fernando Cocito, diretor da DRF1 e responsável pelas investigações.

A Justiça deferiu o sequestro de uma lancha de luxo, um jet ski e dois carros da marca italiana Lamborghini, avaliados, juntos, em R$ 5 milhões. Também serão bloqueados R$ 12 milhões distribuídos em várias contas bancárias.

Apesar de a lancha e o jet ski estarem na lista dos bens sequestrados, a PCDF ainda não localizou esses dois itens.

Veja imagens do “Rei das Rifas” ilegais ostentando:

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Empresas de fachada

Os investigadores identificaram que a outra ponta do esquema no DF ficava sob a responsabilidade de Marcelo Alves. O influenciador , segundo a PCDF, sorteia veículos sem autorização através de uma plataforma na internet. Marcelo já sorteou pelo menos dois veículos e vários Iphones. Tanto Big Jhoow quanto Marcelo usam empresas de fachada para lavar o dinheiro amealhado com as rifas ilegais.

Foram mapeadas ligação entre as empresas, confirmadas por meio de depósitos entre contas vinculadas às firmas de fachada. As investigações mostram que Marcelo é proprietário das empresas BR Vendas e ML Pagamentos e Comércio de Produtos Eletrônicos. Ambas as empresas deveriam estar situadas em Taguatinga, mas não existem fisicamente.

A primeira estaria sediada em Taguatinga Sul, mas no local existe apenas um lote com uma casa nos fundos. Já a segunda empresa estaria sediada na Quadra QSC 19, mas no local está situado em prédio residencial. No andar foi encontrado apenas um apartamento desocupado.

Veja imagens:

Movimentações milionárias

As investigações também acompanharam o fluxo milionário que percorria a conta bancária dos influenciadores responsáveis pelas rifas ilegais. Tanto Big Jhoow quanto Marcelo Alves usavam laranjas para receber grandes quantias. Em apenas dois meses, a conta do influenciador, que tem renda presumida de R$ 4 mil, recebeu R$ 3,1 milhões.

Já o influenciador mineiro movimento R$ 5,3 milhões em um período de apenas sete meses. Big Jhoow se apresenta como leiloeiro com uma suposta renda mensal de R$ 5,3 mil. Ele é dono dos dois superesportivos apreendidos na operação. O primeiro é a Lamborghini modelo Gallardo S, de cor amarela, ano 2011 avaliado em R$ 1,1 milhão. O segundo veículo, modelo Huracán Spyder LP580-2, ano 2017, está avaliado em R$ 3,3 milhões.

Veja Lamborghinis rifadas por influenciador Big Jhow:

O que diz a lei

Sobre as rifas feitas pelos dois alvos da PCDF, a Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade (SEAE), da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (SEPEC), do Ministério da Economia, informou que a licença constante no site usado pelos influenciadores não se refere a uma autorização daquela pasta.

Segundo a SEAE, “a mecânica utilizada não se trata de uma promoção comercial; na verdade, assemelha-se a ‘rifa’, a qual é considerada modalidade de jogo de azar, tipificado no Brasil como contravenção penal, segundo a Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41)”.

 

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