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Dinheiro de mansão leiloada no Lago Sul é retido por Justiça do Paraná

Bloqueio judicial de casa pertencente à empresa BPars ocorre no âmbito de ação penal contra irmãos Pantazis e o sócio Luiz Carlos de Luca

atualizado

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Mansão no Lago Sul
1 de 1 Mansão no Lago Sul - Foto: Reprodução

Em 28 de fevereiro, uma mansão localizada no conjunto 8 da QL 14 do Lago Sul foi arrematada em um leilão virtual por R$ 8.007.781,45. O imóvel está entre os bens que foram alvo de indisponibilidade decretada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR). Uma parte milionária desta quantia acabou imediatamente transferida para uma conta judicial, que garantirá, futuramente, o ressarcimento de clientes que tiveram prejuízos estimados em mais de R$ 100 milhões.

O Ministério Público do Paraná entende que todos os bens pertencentes aos investigados na Operação Taxa Alta precisam ser bloqueados para ressarcimento, em caso de condenação. O imóvel, situado no bairro cujo metro quadrado é um dos mais caros do país, está em nome da BPars, empresa que integra o quadro societário da Infosolo Informática S/A.

A Infosolo pertence a Alexandre e Basile Pantazis, conhecidos em Brasília como “Os Gregos”. A BPars, que tem entre os sócios o empresário Luiz Carlos Penteado de Luca, faz parte do quadro de acionistas da Infosolo. Essa última, bem como seus acionistas, é alvo de investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP paranaense.

Os empresários Alexandre, Basile e De Luca estão entre os nove denunciados à Justiça por organização criminosa, abuso de poder econômico, falsidade ideológica, irregularidades na inexigibilidade de licitação e vantagem na execução de contrato.

Desde agosto de 2020, os promotores de Justiça apuram o cometimento de crimes no credenciamento de empresas para o registro digital de financiamento de veículo. O contrato, no caso, era com o Departamento de Trânsito do Paraná. Segundo aponta o MP, alguns servidores do órgão teriam tramado para beneficiar a empresa brasiliense Infosolo Informática S /A.

Os promotores de Justiça apontam um superfaturamento dos serviços, operação que acabou sendo arcada pelos compradores de veículos que pegaram dinheiro financiado. Assim, quem amargou prejuízos decorrentes dos atos ilícitos foi, de acordo com a denúncia do MP, a sociedade, os compradores desses carros financiados.

Mudança de nome

Desde que entraram na mira dos promotores, os acionistas mudaram o nome fantasia da Infosolo na tentativa de diminuir o desgaste causado pelo escândalo. A empresa passou, então, a figurar como Logo It.

De acordo com documento que apresenta a lista de presença da Assembleia Geral Extraordinária da Logo It (veja documento abaixo), ocorrida em 19 de outubro de 2021, a empresa é formada pela participação acionária de outras três companhias: BPars Participações, G8 Participações e a Shilo Participações. Os sócios Basile, Alexandre, De Luca e Daniel Cardoso assinam a ata em nome das empresas que compõem o quadro societário da Logo It.

documento grifado

A mansão milionária da QL 14, que foi leiloada e teve parte de seu valor depositado na Justiça do Paraná, acabou arrematada pelo deputado distrital José Gomes (PTB). Além da casa leiloada, outros bens pertencentes aos empresários acusados de integrar uma organização criminosa também foram arrestados pela Justiça, entre os quais, dois aviões dos denunciados. O Ministério Público estima um prejuízo para compradores de veículos no valor de R$ 80 milhões. Esta soma consta na ação proposta pelos promotores de Justiça e está atualizada até março de 2020. Em valores corrigidos até agora, a quantia chegaria a R$ 119 milhões.

Os réus da Taxa Alta tentaram trancar o processo com base em um habeas corpus que questionava a validade das provas colhidas pelo MPPR. Alegaram, na ação, que conversas consideradas “incriminatórias” pelo MP e obtidas em um dos celulares apreendidos não poderiam servir como prova de autoria dos crimes. Por unanimidade, os desembargadores da 2ª Câmara Criminal do TJPR rejeitaram os argumentos e mantiveram o curso da ação penal.

O outro lado 

Em nota enviada à redação, os irmãos Alexandre e Basile Pantazis disseram que “não possuem qualquer relação societária com a BPars ou com o imóvel objeto do leilão apontado”. Segundo os empresários, a BPars é de propriedade de Luiz Carlos De Luca e apenas detém 10% do capital da Infosolo. “O leilão em questão, inclusive, em nada tem relação com os negócios da Infosolo”, disseram os Pantazis por meio de nota. Pelo mesmo e-mail de contato, a assessoria dos empresários respondeu, em nome da Infosolo, que “o leilão do imóvel mencionado nada tem relação com sua atividade”.

Nota da redação

A reportagem reitera que a Infosolo tem como sócios os empresários Alexandre Pantazis, Basile Pantazis e Luiz Carlos de Luca. E que a BPars Participações integra o quadro societário da Infosolo. Como afirmado na matéria, a Justiça do Paraná determinou o sequestro do dinheiro proveniente do leilão de uma casa pertencente a BPars.

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