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MPDFT vai investigar clínica de hipnose de Brasília que oferece “cura gay”

Nesta segunda-feira (9/11), a CLDF e o Conselho Regional de Psicologia enviaram ofício ao Ministério Público pedindo a apuração do caso

atualizado

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Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles
Fachada MPDFT
1 de 1 Fachada MPDFT - Foto: Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) vai investigar a clínica de hipnose de Brasília que oferece “tratamento” para homossexualidade. O caso foi revelado pelo Metrópoles no último sábado (7/11).

Nesta segunda-feira (9/11), a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF (CLDF) e o Conselho Regional de Psicologia (CRP-DF) enviaram ofício ao MPDFT pedindo apuração do caso. No documento assinado pelo presidente da comissão da CLDF, o deputado distrital Fábio Felix (PSol), a Casa solicita ao MPDFT “a análise dos fatos e providências” em relação à clínica.

Já para o Conselho de Psicologia, o dono da empresa Hipnoticus pode estar exercendo ilegalmente a profissão de psicólogo ao oferecer igualmente cura para doenças psíquicas, como depressão.

“Nós só podemos abrir processo ético contra psicólogos – e provavelmente cassaríamos esse registro neste caso –, mas isso não nos exime de atuar aqui. Não sendo ele psicólogo, é mais grave ainda a situação: precisamos de investigação de exercício ilegal da profissão ”, pontua a presidente do CRP01-DF, Thessa Guimarães.

De acordo com o Ministério Público, o Núcleo de Direitos Humanos (NDH) da instituição ainda não foi acionado sobre o assunto, porém vai instaurar um procedimento para investigar o caso. “Por ora, não há nada tecnicamente definido [sobre a natureza deste procedimento], uma vez que o NDH ainda não foi acionado. Quando o for, deve ser instaurada uma notícia de fato”, completou o MPDFT.

Entenda o caso

A empresa Hipnoticus, localizada na Asa Sul, diz que o serviço para “tratar” a homossexualidade, que custa R$ 29.990, gera resultados em seis meses. Segundo consta no site do estabelecimento, a hipnose é feita através do método “Psicoterapia Sem Falhas”, usado pelo hipnoterapeuta Gabriel Henrique de Azevêdo Veloso. São oferecidas três opções de serviços: sessões com duração de quatro meses, seis meses e oito meses.

O dono da empresa diz ser cadastrado no Conselho de Auto Regulamentação da Terapia Holística (CRT), uma sociedade civil sem vínculos com o governo Federal. Ele oferece a cura de doenças como depressão e ansiedade em até seis meses, mesmo não tendo formação em psicologia, medicina ou terapia ocupacional.

No entanto, o CRT nega que Veloso esteja filiado à entidade. Em nota enviada ao Metrópoles, o conselho informou que o hipnoterapeuta teve o cadastro suspenso em agosto de 2018 por “pendências estatutárias e falta ética e profissional”. “Justamente por não cumprir as normas previstas no código de ética profissional, ele foi alertado a cessar a utilização do número da CRT de forma indevida”, destacou.

“Solução para mudar orientação sexual”

Ao Metrópoles, Gabriel Henrique de Azevêdo Veloso confirmou que a clínica existe desde 2010. Sobre o “tratamento” para homossexualidade, ele afirmou que “há pessoas que não ficam satisfeitas com esse tipo de vida. Então, o tratamento é oferecido nessa perspectiva”.

Em uma parte do endereço eletrônico, sobre “como funciona a hipnose”, a empresa explica que “a cura de doenças é realizada através da objetividade do diagnóstico e do tratamento holístico, oferecendo resultados ainda antes da 1ª sessão”. A clínica ainda afirma que “a hipnose também é a única solução para mudar sua orientação sexual e te livrar da atração indesejada pelo mesmo sexo”.

Após a publicação da primeira reportagem do Metrópoles sobre o caso, o empreendimento retirou a palavra “homossexualismo” da parte de serviços oferecidos no site, bem como a frase citada acima. Veja:

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A clínica Hipnoticus se manifestou sobre o caso novamente nesta segunda-feira (9/11), por meio de uma segunda nota. A empresa já havia enviado posicionamento ao Metrópoles, no último sábado, mas hoje divulgou um novo texto em seu endereço eletrônico, dizendo que “nunca foi intenção ofender minoria qualquer que seja”. Confira aqui a íntegra.

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