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“Matou minha mãe”, gritou menina após marido esfaquear vítima no DF

O relato é de um vizinho que pediu socorro para a gestante, em Sobradinho II. Suspeito é companheiro da mulher

atualizado

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Reprodução/Internet
Luana assassinada
1 de 1 Luana assassinada - Foto: Reprodução/Internet

“Matou minha mãe, matou minha mãe”, teria gritado a filha mais velha de Luana Bezerra da Silva, 28 anos, ao ver a vítima, que estava grávida de três meses, ser esfaqueada nesse domingo (14/04/19), em Sobradinho II. A menina de 9 anos pediu socorro, mas a mulher acabou morrendo após levar ao menos cinco golpes de faca. O suspeito é o companheiro dela, que está foragido.

O relato sobre o desespero da garota é do motorista Fábio Henrique Gonçalves, 44, um dos vizinhos que tentou socorrer a mulher. Ele conta que ouviu a criança pedir socorro, mas, no início, pensou se tratar de “brincadeira”.

Quando Fábio Gonçalves chegou à casa, porém, se deparou com uma grande quantidade de sangue e viu a vítima agonizando. Afirma ainda ter presenciado Luiz Filipe Alves de Souza, 20, o suspeito, momentos antes do assassinato. Segundo o motorista, ele fugia sujo de sangue. Câmeras de segurança divulgadas pela Polícia Civil mostram o momento em que o suspeito sai correndo pela rua.

Os vizinhos chamaram os bombeiros. “Ela [Luana] gritava: ‘Me acode, me acode'”, conta Fábio Gonçalves. “Tentei falar para ficar calma, mas demorou muito a chegar. Ela foi socorrida agonizando”, acrescenta.

O Corpo de Bombeiros informou, por meio de nota, que o tempo de deslocamento e início do atendimento à vítima foi menor do que 30 minutos.

A família de Luiz Filipe afirma que ficou “em estado de choque” ao saber do crime. O casal vivia no mesmo lote que os familiares do suspeito, localizado na Quadra 5 de Sobradinho II. Já a mãe da vítima reside na Bahia.

Uma familiar, que não quis se identificar, conta que a única filha de Luiz Filipe e Luana, de 1 ano e 2 meses, vai permanecer na casa. Já as outras três crianças, de 7, 8 e 9 anos, estão na residência do pai, ex-companheiro da vítima. “A gente não esperava isso. Ele nunca foi uma pessoa assim”, lamenta. “Os dois estavam juntos há muito tempo e ela era parte da nossa família também. Ele deve estar muito arrependido”, acrescenta.

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A mulher diz que toda a família está muito abalada e se desligou das redes sociais. A mãe de Luana estaria saindo da Bahia, a caminho do Distrito Federal. “Muita gente ficou filmando em vez de ajudá-la”, indigna-se. “As pessoas ficaram sem reação. Tem muita história especulada também.” Ela disse que Luiz Filipe ainda não entrou em contato com nenhum parente. O homem já teve prisão preventiva decretada e é considerado foragido, segundo informações do delegado-chefe da 35ª DP (Sobradinho II), Laércio Carvalho.

Em um áudio que circula nos grupos de WhatsApp, uma mulher se identifica como a mãe de Luana e pede ajuda para ir até o Distrito Federal. “Me ajudem, pelo amor de Deus. Vou ver minha filha pela última vez”, pede. O arquivo foi repassado por vizinhos à reportagem do Metrópoles.

O DF registrou, somente neste ano, oito feminicídios. Na madrugada do dia 5 de janeiro, Vanilma Martins dos Santos, 30, foi morta com uma facada pelo homem que era seu marido há anos. Os dois viviam juntos no Gama e tinham um filho pequeno.

No dia 28 de janeiro, Diva Maria Maia da Silva, 69, recebeu cinco tiros no apartamento da família, na Asa Norte. O assassino era Ranulfo do Carmo, 74, também companheiro da vítima.

Apenas dois dias depois, foi a vez de Veiguima Martins, 56, morrer. Ela já havia registrado ocorrência por ameaça e lesão corporal contra o marido. Depois de matá-la a facadas no quarto do casal, ele ateou fogo no apartamento para tentar encobrir o crime e acabou morto também.

Ainda em janeiro, Patrícia Alice de Souza, 23, foi atingida por um tiro nas costas. As investigações concluíram que foi feminicídio.

Cevilha Moreira dos Santos, 45, foi encontrada morta no dia 11 de março, em Sobradinho. A vítima tinha marcas de facada no peito. O namorado dela é o principal suspeito. A polícia ainda não o localizou.

No dia 19 de março, o corpo de Maria dos Santos Gaudêncio, 52, foi encontrado em estado de putrefação e com cinco facadas na Quadra 2 da Fazendinha, no Itapoã. Policiais da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) prenderam Antônio Pereira Alves, 40, acusado de matar a namorada. O casal estava junto há cerca de dois anos.

O sétimo caso noticiado na capital da República, no dia 31 de março foi o de Isabella Borges de Oliveira, 25. O ex-companheiro dela, Matheus Cardoso Galheno, 22, a matou com um tiro no olho dentro de casa no Paranoá. Em seguida, ele tirou a própria vida.

Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país. Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF.

Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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