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Investigada na Falso Negativo é diretora do FNDE por indicação do PP

Ciro Nogueira (PP-PI) indicou Renata D’Aguiar para dirigir uma área de gestão no FNDE. Na casa dela, foram encontrados R$ 200 mil

atualizado

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Raimundo Sampaio/Esp. Metrópoles
fabio e Renato, alvos da Falso NEgativo
1 de 1 fabio e Renato, alvos da Falso NEgativo - Foto: Raimundo Sampaio/Esp. Metrópoles

A esposa do ex-secretário parlamentar na Câmara dos Deputados Fábio Gonçalves Campos, Renata Mesquita D’Aguiar é funcionária do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Renata ocupa o cargo de diretora de Gestão de Fundos e Benefícios (Digef) por indicação do senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, partido pelo qual ela concorreu nas eleições de 2018 para um cargo de deputada distrital.

Renata Mesquita D’Aguiar (foto principal) e o marido são alvos da quarta fase da Operação Falso Negativo. Com a deflagração, nesta quarta-feira (3/3), promotores e policiais cumpriram 15 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e na Bahia. As ordens judiciais foram expedidas pela 5ª Vara Criminal de Brasília.

Na casa de Fábio e Renata, na Asa Sul, foram encontrados R$ 200 mil em espécie. Na declaração de bens feita por Renata à Justiça Eleitoral, em 2018, ela disse ter um patrimônio de R$ 1,6 milhão. Nas eleições, Renata teve 0,28% dos votos, alcançando 3.912 eleitores no DF.

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A nova etapa da investigação apura dispensa de licitação – supostamente superfaturada– feita pela Secretaria de Saúde para a compra de 48 mil testes para o novo coronavírus. Evidências apontam que a qualidade dos produtos é duvidosa. O processo foi realizado em maio de 2020. No total, a pasta gastou R$ 8,6 milhões. O prejuízo estimado é de R$ 5 milhões.

Provas colhidas em fases anteriores da operação revelam que o ex-secretário de Saúde do DF Francisco Araújo mantém relação de amizade com um dos empresários que operaram uma das companhias contratadas no curso da dispensa de licitação. Trata-se de Fábio Gonçalves Campos, da Matias Machado da Silva ME. Segundo as apurações, ele atuava na empresa de forma oculta.

À época dos fatos, Fábio Gonçalves era secretário parlamentar na Câmara dos Deputados. Ele permaneceu no cargo até 26 de agosto do ano passado. Foi exonerado um dia após a deflagração da segunda fase da Operação Falso Negativo. A ação revelou inúmeras ilicitudes relacionadas à Dispensa de Licitação nº 18/2020 e à contratação da Matias Machado.

Os promotores demonstraram nos autos que o ex-secretário de Saúde foi padrinho de casamento de Fábio. Também foram apresentados diálogos que comprovam toda a negociação que ocorreu nos bastidores.

casamento
Casamento foi realizado no Rio de Janeiro

Em confirmação às relações suspeitas identificadas, o Gaeco conseguiu apontar que a esposa de Fábio, outra investigada e alvo da operação desta quarta-feira (3/3), identificada como Renata Mesquita D’Aguiar, também tinha conhecimento dos fatos e se envolveu nas tratativas do marido.

Dois outros envolvidos no esquema e alvos de busca da quarta fase, Luiz Fernando Teixeira de Pinho e Adilton Gomes Assunção foram nomeados em cargos em comissão em órgão que Renata Mesquita trabalhou, justamente para atuarem sob a chefia da esposa de Fábio Gonçalves, segundo investigações do MP.

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A operação é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-DF) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e tem o apoio do Departamento de Combate à Corrupção (Decor) da Polícia Civil do Distrito Federal, além do Gaeco e da Polícia Civil da Bahia.

A reportagem do Metrópoles entrou em contato com o FNDE, mas não havia recebido resposta até o fechamento desta matéria. A reportagem não conseguiu contato com o senador Ciro Nogueira (PI). O espaço permanece aberto.

Memória

Em agosto do ano passado, seis integrantes da cúpula da Secretaria de Saúde do DF, incluindo o chefe da pasta, Francisco Araújo, foram presos no âmbito da segunda fase da Falso Negativo. Em seguida, o Governo do Distrito Federal (GDF) afastou todos eles dos seus respectivos cargos.

Na ocasião, apenas o mandado de prisão contra o então titular da pasta de Administração Geral, da Secretaria de Saúde do DF, Iohan Andrade Struck, não foi cumprido. O advogado de Iohan, Alexandre Adjafre, disse que o cliente estava com suspeita de Covid-19 e apresentou atestado de 10 dias do subsecretário.

O que diz a Secretaria de Saúde

Em nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que “tem colaborado com as investigações, fornecendo todos os documentos necessários para a apuração dos fatos relativos à Operação Falso Negativo, desde a fase inicial. A atual gestão tem tomado todas as medidas para esclarecer dúvidas, acatar recomendações e aprimorar os mecanismos de transparência dos atos e das ações da pasta junto à sociedade.”

O Metrópoles tenta contato com os advogados de todos os investigados. O espaço segue aberto a manifestações.

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