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Ex-subsecretária: órgãos sabiam de movimento bolsonarista antes de 8/1

Segundo Marília Alencar, representantes do STF, do Senado, da PMDF, bem como outros órgãos de segurança, foram avisados por WhatsApp

atualizado

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Matheus Veloso/Metrópoles
Manifestantes bolsonaristas invadem a Esplanada dos Ministérios e promovem atos de vandalismo e terrorismo em prédios públicos. Na imagem, eles invadem Congresso Nacional e destroem parte inferior do gramado, entrando em confronto com a polícia - Metrópoles
1 de 1 Manifestantes bolsonaristas invadem a Esplanada dos Ministérios e promovem atos de vandalismo e terrorismo em prédios públicos. Na imagem, eles invadem Congresso Nacional e destroem parte inferior do gramado, entrando em confronto com a polícia - Metrópoles - Foto: Matheus Veloso/Metrópoles

Em depoimento à Polícia Federal, Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), disse que o Supremo Tribunal Federal (STF), o Senado, a Polícia Militar (PMDF), bem como outros órgãos de segurança, sabiam da movimentação de bolsonaristas antes dos atos terroristas de 8 de janeiro.

Segundo Marília, representantes dos órgãos de segurança que participavam de um grupo de WhatsApp denominado “Perímetros de segurança” foram avisados em 6 de janeiro sobre a agitação de grupos extremistas na capital federal.

“Foram informados, nesse período, sobre a chegada de ônibus vindos de várias localidades, com registro das placas, quantidade de pessoas e locais em que os ônibus estavam estacionados no Quartel General do Exército”, declarou Marília, no depoimento.

A ex-subsecretária, que disse ter sido convidada por Anderson Torres para assumir o cargo, acrescentou que a SSP tinha conhecimento das manifestações desde 5 de janeiro. No dia seguinte, ainda segundo Marília, um relatório de inteligência reuniu informações sobre “possíveis invasões de ocupação de prédio público, bloqueio de refinaria e distribuidoras de combustíveis e possivelmente uma greve geral no dia 9 de janeiro”.

De acordo com o depoimento, em 7 de janeiro, um sábado, os bolsonaristas foram monitorados pela pasta, e toda informação colhida foi repassada a outros órgãos por meio do grupo do WhatsApp.

“Foi ressaltado nas frações de inteligência ânimos exaltados de alguns acampados no Quartel-General do Exército, inclusive com manifestação de intenções de confronto com as forças de segurança”, apontou Marília.

“Foram observadas falas de incitação para prática de ações adversas, como ocupações de prédios públicos, todavia sem uma coordenação efetiva. Na noite de 7 de janeiro, porém, os informes recebidos e compartilhados indicavam um clima tranquilo no acampamento e ainda não havia definição sobre a descida dos manifestantes para a Esplanada dos Ministérios”, explicou.

No mesmo dia, Marília contou à Polícia que entrou em contato com o “núcleo de inteligência do STF para iniciar o canal de troca de informações, comunicar que a SI [Secretaria de Inteligência] estava acompanhando toda a movimentação e se colocar à disposição daquela agência”. Ela também teria comunicado a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas não informou se recebeu retorno dos órgãos.

A ex-subsecretária de Inteligência declarou que na manhã de 8 de janeiro foi compartilhado, “por várias agências, que os manifestantes intencionavam se reunir às 13hs para se deslocar às 14hs. No entanto, anteciparam o deslocamento e, como consequência, a Secretaria de Inteligência informou todos os órgãos envolvidos no evento”.

Procurado, o STF informou que em “6 de janeiro houve uma reunião entre as forças de segurança para combinar como seria o esquema de segurança para o domingo, 8 de janeiro”. “Todos estavam cientes dos atos do domingo. E na reunião houve uma divisão de responsabilidades. E a responsabilidade da PMDF era impedir que os manifestantes entrassem na Esplanada”, afirmou.

A PMDF não respondeu aos questionamentos do Metrópoles até a última atualização desta reportagem. O texto será atualizado, caso haja posicionamento.

8 de janeiro

As primeiras mensagens no grupo de WhatsApp relatavam que a descida dos bolsonaristas ocorria de forma “ordeira”. No entanto, “a partir das 14h, começamos a receber informes no grupo ‘perímetros’ de manifestantes portando objetos que indicavam intenções de praticar atos violentos, tais como paus, estilingues mochila com pedras, etc.”, declarou Marília.

De acordo com a mulher, todos os membros do grupo foram avisados sobre o que estaria acontecendo. A Polícia Militar e a Polícia Civil (PCDF), segundo ela, “agiram em alguns casos para identificar e conter possíveis manifestantes com intenções criminosas”. Todas as informações, conforme relatou a ex-subsecretária , foram repassadas à Polícia Federal (PF) e à PCDF pela secretaria.

Procurada, a PF informou que o diretor-geral, Andrei Rodrigues, encaminhou, em 7 de janeiro, ofício ao ministro da Justiça, Flávio Dino, informando sobre a movimentação de bolsonaristas que chegaram à capital.

Indagada, a PCDF  disse “não comentar informações prestadas em depoimentos”.

Anderson Torres

Durante o depoimento, a ex-subsecretária de Inteligência disse que Anderson Torres e o ex-comandante da PM faziam parte do grupo, mas não interagiam.

Segundo ela, como Torres estava viajando, não solicitou informações sobre as manifestações. Mencionou que “soube que o ex-ministro da Justiça ligou para Fernando Oliveira”, mas não explicou qual teria sido a conversa.

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