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Sindicato alerta para risco de novas rebeliões em presídios do Entorno

Segundo presidente de entidade que representa servidores, tensão é grande nas penitenciárias de Luziânia (GO) e Novo Gama (GO)

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
presídio aparecida de Goiânia
1 de 1 presídio aparecida de Goiânia - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Um dia após a rebelião, que deixou nove mortos e 14 feridos na Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO), a situação no estado vizinho parece estar longe da calmaria. O Sindicato dos Servidores do Sistema de Execução Penal de Goiás (Sinsep-GO) alerta para a possibilidade de novos motins em outras unidades prisionais da região. Entre os presídios em risco, segundo a entidade, estão dois no Entorno do DF: o de Luziânia (GO) e o do Novo Gama (GO).

Segundo o presidente do sindicato, Maxuell Miranda, na última semana ele havia previsto a tragédia na penitenciária de Aparecida de Goiânia. “Na quinta-feira (28/12), dei uma entrevista e disse que rebeliões deveriam ocorrer no regime semiaberto e na Unidade Prisional de Rio Verde. Na segunda (1º/1), ambos aconteceram”, diz.

Miranda afirma que, durante o motim na Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto, os cinco servidores que atuavam na guarda de 768 presos no local só conseguiram se proteger. Eles não tinham estrutura necessária para conter a rebelião, na avaliação do sindicalista.

“Eles estavam com pouquíssimo armamento e munições velhas e estragadas. Enquanto isso, os presos tinham armas de primeira”, afirma.

De acordo com Maxuell Miranda, além dos presídios do Entorno, há possibilidade de motim na Penitenciária Odenir Guimarães (POG), uma das integrantes do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Ele destaca que, nessas unidades, “existem tensões muito grandes por parte dos presos e disputa entre facções. Devido ao baixo efetivo, os detentos sabem que podem fazer uma rebelião e vão conseguir fugir”.

Em entrevista coletiva na manhã de terça-feira (2/1), o superintendente executivo de Administração Penitenciária de Goiás, tenente-coronel Newton Castilho, admitiu a possibilidade de novas rebeliões e a existência de armas de fogo em poder de presos da POG. Segundo o gestor, essas situações estão sendo “monitoradas”.

Rebelião
A desordem em Aparecida de Goiânia ocorreu na tarde de segunda (1º/1). De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás (SSPAP-GO), presos do bloco C invadiram os blocos A, B e D. A motivação dos ataques seria uma rixa entre grupos criminosos. Nove detentos morreram – sendo dois decapitados e os demais carbonizados –, 14 ficaram feridos e cerca de 100 continuam foragidos.

O motim ocorreu exatamente um ano após a rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Na ocasião, mais de 60 detentos foram executados em um confronto entre as facções PCC e Família do Norte. O episódio deu início a uma crise penitenciária nacional, que culminou em rebeliões em Roraima e no Rio Grande do Norte, conforme o Metrópoles mostrou na reportagem especial As faces das chacinas no cárcere

Também no primeiro dia de 2018, as autoridades de Goiás registraram início de rebeliões em outras duas cidades do estado: Santa Helena e Rio Verde. Na terça-feira (2/1), dois servidores do sistema penitenciário foram assassinados a tiros em Anápolis (GO).

Durante entrevista coletiva nesta manhã, o superintendente executivo de Administração Penitenciária de Goiás, tenente-coronel Newton Castilho, afirmou que os três motins não têm qualquer relação: “Não foi estabelecido nenhum tipo de ligação entre as rebeliões ocorridas neste início do ano”.

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