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Em 2 meses de campanha, DF vacinou 6% de sua população contra a Covid

O DF aparece atrás apenas de SP, que tinha 7,12% da população tendo recebido a primeira dose até sexta; e do Amazonas, que imunizou 9,07%

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Vacinação na UBS 5 em Ceilândia
1 de 1 Vacinação na UBS 5 em Ceilândia - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Distrito Federal completou dois meses de campanha de vacinação contra o novo coronavírus nessa sexta-feira (19/3), com 6,33% da população vacinada com a primeira dose. Já os que receberam a segunda aplicação representam 2,25% dos brasilienses.

A vacinação contra a Covid-19 começou no Distrito Federal em 19 de janeiro. Até a noite dessa sexta, Brasília registrou 193.359 vacinados com a primeira dose e 68.875 com a segunda. Para especialistas, os passos lentos da campanha, tanto na capital, como em todo o país, podem provocar uma série de problemas na contenção do vírus. É o que aponta a professora de imunologia da Universidade de Brasília (UnB) Anamélia Lorenzetti Bocca.

“A ação da imunização, óbvio que é induzir resposta imune no hospedeiro. Mas, em termos populacionais, tem a função de diminuir a circulação do vírus. Se a aplicação está lenta, o vírus vai circular livremente, vai estar sempre em contato com a resposta imunológica do paciente e arrumar mecanismos de escape. Para escapar dessa resposta imune, ele vai fazendo mutações, ficando mais eficiente para infectar pessoas”, diz ela.

Apesar do ritmo, segundo o portal Covid-19 no Brasil, mantido por voluntários a partir de informações oficiais, o DF é a terceira unidade da Federação que mais tem vacinado. Até essa sexta, o DF aparecia atrás apenas do estado de São Paulo, que tinha 7,12% da população tendo recebido a primeira dose; e do Amazonas, que fez a primeira aplicação de imunizante em 9,07% das pessoas do estado. A média nacional é 5,36%.

Conforme ressalta Anamélia, no momento, o limitante é a disponibilidade de doses. Uma vez que ainda não é possível realizar uma vacinação em massa, uma estratégia que poderia ser aplicada para reduzir a contaminação é a imunização de grupos que têm maior contato diário com diferentes pessoas.

“Não precisa vacinar 100% logo de cara. O que é preciso é fazer barreiras para o vírus não circular, vacinar pessoas que se relacionam com muitas pessoas, como motoristas de ônibus, caixas de supermercado, professores. Porque o pessoal da área de saúde já vai estar vacinado e, tirando eles, essas outras têm contato com grande número de pessoas e, estando imunizadas, também servem como barreira de transmissão”, explica a pós-graduada em imunologia.

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Efeitos da vacinação em idosos

Desde janeiro deste ano, as internações de idosos com 80 anos ou mais em unidades de terapia intensiva (UTIs) da rede pública do DF voltadas para a Covid-19 caíram 45%. Segundo levantamento da Secretaria de Saúde, no primeiro mês de 2021, 22 idosos dessa faixa etária ficaram internados com a doença na capital. Já em março, até o dia 16, foram 12.

No DF, idosos a partir de 80 anos começaram a ser imunizados contra o coronavírus em 1º de fevereiro. Porém, ainda constam no balanço da secretaria dados preliminares, e a pasta não dispõe dos números do segundo mês do ano para apontar uma queda mais exata nas internações desde o começo da vacinação.

“Os dados de janeiro e fevereiro ainda não estão fechados, pois o sistema atualiza a cada trimestre”, informou, em nota. “Os de março, por serem mais atuais, foram capturados manualmente. Quando os dados de fevereiro estiverem disponíveis no sistema, serão compilados”, acrescentou a pasta.

Apesar disso, na avaliação da Saúde, “os dados demonstram claramente a importância da aplicação da vacina contra a Covid-19”.

Além disso, as mortes causadas por Covid-19 nessa faixa etária também tiveram redução na capital. Segundo informações da secretaria, em janeiro, último mês sem imunização, foram 101 óbitos em decorrência do novo coronavírus entre octogenários ou cidadãos ainda mais velhos no DF. Em fevereiro, após o início da vacinação desse público, a quantidade caiu para 77.

A diminuição de 24% pode ser ainda maior neste mês de março, que registrou média de 2,4 mortes de idosos acima de 80 anos por dia até 10 de março, contra 2,75 falecimentos diários em fevereiro.

Aumento de internações de jovens

O balanço da Secretaria de Saúde mostra, ainda, que em relação às internações por Covid-19, a única faixa de idade em queda no DF é a de 80 anos ou mais. Enquanto isso, a ocupação atual de leitos públicos de UTI por jovens de até 24 anos é a maior desde o início da pandemia.

Em janeiro, apenas um jovem havia sido internado para tratar a doença em unidade de saúde pública do DF. Agora em março, a capital somava 29 pacientes nessa faixa etária em UTIs Covid.

Pessoas com idades entre 25 e 59 anos também têm ocupado mais as unidades de terapia intensiva por causa da doença. O número de internações na rede pública do DF chegou a dobrar neste período, passando de 76, em janeiro, para 152, em março.

O maior aumento foi nas hospitalizações da faixa etária de 60 a 74 anos, que cresceu 114%. Em janeiro, 63 pacientes com essas idades ocuparam leitos de UTI para tratamento do coronavírus. Já em março, são 135 até o momento.

Por último, houve leve incremento na ocupação de UTIs neste período por idosos com idades entre 75 e 79 anos. No primeiro mês de 2021, foram 17 pacientes. Atualmente, a rede pública soma 20.

Veja o gráfico completo:

Segundo analisa Christiane Braga, subsecretária de Planejamento da Secretaria de Saúde do DF, uma vez que há queda de internações apenas na faixa a partir de 80 anos mesmo neste pior momento da pandemia, os números refletem os efeitos positivos da vacinação.

“Essa queda em março caracteriza a ação da imunização em pacientes com essa faixa etária. E vemos ainda essa manutenção dos idosos acima de 70 anos. Na próxima semana a gente já vai conseguir observar mais esses idosos de 75 a 79 anos, que fecham a segunda dose”, assinala.

Na contramão, Christiane aponta que aquele grupo que está se expondo mais ao vírus, participando de aglomerações, tem ocupado mais as UTIs. “A gente tinha jovens internados, mas os números eram bem inferiores. Saímos de uma internação média de um, dois pacientes por mês, para 29”, diz.

“A vacinação, além de inibir o processo de internação, inibe a gravidade da doença. Aqueles pacientes não vacinados que estão internados não têm essa prévia da imunização e acabam mais suscetíveis ao agravamento da doença. No caso do vacinado, há uma redução desse agravamento, o que leva a uma taxa de letalidade com reflexo em cima disso”, enfatiza.

Poucas doses

De acordo com ela, o ritmo da campanha se deve à falta de doses. “Nós temos no Brasil uma das maiores redes de vacinação do planeta. Se tivéssemos recebido 250 milhões de doses, teríamos vacinado metade da população rapidamente. Mas, quando esse volume é em conta-gotas, por mais que a gente tenha condições, não conseguimos.”

Conforme Christiane, caso a secretaria receba uma maior quantidade mensal, que é esperada nos próximos meses, o DF deve vacinar toda a população até o final de 2021. “A vacina é o nosso ponto-chave. Se recebermos em quantidade ampla, com certeza vamos até dezembro vacinar toda a população”, afirma.

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