Brasilienses que viajam para brincar o Carnaval aderem à folia virtual

Para a professora Lucilene Dias, 56 anos, esta época do ano é tempo de pegar fantasias, colocar na mala, embarcar para Pernambuco e celebrar o Carnaval rodeada de amigos. Uma rotina que ela repete desde a década de 1990. A pandemia da Covid-19, contudo, frustrou os planos da educadora e de milhares de brasilienses, que, ano após ano, habituaram-se a trocar a capital da República pelas “capitais da folia” em todo o país. A educadora e outros apaixonados pelos festejos de Momo revelaram ao Metrópoles como vão driblar a tristeza pelo cancelamento dos eventos de Carnaval. E garantem: vai ter festa, só que virtual.

“Abro mão das férias, mas não do Carnaval. Não é só uma festa, trata-se de encontrar amigos, tem toda uma história por trás”, resume Lucilene. Naquele ano, sem conhecer bem a cultura do frevo e de “ferver” no calor das ladeiras de Olinda (PE), ela embarcou para a cidade histórica pernambucana para festejar o Carnaval com uma amiga. Não parou mais de ir – só não vai viajar neste 2021 pandêmico.  

“Nunca tinha ouvido frevo de Olinda. Depois, comecei a levar vários amigos para lá. Alugávamos casa, fazíamos festa. Em um ano, levei 15 pessoas do DF”, lembra. Com o tempo, o grupo virou um bloco, o Minhocão de Olinda (veja foto em destaque). “Desde então, fomos aumentando, até virar uma família que vai se renovando: atualmente, os frequentadores estão levando os filhos, e hoje é gente do país inteiro. Costumamos ir em 50 sempre”, completa a professora. 

“E lá se vão 20 e poucos anos… Sempre terminamos o Carnaval pensando no próximo. Sempre começamos a nos organizar no ano anterior e juntamos dinheiro pra alugar casa. Com a pandemia, vimos que não ia acontecer. Então, faremos uma live”, revela Lucilene. O desfile virtual do Minhocão de Olinda está marcado para as 19h de terça-feira (16/2) – um jeito de a turma cair na folia junta, mas protegida do novo coronavírus. 

 

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Lucilene Cordeiro, uma das fundadoras do Bloco Minhocão de Olinda

Lucilene no Carnaval 2020 Imagem cedida ao Metrópoles

Bloco Minhocão de Olinda

A educadora brasiliense com uma amiga: sem Olinda, o jeito é cair na folia on-line Imagem cedida ao Metrópoles

Bloco do Minhocão em Olinda

A turma começou pequena até se tornar um bloco de carnaval Imagem cedida ao Metrópoles

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Ao som do Camaleão

O grupo não é o único do DF a querer manter o espírito da festa. André Torres, 48, personal trainer, havia começado os preparativos para o Carnaval 2021 em março do ano passado. O profissional de educação física tem o costume de aproveitar a folia em Salvador há mais de 20 anos.

“Quem vai a primeira vez não para mais”, garante. Ele levou a esposa, que passou a ser companhia frequente. “Esse ano está sendo difícil. Estou pegando fotos antigas e ficando nostálgico”, conta.

André e a companheira ficarão em Brasília, mas a folia não passará em branco. Eles participarão da live oficial do cantor Bell Marques neste domingo (14/2), às 16h. “Por que esse horário? Porque é o horário que o Bloco do Camaleão desfila no percurso Barra-Ondina [o principal da capital baiana]”, explica o personal trainer.

André Torres, de Brasília, no Carnaval de Salvador

André em carnavais anteriores Material cedido ao Metrópoles

André Torres e a mulher no carnaval de Salvador

André e esposa com os tradicionais abadás da folia baiana Material cedido ao Metrópoles

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Não vai ter viagem internacional

Os planos da também professora Lydice da Rocha não passavam pelas capitais brasileiras da folia, mas ela estava empolgada para comemorar o 38º aniversário em clima de Carnaval, só que no exterior. Em novembro de 2020, a educadora fechou o pacote completo para uma viagem a Montevideo, no Uruguai, com hospedagem e passagens garantidas, ao lado de uma amiga.

A tensão foi se intensificando, porém, à medida que as fronteiras do Brasil com o país permaneciam fechadas. Ao ver que a situação não dava sinais de melhora, Lydice abriu mão da reserva nessa quarta-feira (10/2).

“Seria um ótimo escape, pois estou trabalhando com as aulas virtuais. Estava indo para passear, comemorar”, relata. “Tem muito tempo que não saio do país. Mas foi melhor assim. Ainda estou vendo o que fazer [para celebrar os 38 anos]”, acrescenta.

A indefinição não é à toa. Assim como outras cidades, Brasília não poderá fazer festas e eventos carnavalescos nem ter blocos nas ruas, por força de decreto do Governo do Distrito Federal. A norma permite que apenas bares e restaurantes funcionem, desde que cumpram regras contra a proliferação da Covid-19.

Daí a multiplicação dos eventos no formato on-line. Confira aqui a programação dos próximos dias e se jogue na folia virtual!