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Após prisões, postagem de suposto grupo terrorista zomba: “Erraram, estúpidos”

O bando é o mesmo que fez ameaças de possível atentado na posse do presidente, Jair Bolsonaro, na terça-feira (1°/1)

atualizado

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MARCELLO CASAL/AGÊNCIA BRASIL
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1 de 1 posse121 - Foto: MARCELLO CASAL/AGÊNCIA BRASIL

Dois dias depois de a polícia prender três homens suspeitos de integrarem um suposto grupo terrorista que reivindicou a confecção e o abandono de um artefato explosivo próximo ao Santuário Menino Jesus, em Brazlândia, o blog usado por integrantes da Sociedade Secreta Silvestre voltou a ser abastecido com postagens desafiando os investigadores. O bando é o mesmo que fez ameaças de possível atentado na posse do presidente, Jair Bolsonaro (PSL), conforme revelou o Metrópoles.

Intitulado Comunicado 71 ITS, o informe zomba da força-tarefa montada para capturar os autores das mensagens de ódio. “Erraram, estúpidos. Vemos indícios de insanidade mental na Polícia Federal e Civil por acreditarem que deteriam com tal facilidade os extremistas de ITS. Até hoje, nunca tocaram um só dedo em um dos nossos: a Sociedade Secreta Silvestre permanece livre e em tocaia”, diz um dos trechos.

Veja:

Conforme apurado pela reportagem, um dos presos em Alto Paraíso (GO) teria tripla nacionalidade e viajaria para o exterior com frequência. Todos foram detidos após a Justiça expedir mandados de prisão temporária. Logo após as detenções, o blog havia parado de ser atualizado. Mas as postagens voltaram nesta quinta (3/1).

O fato fez os investigadores acreditarem que o trio teria envolvimento com as ameaças. A investigação teve participação de setores de inteligência da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Na segunda-feira (31/12), agentes da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e da Polícia Federal já haviam cumprido sete ordens judiciais de busca e apreensão no DF, em Goiás e em São Paulo. Em Brasília, foram cumpridos dois mandados expedidos pela Justiça do Distrito Federal. Em um dos endereços, os investigadores encontraram um manual de como fazer bombas.

Ataque em Brazlândia
O caso envolvendo o suposto grupo terrorista, revelado pelo Metrópoles, começou logo após a madrugada do dia de Natal (25), quando uma pessoa que passava em frente ao Santuário Menino Jesus, em Brazlândia, estranhou a presença de uma mochila deixada ao lado da igreja e acionou a Polícia Militar.

A PM verificou que se tratava de um artefato explosivo e o Esquadrão Antibombas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi mobilizado. Depois de isolar as ruas próximas ao templo religioso, o material foi detonado por volta das 4h.

Segundo o Bope, o artefato tinha considerável poder de destruição. O dispositivo era formado por um cilindro de extintor de incêndio contendo pólvora e pregos, além de um detonador movimentado por um relógio. O suposto grupo extremista reivindicou a autoria do atentado.

“Nós reivindicamos o abandono de um explosivo de 5kg recheado de pregos e pólvora negra no Santuário Menino Jesus”, narrou texto publicado na internet.

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De acordo com o funcionário da igreja Jaime Francisco, 58 anos, uma missa foi realizada no templo no dia em que o artefato seria explodido. Conforme estimativa do colaborador do santuário, cerca de 1 mil pessoas participaram da cerimônia religiosa. No entanto, a ameaça aconteceu horas mais tarde.

“Já não tinha mais ninguém aqui. Foi após a missa, e o local estava fechado. Alguém viu a mala na rua e acionou a polícia”, disse.

As investigações conduzidas pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) chegaram ao site Maldição Ancestral, no qual o suposto grupo terrorista Sociedade Secreta Silvestre fazia uma série de ameaças que se estendiam ao presidente, Jair Bolsonaro, e a outros alvos, como a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o cardeal dom Sérgio da Rocha.

Em trechos de um texto publicado na internet, a suposta organização criminosa diz o seguinte: “Se a facada não foi suficiente para matar Bolsonaro, talvez ele venha a ter mais surpresas em algum outro momento, já que não somos os únicos a querer a sua cabeça”.

Como as ameaças envolviam autoridades federais, a PF, a Abin e órgãos ligados à Presidência da República foram acionados.

Intermediário
Após revelar a existência da suposta ameaça terrorista, a reportagem foi procurada na última sexta-feira de 2018 (28/12) por um intermediário do grupo – ele explicou em que consiste a organização e respondeu a 10 perguntas.

O homem, que se identificou como Pedro, encaminhou o texto via e-mail por um navegador impossível de ser rastreado, geralmente utilizado para trafegar na chamada deep web – a parte sombria da internet, composta por várias redes separadas que não conversam entre si.

Para garantir a veracidade das informações e confirmar que faz parte do suposto grupo terrorista, o representante da organização mandou um arquivo de vídeo mostrando detalhes da bomba deixada no Santuário Menino Jesus.

Pedro afirmou que a Sociedade Secreta Silvestre é responsável, desde 2016, por pelo menos seis ataques em território nacional. Entre eles, a explosão de uma panela de pressão carregada com pólvora e pregos ocorrida em frente ao shopping Conjunto Nacional, em 1º de agosto de 2016, na véspera das Olimpíadas do Rio de Janeiro.

No documento enviado, o homem ainda fez pouco caso das forças policiais: “Soubemos depois que tentaram nos buscar, mas a competência foi baixa e seguimos impunes e conspirando”.

No último domingo (30/12), o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, confirmou que as ameaças de atentado contra Jair Bolsonaro são reais. Durante o último ensaio geral da cerimônia de posse, o militar ressaltou: a preocupação das autoridades era com Bolsonaro e todas as pessoas que acompanhariam a solenidade nessa terça-feira (1°/1).

Apesar da preocupação e com um forte esquema de segurança, a cerimônia transcorreu sem incidentes.

De acordo com a Polícia Federal, as investigações sobre o suposto grupo terrorista prosseguem em segredo de Justiça. São apurados os crimes de associação criminosa, além de outros ilícitos que possam vir a ser identificados no decorrer das diligências.

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